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Nada de folga: ano sabático é chance de desenvolvimento focado e até mudança de carreira

tirar um ano sabático

Nem sempre dar uma pausa no trabalho significa tirar férias. É possível aproveitar o tempo para se dedicar a projetos pessoais, se desenvolver e até encontrar um novo rumo para a carreira, que foi o que aconteceu com Maria Isabel Mussnich Pedroso. Formada em Economia e atuando no mercado financeiro, foi só ao tirar um ano sabático (ou gap year) que Maria Isabel deu atenção a uma vocação que a acompanhou durante a vida. Agora, ela constrói uma trajetória em um ramo pelo qual é apaixonada.

Maria Isabel / Acervo pessoal

 

No início, a escolha de estudar Economia derivou do seu gosto pela Matemática e pela parte histórica, de contextualização. Com bolsa, fez mestrado em Princeton em Finanças e pôde ter experiências bem enriquecedoras de trabalho no ramo. O currículo extenso conta com empresas renomadas. Foi só depois de passar pelo banco JPMorgan, Unibanco, Itaú BBA, Pátria Investimentos e São Carlos Empreendimentos que precisou apertar o pause.

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O primeiro questionamento veio junto com a primeira gravidez: a rotina “insana” do mercado financeiro não se equilibrava bem com o intuito de ser uma mãe presente. Mas Maria Isabel conta que, em vez de tirar um ano sabático na ocasião, acabou aceitando um desafio novo de carreira – na São Carlos. No entanto, o mesmo problema voltou cerca de um ano depois. Dessa vez, acompanhado de “um desejo interno de fazer algo diferente”.

“Eu continuava muito angustiada porque eu não conseguia ser uma boa funcionária, porque a empresa exigia mais do que os meus horários me permitiam, e também não era uma boa mãe, porque ficava muito pouco com minha filha. Isso me incomodava muito.”

Por isso, decidiu que o ano de pausa era o que precisava para amadurecer a ideia (e se movimentar em direção aos novos objetivos). Após a experiência, tirar um ano sabático é o que ela aconselha para quem se sente na mesma situação. “Sem angústia, porque as melhores decisões não são tomadas no momento de angústia”, completa a economista. Acontece que seu timing acabou sendo ainda mais ideal porque ela descobriu que estava grávida pela segunda vez.

Na prática, como foi tirar um ano sabático – e o depois

Além de aproveitar a gestação, utilizou o ano para se preparar para a nova área, a Educação. Desde 2007 fazendo trabalhos voluntários de mentoria, na Fundação Estudar e como orientadora para jovens que queriam aplicar para estudar fora, Maria Isabel constatou que não só gostava de ensinar, como tinha aptidão.

“Mudar de ramo, de setor, não é do dia para a noite, porque você tem que ter um bom discurso, estudar, tem que saber se vender”, explica. O ano sabático, então, serviu para estudar, pesquisar e consolidar seu plano. Além disso, aproveitou o tempo para fazer networking. “Almoçava quase todo dia com uma pessoa diferente – pessoas que não eram nada óbvias, mas eu contava do meu momento de vida e cada um dava uma ideia”, lembra ela.

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“Depois desse ano eu me inscrevi em um curso, fiz estágio, fiz alguns trabalhos para o terceiro setor, comecei a trabalhar na Arredondar, que é uma ONG que tem um foco financeiro, mas está envolvida em educação”, conta. De primeira, tentou cursar Pedagogia, mas resolveu voltar para o seu interesse antigo e hoje faz Licenciatura em Matemática. O esforço é para se desenvolver como professora, função com que já atua e pela qual está “apaixonada”.

A nova rotina dá flexibilidade de estar com a família e outros privilégios: “estou aprendendo muita coisa como professora e o mais bacana disso tudo é que eu levo para casa”.

“Se não tivesse tirado o ano sabático, provavelmente não estaria fazendo nada disso”

Tendo as 12 horas de trabalho do passado, ela afirma que não conseguiria tirar o tempo para atividades estratégicas que a levaram a encontrar o novo caminho. Sem tempo, correria o risco de não amadurecer a vontade, gerando insegurança no futuro. “Como uma raiz que não se aprofundasse para debaixo da terra”, brinca Maria Isabel.  

Com 33 anos quando tirou o ano sabático, a economista conta que aprendeu que “nunca é tarde para recomeçar”, mas é preciso garra, determinação e foco para dar certo. Para ela, valeu a pena. “Eu realmente comecei a viver outro mundo que não conhecia”, afirma a professora.

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