A verdade sobre os rankings de MBA

Homem observa com lupa

Depois de 27 anos de experiência como consultor de admissões, cheguei à conclusão de que as diferenças entre os rankings disponíveis são tão grandiosas que os leitores deveriam analisar os critérios de ranqueamento antes de chegar a qualquer conclusão.

No entanto, não é tão fácil quebrar resistências e desafiar hábitos culturais profundamente arraigados, que incluem listas intermináveis ​​de rankings sobre quase todas as questões na Terra. A sociedade moderna consome fortemente listas “Top 10”, e programas de MBA não são exceção.

Respeitáveis publicações ​​como US News & World Report, Business Week-Bloomberg, Financial Times, Poets & Quants, The Economist, Forbes, e QS, investem esforços de pesquisa e recursos consideráveis ​​para desenvolver e publicar rankings anuais (ou bienais, em alguns casos) que supostamente lançam luz sobre a difícil questão “qual MBA”, avaliando grandes programas em todo o mundo e atribuindo-lhes uma classificação que é questionável, para dizer o mínimo.

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Sempre acompanhei de perto estes rankings e encontrei inconsistências, como por exemplo: Stanford GSB é, simultaneamente, avaliada como número 2, 7, 5, 1, 13 , 1, 1, dependendo da revista. O mesmo problema ocorre com Wharton (4, 5, 4, 3, 10, 7, 1), MIT (5, 4, 9, 7, 15, 9, 7), Chicago (2, 2, 8, 4, 1 , 6, 4), Kellogg (5, 3, 11, 6, 7, 3, 6), Columbia (10, 6, 6, 5, 12, 4, 5), e todas as outras escolas contempladas pelas pesquisas. Mesmo Harvard, que apresenta uma dispersão menor, varia entre a posição #1 e #4 entre os diferentes rankings.

Minha compilação abrange todas as escolas listadas como “Top 10” em qualquer um desses 7 rankings – em 2016, um total de 20 escolas pôde gabar-se deste status. Se um candidato decidir ser mais “seletivo” e escolher apenas as “Top 5”, vai encontrar 12 escolas. Mesmo aqueles que estabelecerem a meta de estudar no “melhor programa de MBA do mundo” terão que decidir entre 5 opções: Chicago, Harvard, Insead, Stanford e Wharton.

Rankings, portanto, deveriam ser vistos apenas como uma fonte adicional de informação (e não a principal), desde que os candidatos entendam a metodologia utilizada para construi-los e assim captem o que está sendo medido em cada publicação diferente.

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Por exemplo, o ranking da Business Week-Bloomberg dá um peso grande às entrevistas com os alunos de cada escola, enquanto a US News & World Report coloca mais ênfase em dados concretos, como GMAT, GPA, salários, e assim por diante. The Economist e Financial Times combinam as escolas norte-americanas e européias, colocando respectivamente Chicago Booth (EUA) e Insead (França) como os melhores programas de MBA do mundo.

Outros rankings populares tentam medir diferentes atributos: o MIT é a universidade número 1 no QS World University Rankings; o Babson College tem o melhor MBA com foco em Empreendedorismo no mundo, de acordo com os US News & World Report Specialty Rankings; nesse mesmo ranking por especialidade, Wharton é a primeira em Finanças, Kellogg é a primeira em Marketing, Harvard é a primeira em Administração Geral, Yale é a primeira em Non-Profit, MIT Sloan é a primeira em Supply Chain, Operações e Sistemas de Informação; e Texas-Austin é a primeira em Contabilidade. A lista de rankings é imensa e gera mais confusão do que certezas.

Face a esses argumentos, a maioria das pessoas hesitaria em utilizar tais números incongruentes como a única fonte para a tomada de decisão. Infelizmente, muitos candidatos não fazem uma análise tão racional sobre este assunto, optando por eleger um dos rankings acima como a verdade absoluta – e tomar decisões de impacto duradouro com base em tal ferramenta imprecisa.

Parte do nosso trabalho é revelar os problemas desta abordagem, estimulando os candidatos a usar rankings apenas como um ponto de partida. Mais importante, eles devem aprender o máximo possível sobre cada escola, combinando as ofertas de cursos e a cultura específica de cada escola, com a avaliação das suas próprias metas de carreira, habilidades, necessidades e aspirações. Para avaliar o que chamamos de “fit”, ou alinhamento entre o perfil da escola e do candidato, é muito importante falar com ex-alunos e, sempre que possível, visitar as escolas antes de tomar qualquer decisão.

Espero ter ajudado a esclarecer um pouco sobre o tema em pauta. Boa sorte com suas escolhas!

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Ricardo Betti é colunista do Estudar Fora, onde esse post foi originalmente publicado. Graduado em Medicina pela Universidade de São Paulo, realizou seu MBA pela MIT Sloan School of Management e é International Master Coach, certificado pelo Instituto Behavioral Coaching – Nova York. Sócio Diretor da MBA Empresarial, empresa de consultoria especializada em Recursos Humanos, apoia estudantes brasileiros em seu processo de preparação para o MBA e outros cursos de pós-graduação no exterior. Também é presidente do Conselho Consultivo do MIT & MIT Sloan Alumni Club do Brasil e co-fundador do AIGAC (Association of International Graduate Admissions Consultants).

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