Neste artigo, vamos abordar um assunto que é (ou pelo menos deveria ser) referência para dez entre dez empreendedores e startups. Vamos falar sobre aquele que é considerado o coração da era da tecnologia da informação, o epicentro de uma revolução que, desde os anos 1950, vem transformando hábitos e sobretudo mercados no mundo todo: o Vale do Silício.
Mas por que elaborar um artigo sobre o tema, sendo que uma rápida pesquisa na internet já traz uma quantidade infinita de informações? A ideia aqui é fechar o escopo e fazer um registro a partir do ponto de vista da Endeavor — ou seja, reunindo informações e aspectos sobre o Vale do Silício que podem ser relevantes para te inspirar a sonhar grande e incorporar essa cultura em sua empresa ou startup. E, de quebra, quem sabe também ajudar a elucidar aquelas curiosidades que você sempre teve, mas que nunca foi capaz de perguntar.
Na verdade, nós jamais deixamos de nos referir ao Vale do Silício. Não tem jeito. De tempos em tempos, todo mundo precisa se dirigir a Meca, e nós não somos exceção.
Contexto Comecemos com algumas coordenadas geográficas: o Vale do Silício está localizado no estado da Califórnia, ao sul da Baía de São Francisco. O próprio Vale é composto por várias cidades do estado, como Palo Alto, Santa Clara, San José, Campbell, Cupertino, Fremont, Los Altos, Los Gatos, Menlo Park e várias outras. Ali estão localizadas, como se sabe, várias das maiores empresas de tecnologia da informação, como Apple, Facebook, Google, NVidia, Electronic Arts, Adobe, Oracle, Symantec, etc, etc. Tudo isso coroado pela presença da Universidade de Stanford, uma das mais prestigiadas do mundo e o motor que embala as pesquisas de inovação no local.
Porém, assim como as gigantes que hoje lá se instalam, o Vale do Silício já foi, ele próprio, uma startup.
Sua origem remonta aos anos 1950, quando o local era totalmente diferente do que é hoje. É claro que o termo startup não existia então; mas o fato é que não havia empresas de tecnologia, não havia investidores, não havia quase nenhum estrangeiro, e muito menos pesquisadores em Stanford.
Os bandeirantes do Vale do Silício
Era este o cenário que William Shockley, Prêmio Nobel de Física e pesquisador da área de semicondutores (chips), encontrou quando resolveu lá fundar sua empresa. A opção pelo local se deu porque Shockley havia passado sua infância no Vale.
E, para constituir seu negócio, aproveitou a fama internacional recém granjeada pelo prêmio e recrutou oito jovens pesquisadores vindos de Nova York e Boston – os mais importantes centros tecnológicos de então.
Outro nome fundamental para o Vale é o de Frederick Terman. Como reitor de Stanford, incentivou, nos anos 1940 e 1950, professores e alunos graduados a iniciarem suas próprias empresas.
A empresa de Shockley não prosperou e acabou falindo. Ruim para Shockley, sem dúvida, mas ótimo para o futuro dos pesquisadores. Que, embora desempregados, permaneceram no Vale do Silício. Travaram, então, contato com um investidor e, em 1957, fundaram a Fairchild Semiconductor, pioneira na produção de circuitos integrados comercialmente disponíveis. Futuramente, dois daqueles pesquisadores, Robert Noyce e Gordon Moore, fundariam a Intel.
Pois bem, o fato é que, pouco tempo depois, a Fairchild realizou as primeiras vendas para a IBM, então uma gigante, e para o programa militar do Governo dos Estados Unidos. Já em meados dos anos 1960, a empresa faturava mais de US$ 20 milhões.
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Com nove mil empregados, a Fairchild Semiconductor existe até hoje, e seus oito empreendedores são também considerados os fundadores do Vale do Silício. À época, em apenas doze anos, a empresa gerou 31 spinoffs, ou seja, empreendimentos que surgiram a partir da própria Fairchild. E todas, com a exceção de duas, possuíam vínculos com um dos oito cofundadores.
E o resto é, literalmente, história. Isto, claro, de forma tremendamente resumida. A trajetória da formação do Vale do Silício é fascinante e, se você quiser conhecê-la melhor, recomendamos que leia o estudo realizado pela Endeavor Global sobre o tema.
Este artigo foi originalmente publicado em Endeavor