TAM na prática: por dentro da oficina de aviões da companhia em São Paulo

nuvem espelhado em um predio

Quem costuma viajar de avião no Brasil muito provavelmente já voou de TAM. O que pouca gente tem a oportunidade de conhecer é a estrutura que garante a segurança dessas aeronaves e o local onde trabalham os funcionários que tomam as decisões mais importantes da companhia. EXAME.com esteve nas oficinas de manutenção e na sede da empresa, em São Paulo, e conta um pouquinho desse processo.

Assista ao bate-papo com Claudia Sender, presidente da TAM Linhas Aéreas

Ao todo, a TAM possui cerca de 28.000 funcionários e realiza 800 voos diários. Seus aviões partem para 42 destinos dentro do Brasil e 20 internacionais. Já o grupo LATAM (originado após a fusão entre a brasileira e a chilena Lan em 2012) tem 53.000 empregados transporta passageiros para 135 destinos em 22 países e cargas para 134 destinos em 23 países. A LATAM realiza 1.500 voos diários e possui uma frota de 338 aeronaves. Em termos de malha aérea, é o maior grupo de companhias aéreas da América Latina. Conheça mais sobre a companhia:

O hangar da TAM

O Hangar 2 da TAM fica ao lado do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e tem uma área de cerca de 17.000 metros quadrados, sendo 5.500 ocupados pelas oficinas e setores técnicos de engenharia. Lá ficam ainda as áreas de suprimento e algumas seções administrativas.

Ao todo, 1.305 funcionários trabalham no local. Nas oficinas, mais especificamente, trabalham cerca de 300 pessoas. Delas, aproximadamente 90 são engenheiros e mecânicos que trabalham em pequenos reparos e na liberação dos aviões na pista.

Manutenção constante

Mensalmente, todos os aviões da companhia aérea são submetidos algum tipo de manutenção. Entre esses reparos, 87% são preventivos, como troca de óleo, inspeções e testes, de acordo com a empresa. Os outros 13% nem sempre são relacionados a falhas que comprometem os voos, pois os sistemas das aeronaves são redundantes (ou seja: têm mais de um equipamento para executar uma mesma função). Segundo a empresa, só 1% dos atrasos de seus voos é causado por problemas técnicos.

A revisão de aviões é obrigatória e regulamentada pela ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil). Todo o processo é auditado pelo órgão. O plano de manutenção de uma aeronave é aprovado junto com o projeto de sua construção, conforme explica o diretor de manutenção da TAM, Sérgio Novato. O Hangar 2, em São Paulo, tem capacidade para receber até 12 aviões simultaneamente.

Tudo registrado

Todos os reparos ou troca de peças feitos em um avião são registados e podem sofrer auditoria. Todas as aeronaves da TAM passam por checagens a cada 48 horas, mesmo que não tenha sido identificado nenhum problema. Há ainda outras manutenções feitas a cada semana ou mês.

Quando um avião completa dois anos, ele passa por um “check-up total” em que é praticamente desmontado e pode ficar vários dias fora de circulação. Esse processo é feito em uma oficina especializada da TAM localizada em São Carlos, no interior de São Paulo. Ela recebe aviões de companhias aéreas de 7 países. “Para segurança não existe meta. Isso é uma obrigação, temos que seguir o que está nos manuais”, afirma Novato.

42 oficinas pelo país

Ao todo, a TAM possui 42 oficinas no Brasil. A de Congonhas é a principal delas. Para lá, são enviados os aviões que fazem voos domésticos e peças de modelos maiores. Entretanto, as aeronaves de voos internacionais são consertadas em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. Já os aviões da LAN passam por manutenção nas cidades de Guarulhos e Rio de Janeiro.

Em tempo real

Junto das oficinas, fica o centro de controle e manutenção (MCC na sigla em inglês), que tem acesso em tempo real a todos os sistemas dos aviões e a dados dos fabricantes. O MCC pode, em tempo real, identificar qualquer falha ou alteração nas aeronaves (até mesmo as que não aparecem para o piloto).

O grupo de técnicos e engenheiros que trabalha no setor é capaz de corrigir remotamente alguns desses problemas. É também o MCC que repassa às oficinas informações sobre os ajustes necessários em cada avião. O centro funciona 24 horas por dia. Na foto, cada quadradinho colorido nos computadores centrais representa uma localidade onde está um avião.

Os motores

A TAM não conserta motores de aviões em suas oficinas. Só os fabricantes é que podem fazer esse serviço. No Brasil, existe apenas uma oficina que realiza esses reparos, a da Celma GE, em Petrópolis (RJ). Motores de outras marcas são encaminhadas pela TAM a oficinas que ficam em outros países.

Porém, desmontar o motor de um avião é uma tarefa complexa. Antes de enviá-lo ao fabricante, é preciso retirar outras peças (detalhe na foto) que fazem parte de sua estrutura. É isso o que é feito na oficina de motores da TAM, no Hangar 2. Quando o motor volta da manutenção, essas peças reinstaladas.

Tempo e custo

O processo de retirada ou instalação de todas as peças do motor leva de três a quatro dias. Depois de montado, gasta-se de quatro a cinco horas para colocá-lo de volta, no caso de motores de aeronaves de menor porte.

Para modelos maiores, leva-se de 16 a 17 horas. Em média, um motor inteiro custa 8 milhões de dólares. As peças acopladas a ele, isoladas, 2 milhões. Só as hélices de um motor menor chegam a custar 20 mil dólares cada uma. Para modelos maiores, o valor pode dobrar.

Trens de pouso

Os trens de pouso dos aviões são trocados e inspecionados a cada 10 anos ou 20 mil decolagens. Quando são atingidas 60 mil decolagens, a peça é descartada. Para se tornar um mecânico capaz de responder pela manutenção de um avião, o profissional leva de sete a oito anos e meio.

Ele faz cursos e testes teóricos e trabalha como auxiliar antes de se formar. Além disso, é necessário passar por treinamentos específicos para cada modelo de aeronave. Os treinamentos são renovados a cada dois anos.

Oficina de rodas

Os pneus de um avião precisam ser trocados a cada 300 pousos, segundo Sérgio Novato. Os menores, que ficam no “nariz” da aeronave, duram 150. Na oficina do Hangar 2 são reparadas em média 50 rodas de avião a cada dia de trabalho. São trocados pneus desgastados e verificadas as condições da roda. A oficina recebe rodas de todos os aviões da frota da TAM.

Troca de pneus

Depois que os pneus usados são retirados das rodas, elas passam por uma lavagem e por um aparelho que, por meio de ondas elétricas, consegue identificar rachaduras invisíveis aos olhos. Se a roda estiver com algum problema, é encaminhada para outra oficina da TAM, em São Carlos, que verifica se é possível repará-la ou se ela precisará ser devolvida ao fabricante. Quando a peça chega à oficina pela sexta vez, é encaminhada diretamente para São Carlos, para ser analisada e pintada novamente.

250 libras de ar

Os pneus novos são instalados em rodas que já passaram por manutenção. As câmaras de ar são enchidas dentro de uma caixa metálica (foto) para prevenir possíveis acidentes e explosões causadas pela alta pressão a que elas são submetidas. Para se ter uma ideia, o pneu de um carro comporta, em média, 30 libras de ar. O de um avião, 250 libras.

Depois de cheios, os pneus descansam por 24 horas e é feita uma nova checagem da pressão, por questões de segurança. Se ela variar mais do que 5% nesse período, ele é desmontado e todo o processo é reiniciado.

Ambiente aberto

A sede administrativa da TAM, que fica no Brooklin, ocupa 4.200 metros quadrados, distribuídos em três andares. Lá, trabalham 525 funcionários. Em geral, o ambiente da empresa é aberto, sem paredes.

“Isso facilita a proximidade e a interação entre as pessoas, com ganhos de eficiência em termos de comunicação e alinhamento para a tomada de decisões e a troca de ideias”, diz Gislaine Rossetti, diretora de relações institucionais e sustentabilidade da TAM Linhas Aéreas. As baias entre os funcionários são baixas e funcionam como lousa, o que também facilita a comunicação entre a equipe.

Salas, só para a diretoria

Os diretores da companhia têm salas próprias. Ao todo, são 31 espaços exclusivos para os executivos de alta gestão. Além disso, há 18 salas de reunião equipadas com dispositivos de projeção e teleconferência. Há ainda uma sala para encontros do conselho administrativo da empresa.

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