O lançamento de um produto ou serviço novo em qualquer setor envolve uma etapa extremamente importante – porque diz respeito à opinião dos prováveis consumidores: o da pesquisa de mercado. Mas seu uso não para por aí. “A jornada de pesquisa está presente em várias etapas do que acontece dentro das indústrias de bens de consumo, principalmente”, afirma Flávia Cruz, head de pesquisa de Marketing e partner da MindMiners, empresa de tecnologia especializada em pesquisa de mercado digital.
Desde o posicionamento de marca, lançamento de novos produtos e até, eventualmente, ao pós-lançamento, onde sua aplicação se relaciona à satisfação do cliente. “Está sempre em crescimento e cada vez gera mais relevância para o processo de tomada de decisão”, acrescenta ela.
A tecnologia trouxe mais agilidade, minimizando dificuldades em questões operacionais como o recrutamento de entrevistados. Além disso, gradativamente aumenta o número de informações acessíveis para análises. A própria MindMiners nasceu exatamente de uma necessidade de mais velocidade no processo. “Percebíamos que os clientes sentiam falta de ter insights acionáveis para tomada de decisão dentro de um prazo mais curto e preço mais acessível”, conta a partner.
Os dois campos de pesquisa
A pesquisa de mercado (ou marketing) é caracterizada, principalmente, por ir em busca de hábitos e comportamento dos consumidores em relação a produtos e/ou serviços, o que demanda um processo de coleta de dados personalizado. Esse levantamento se dá, geralmente, de duas formas: através de uma abordagem qualitativa ou quantitativa.
De um lado, a pesquisa qualitativa busca conhecer o público-alvo de uma forma mais profunda e comportamental. A quantitativa, por sua vez, ao trabalhar com amostras maiores, busca validar insights ou padrões já levantados previamente.”Esses dois tipos de pesquisa são complementares e muito eficientes quando associadas no levantamento de hábitos e padrões de comportamento”, diz a especialista.
Ainda há a modalidade com base em dados secundários. É a pesquisa que se apoia em dados que já existem, como os buscados em sites, plataformas, órgãos públicos, etc. Esse tipo é “mais usual quando está planejando abrir um negócio, para, por exemplo, entender o tamanho do mercado e a concorrência”, explica Flávia.
Enquanto a pesquisa de dados secundários pode ser feita por qualquer pessoa, a pesquisa de marketing, de estrutura qualitativa ou a quantitativa, exige profissional com conhecimento da área à frente dos estudos.
Como é o trabalho, na prática
A rotina no campo da pesquisa de mercado segue um processo bastante regular, segundo Flávia. Tudo começa com um briefing do cliente, a partir do qual a companhia trabalha para criar um questionário adequado, que contemple todos os pontos acordados. No fim, os profissionais “vão à campo”, recebem as informações e geram um relatório de análise dos resultados.
O dinamismo da área, no entanto, está em outros aspectos do trabalho, relacionados aos assuntos e às possibilidades que existem. Há, por exemplo, uma variedade de temas com as quais podem atuar com, inclusive, certa profundidade. “O pesquisador aprende muito com o cliente, entendendo cada vez mais do business como um todo – uma das características mais interessantes da profissão”, completa ela.
Além disso, a devolutiva para o cliente pode ser desenvolvida de diversas formas a fim de agregar o máximo de valor para o projeto. “Existe projeto em que a apresentação final para o cliente vira um workshop e conseguimos inserir ferramentas de cocriação nesse processo para fazer com que a pesquisa traga ainda mais aprendizado para o cliente final.”
Qual é o perfil para trabalhar com pesquisa de mercado
Profissionais das áreas de humanas costumam prevalecer dentro das empresas de pesquisa, afirma a head de pesquisa de Marketing. Isso porque costumam ser campos com mais relação ao entendimento do comportamento de um determinado segmento ou grupo, como o de Antropologia, de Ciências Políticas, Psicologia ou Sociologia. Geralmente, atuam principalmente na construção da pesquisa.
Em outra etapa do trabalho, de processamento de dados e inteligência artificial, é mais comum que profissionais estatísticos e de tecnologia se insiram no ramo.
“Não pode ser uma pessoa de muito julgamento. O profissional de pesquisa de mercado tem que conseguir falar de um determinado assunto sem colocar o peso da sua opinião”, afirma Flávia.
De forma geral, o perfil costuma ser muito orientado ao cliente, com proatividade e capacidade de ser autodidata “para ir aprendendo a cada projeto”.
“Tem que ser uma pessoa meio inconformada: ‘como eu posso inovar?’, ‘que perguntas posso fazer para extrair mais informações para que esse projeto seja cada vez mais rico?'”