Rebecca Obara escolheu estudar engenharia de produção na Unicamp sem um objetivo claro de carreira. Mas, sabendo que o curso era amplo, decidiu experimentar. Depois de trabalhar com vendas e também na área de marketing, conheceu a área de investimentos de impacto, durante um curso nos Estados Unidos. Logo se interessou pelo tema. Ao retornar para o Brasil, em 2013, procurou empresas nesse mercado e descobriu que essa é uma área ainda pequena no país. Foi quando encontrou a Vox Capital.
Ela explica em que um fundo de investimentos de impacto social difere do tradicional: “Nosso objetivo não é só comprar negócios de alta lucratividade, mas escolher aqueles que tenham um impacto positivo na sociedade”. A busca, segundo ela, é por empresas que pretendam oferecer produtos e serviços de qualidade pensando nas classes C, D e E.
A princípio, os investimentos são de 1 a 10 milhões (por meio de compra de ações) em empresas que já estão funcionando. Para startups, há a modalidade de “investimento semente”. Esse capital semente entra na empresa como dívida conversível, ou seja, um empréstimo que, se der certo, vira participação acionária.
Rebecca Obara [foto: Cecília Araújo]
Critérios de seleção na Vox Capital
Como o objetivo é manter o compromisso com o impacto social, o primeiro critério avaliado em uma empresa para que receba investimento é checar se ela leva benefícios para população de baixa renda, em educação, saúde, serviços financeiros ou moradia. Estas quatro áreas foram escolhidas pela Vox pensando nos principais problemas do Brasil.
“No caso de saúde, buscamos negócios que buscam melhorar atendimentos de hospitais, por exemplo. Em serviços financeiros, uma possibilidade são empresas que oferecem crédito para população que não tem acesso a ele. No setor de habitação, buscamos por quem facilite reformas para população. E em educação, produtos que facilitem o acesso ao aprendizado, por exemplo”, conta.
Espera-se que em até oito anos uma empresa investida esteja dando retorno o bastante para, então, ser vendida. Rebecca explica que, por esse motivo, o fundo não investe em organizações sem fins lucrativos. “A Vox deseja incentivar uma nova modalidade de negócios, que gere um impacto social abrangente, ao mesmo tempo em que são sustentáveis financeiramente”, diz.
Como a Vox é relativamente nova no mercado, ainda não passou por nenhum desinvestimento – ou seja, nenhuma empresa investida foi vendida até então. Mas a ideia é que depois de um período de cinco a seis anos, eles comecem a olhar os players e mapear possíveis compradores – que podem ser os fundadores da própria empresa em questão. “Estamos sempre de olho nas tendências de fusões e aquisições”, diz Rebecca.
Acompanhamento próximo
Para garantir um bom retorno financeiro para o investimento, a Vox faz também um acompanhamento dentro da organização investida. “Ficamos ao lado da empresa ao longo dos meses para expandir seu grau de impacto. Fazemos um plano de metas e ajudamos seus funcionários a chegarem a esses objetivos”, conta Rebecca.
A Vox possui poucas empresas no portfólio – são dez, incluindo os “sementes”. Isso permite que a equipe da Vox acompanhe de perto cada uma das empresas investidas. “Agregamos com contatos e auxílio na gestão, com aconselhamento e ajuda estratégica”, completa.
Um dos motivos pelos quais ela se apaixonou pela empresa é o ambiente de trabalho. “O perfil dos funcionários envolve proatividade e disposição. Todos fazem de tudo um pouco, tendo uma noção geral do negócio. Frequentemente marcamos reuniões para compartilhar conhecimentos”, diz Rebecca, reforçando a ideia de crescimento coletivo que a Vox aplica nos seus negócios.
Esta reportagem faz parte da seção Explore, que reúne uma série de conteúdos exclusivos sobre carreira em negócios. Nela, explicamos como funciona, como é na prática e como entrar em diversas indústrias e funções. Nosso objetivo é te dar algumas coordenadas para você ter uma ideia mais real do que vai encontrar no dia a dia de trabalho em diferentes setores e áreas de atuação.