A empatia tem sido apontada como uma das habilidades mais importantes a ser desenvolvida pelas pessoas, seja dentro do ambiente de trabalho ou na vida em geral. O termo é definido pelo filósofo australiano Roman Krznaric como achar a humanidade compartilhada, o que envolve fazer conexões inesperadas, sair da forma usual de pensar e falar, se preciso, superar barreiras. Mas o que muitas pessoas não sabem é que existem três tipos de empatia. Vamos conhecer melhor cada um!
Os diferentes tipos de empatia
Apesar de ser uma habilidade tão valorizada, parece que os brasileiros ainda não conseguiram desenvolvê-la muito bem. Um estudo de 2016 da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, colocou o Brasil na 51ª posição entre os países mais empáticos do mundo. No total, 63 nações foram avaliadas. Para entender como trabalhar melhor essa competência, é preciso entender seus diferentes aspectos e os diferentes tipos de empatia.
Dentro dos estudos da psicologia, neurociência e ciências do comportamento, a empatia é considerada um dos elementos da inteligência emocional. Os psicólogos Daniel Goleman e Paul Ekman, pesquisadores do tema, apontam a existência de três tipos de empatia. Confira os detalhes de cada um:
#1 Cognitiva: Entender o ponto de vista do outro
Se refere à ideia mais popular de empatia, relacionada a se colocar no lugar do outro. É a capacidade de entender os sentimentos de outra pessoa e o que ela pode estar pensando. Também pode ser chamada de tomada de perspectiva e é útil para negociações ou motivar outras pessoas. Esse tipo de empatia também é muito eficaz para desenvolver bons comunicadores porque a percepção dos outros ajuda as pessoas a buscarem maneiras mais eficientes de transmitir suas mensagens.
#2 Emocional: Compartilhar os sentimentos do outro
Também chamada de empatia afetiva, envolve compartilhar sentimentos com outra pessoa criando uma conexão emocional. Paul Ekman define esse tipo como uma sensação de contágio emocional, onde se sente fisicamente com a outra pessoa. Como o próprio explica, a empatia emocional torna alguém sintonizado com o mundo emocional interno de outra pessoa, sendo um dos tipos de empatia muitas vezes mais difíceis de ser desenvolvido, pois envolve autoconhecimento e autorregulação emocional.
#3 Compassiva: Perceber que o outro precisa de ajuda e se colocar à disposição
No último tipo de empatia, o entendimento e a conexão se desenvolve para ação. Depois de entender a situação de alguém e compartilhar os sentimentos, os empáticos se veem motivados a ajudar. Esse tipo de empatia também é chamada de preocupação empática.
Por quê separar as empatias?
Observando os tipos de empatia, é possível observar que existe uma evolução do processo empático. Primeiro, se identifica como o outro se sente, depois se sente com ele e, por fim, se oferece ajuda, se necessário. Sem compreender exatamente os sentimentos da outra pessoa, não é possível evoluir para os demais tipos de empatia. Estagnar no primeiro ou segundo tipo também não é efetivo, porque não completa o processo empático e não oferece apoio real ao outro que está se abrindo.
A empatia cognitiva pode frequentemente ser considerada sub-emocional, ou seja, não conter sentimento suficiente. Isso porque a pessoa não está sentindo, apenas fazendo uma análise lógica das emoções do outro. Já a empatia emocional é excessivamente emotiva. A empatia compassiva oferece um ponto de equilíbrio entre lógica e emoção, mas não pode ser atingida sem as etapas anteriores.
Esse processo permite que a pessoa empática consiga sentir a dor do outro, como se estivesse acontecendo com ele mesmo, ao mesmo tempo que permanece no controle das próprias emoções, o que consequentemente o possibilita a tomar boas decisões e oferecer a ajuda necessária às pessoas com quem está interagindo.
Desenvolvendo empatia
Para desenvolver os três tipos de empatia, a pesquisadora e especialista Brené Brown afirma que é preciso muito prática, tanto oferecendo empatia como recebendo. Ela aponta que, ao receber empatia, é possível compreender os benefícios e a importância de ser ouvido e aceito, mas também entender a força e a coragem necessárias para ser vulnerável e compartilhar a necessidade de empatia em primeiro lugar. Além disso, ela cita quatro atributos da empatia:
#1 Tomada de perspectiva: Ou seja, estar disposto a ver o mundo através dos olhos do outro, abrindo mão das próprias visões.
#2 Não julgar: Se abster de comentários que invalidam a experiência do outro ou o fazem se sentir errado, como “isso não é nada” ou “não sei por que você está tão chateado com isso”.
#3 Reconhecer emoções: Olhar dentro de si e lembrar como é ter a sensação que a outra pessoa está sentindo.
#4 Comunicação: Ao invés de tentar trazer um lado positivo da situação, mostre que entende o que o outro está passando e valide o sentimento e a experiência dele. Frases recomendadas são “sinto muito que você esteja sofrendo. Já passei por isso e é horrível” ou “parece uma situação complicada, me conte mais sobre isso”.
Colocando essas quatro ferramentas em prática, é possível criar um processo empático e aplicar com sucesso os diferentes tipos de empatia.