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Negócios inovadores: Tesla – na contramão das grandes corporações, dá autonomia e é contra reuniões

escritório da tesla

A Tesla nasceu com o objetivo de produzir carros elétricos por meio de energia sustentável, com design arrojado e excelente desempenho. Em 2004, os engenheiros Martin Eberhard e Mark Tarpenning ousaram apostar na ideia de carros elétricos, já que as grandes montadoras já consolidadas não mantinham investimentos no segmento.

Ousadia é um adjetivo comum à empresa cuja maior bandeira da Tesla é fazer uma revolução de energias sustentáveis no planeta. A Tesla aposta e busca a sustentabilidade e tem investido – muito – nos últimos anos na produção de baterias de longa duração, de dispositivos captadores de energia solar para abastecer carros, casas e até empresas.

Em 2017 superou a General Motors e a Ford e foi considerada a montadora mais valiosa do mercado nos Estados Unidos, chegando ao valor de 50,8 bilhões de dólares. Hoje, é comandada pelo excêntrico empresário bilionário Elon Musk, cuja fortuna foi avaliada em 23,6 bilhões de dólares.

Quem é Elon Musk?

Vamos falar da história de uma figura que é diretamente relacionada à empresa: Elon Musk. Ele foi CEO da Paypal até o ano 2000 e em 2002 fundou a companhia de foguetes espaciais SpaceX.

Elon Musk investe seu dinheiro em tecnologias, basicamente. Além do seu histórico e da própria Tesla, ele visa a explorar outros planetas – visando a construir uma cápsula para levar humanos a Marte – por meio da sua empresa de foguetes. Após investir na Tesla, aproximou-se cada vez mais dela e acabou assumindo o controle da empresa em 2008, durante a crise financeira mundial.

Apesar de hoje a Tesla ser conhecida por estar sob o comando do excêntrico empresário sul-africano, seu primeiro contato com ela foi ao investir 7,5 milhões de dólares nela em 2005. Assim, tornou-se presidente do conselho da companhia; não participava de decisões diárias, mas opinava mais do que o normal para os conselheiros.

Em outubro de 2008, Elon Musk assume a empresa como CEO. Quanto aos fundadores: Martin Eberhard foi rebaixado na empresa e saiu em 2008 – e não foi tranquilamente, pois processou Musk por difamação, alegando que havia tirado créditos seus na criação do primeiro carro da Tesla (o processo acabou em um acordo). Mark Tarpenning seguiu o amigo e saiu da empresa logo depois, mas sem brigas.

Elon Musk: os desafios de ser um empresário pioneiro (e sem salário)

A Tesla pós-Elon Musk

Nos anos seguintes, a Tesla foi criando tecnologias a fim de tirar do papel o primeiro carro elétrico da companhia. Todas as tecnologias são criadas dentro da própria empresa – o que além de ser uma economia, demonstra que nunca estão satisfeitos com o que o mercado oferece e querem sempre criar algo melhor.

O Roadster foi lançado em 2007 e foi o primeiro carro da Tesla, montado pela Lotus. Em junho do mesmo ano lançaram o Motor S, primeiro sedan feito do início ao fim para ser um carro elétrico; foi um sucesso na Noruega e tornou-se o segundo carro elétrico mais vendido no mundo na época.

Um fato importante sobre a Tesla é que todas as suas produções foram em escala visivelmente menor do que a adotada por grandes montadoras. Para ter uma ideia: em 2017, as vendas do Model S cresceram 30% na Europa, chegando a 16.132 carros vendidos. Nos EUA, o Model S foi campeão de vendas com 28.800 vendas. Os números das grandes montadoras no país são assustadoramente maiores: a Ford vendeu cerca de 6,7 milhões de veículos em 2016 e a GM, que entregou cerca de 10 milhões. No mesmo ano, a Tesla vendeu 76.230 carros.

Mas, como a Tesla é inovadora, ganha dinheiro e produz pouco? O negócio da Tesla é completamente ligado à inovação, mas é também muito exclusivo. As pessoas que compram carros de luxo e elétricos ainda não estão nos “milhões”. Por mais que o negócio ande, é aos poucos. Durante a crise financeira em 2008, a empresa teve sérios problemas financeiros, mas conseguiu se reerguer. E aí nasce uma nova fase.

A organização da empresa e a não-hierarquia sugerida por Elon Musk

Como qualquer empresa de tecnologia, a empresa é dividida em áreas, tais como desenvolvimento de tecnologias, design, administração e gestão, entre outras. Também como qualquer empresa grande, há cargos e hierarquia na Tesla. Porém, o  ambiente que Musk visa a criar é de autonomia. Ele não é favorável à hierarquia que leva a burocracias, que, segundo ele, causam um “telefone sem fio” em que as informações se perdem ou são deturpadas e, portanto, leva-se mais tempo para chegar a um resultado final satisfatório.

E, diferentemente de outras empresas de tecnologias, que têm uma série de jargões, gírias e siglas próprias, Musk não gosta dessa ideia. Por mais que essa prática possa auxiliar a comunicação entre departamentos, ele é categórico ao afirmar que os funcionários não devem trabalhar tendo sua área em mente, mas sim em benefício de toda a companhia – e essas siglas podem atrapalhar a comunicação dentro dela própria.

A estrutura organizacional da Tesla visa a, cada vez mais, empoderar seus funcionários para que tomem decisões da melhor maneira, sejam autônomos e donos das suas próprias responsabilidades e funções. “Qualquer um na Tesla pode e deve enviar um e-mail ou conversar com qualquer pessoa de acordo com o que pensam ser a maneira mais ágil de resolver um problema em benefício de toda a empresa”, fala o CEO. Visa a criar um fluxo livre de informações entre as áreas e os funcionários.

Em e-mail que enviou diretamente aos funcionários explicando o atraso no lançamento de um carro em 2018, o CEO inclusive dá conselhos e dicas para que o andamento da empresa seja ainda melhor. A primeira dica é sobre reuniões: a não ser que seja explícito o valor que causará, é melhor evitar. Segundo Musk, essa é uma das grandes pragas das grandes empresas. Além de não indicar reuniões excessivas, também acha prejudicial que sejam muito longas e prolixas. Recomenda aos funcionários: não participe de reuniões demais; e, se estiver em uma que não está agregando valor ao seu trabalho, saia. Não é rude sair, é rude fazer alguém ficar perdendo tempo”.

O sonho da Tesla: a revolução energética

Após a oferta pública de ações da Tesla – quando as pessoas passam a poder comprar fragmentos da empresa por meio de ações -, ela abre sua principal fábrica em Freemont, na Califórnia. Começam a instalar estações de carga para os carros de uma costa a outra dos Estados Unidos. A partir daí, a empresa não mais inova apenas no que se refere a carros e à forma com que eles se relacionam com a vida e o mundo.

Elon Musk dá um passo a mais para sua sonhada revolução energética: cria uma fábrica para a produção de baterias para carros e instalações domésticas, o que possibilitará a diminuição dos custos da empresa e de seus produtos. Centralizar e apropriar a criação das baterias irá evitar o desperdício e, em termos práticos, diminuir um terço do custo delas até 2020 – para o Model 3, carro idealizado para ter preço mais acessível e, assim, ter mais compradores de carros elétricos e menos poluição sendo gerada. Além disso, visam a criar – e já estão criando – baterias de uso doméstico, para abastecer os carros e as próprias residências, funcionando como um gerador; a mesma tecnologia, com proporções maiores, será criada para empresas também.

A fábrica de energia da Tesla, chamada de Gigafábrica, fica em Nevada, nos EUA, que ocupa o total de 51 hectares – o que é 7 hectares maior do que o Vaticano, terá o formato de um diamante para causar um impacto ambiental menor e terá capacidade de gerar toda a energia que precisará para funcionar, uma vez que todo o seu teto será coberto por placas solares – e a indústria tem 1,3km². Esse é o olhar da empresa: para o futuro, para a sustentabilidade e, quem sabe, para carros elétricos mais acessíveis.

 

Esta matéria pertence à série de textos sobre negócios inovadores. Confira o segundo, sobre o Nubank.

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