A inteligência emocional é considerada uma das habilidades mais relevantes para o mercado de trabalho do futuro. O modelo do psicólogo Daniel Goleman separa essa competência em cinco pilares, sendo um deles a empatia. Essa vertente têm grande peso porque determina como os profissionais se relacionam com os outros, enquanto as demais são mais intrínsecas. Contudo, muitas pessoas não sabem a diferença entre empatia e simpatia, ou simplesmente confundem os conceitos. Entender essas particularidades é essencial para desenvolver, de fato, a inteligência emocional.
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Então, qual é a diferença entre empatia e simpatia?
Ainda que ambos sejam considerados sentimentos positivos, a empatia e simpatia se comportam de maneiras distintas. Principalmente quando se está lidando com outras pessoas, a diferença de resposta se torna maior. Pesquisadora do tema, Brené Brown afirma que empatia é uma habilidade que pode unir as pessoas e fazer com que se sintam incluídas, enquanto a simpatia cria uma dinâmica de poder desigual e pode levar a mais isolamento e desconexão.
Ela complementa que esse é um resultado infeliz, uma vez que a simpatia geralmente vem de um lugar de preocupação e carinho. De forma geral, isso ocorre porque simpatia se traduz em um sentimento de pena por alguém, sem criar uma real identificação com a dor do outro, enquanto a empatia envolve compreender essa dor por meio da conexão emocional. Para ficar mais claro, veja a distinção:
Simpatia
É traduzido como um sentimento de companheirismo, relacionado ao cuidado ou preocupação com alguém. Geralmente pode ser expressado por meio de tristeza, pena ou compaixão por outra pessoa que se gostaria de ver melhor ou mais feliz. Um exemplo no qual a simpatia costuma aparecer é quando ocorre uma morte na família de alguém. As pessoas podem ficar tristes pelos familiares e desejarem que eles se sintam melhor, demonstrando assim a simpatia.
Ou seja, o sofrimento do outro é reconhecido mas não há uma experiência de emoção compartilhada, como seria no caso da empatia. É possível simpatizar com algo, mas não ter empatia caso não se tenha vivido algo similar. “Deve ser horrível passar por situação assim”, é um exemplo de frase que demonstra simpatia. Expressões como “Mas pelo menos você não…” ou tentar mostrar um lado positivo também são indicativas de simpatia. Mesmo com boas intenções, a pessoa não entende o ponto de vista do outro e não sente o sofrimento com ele, como aconteceria com a empatia.
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Empatia
Já a empatia envolve, além do reconhecido do sofrimento, a capacidade de se colocar no lugar do outro e compreender seus sentimentos. Ou seja, depende de uma identificação e conexão emocional que passa por compartilhar emoções e sentir a motivação de ajudar. Brené Brown avalia que praticar a empatia é desafiante porque exige que a pessoa se lembre ou reflita sobre sentimentos que costumam incomodar, como frustração, nervosismo e confusão.
Para sentir empatia, é preciso ter pelo menos algum conhecimento do que uma pessoa está passando, relacionando com situações que o próprio indivíduo já tenha enfrentado. Escolher ser empático ao invés de simpático é recompensador no longo prazo, segundo a pesquisadora. Ela explica que quando as pessoas estão enfrentando um desafio ou lidando com uma situação difícil, não estão procurando uma resposta mágica que vai fazer tudo ficar bem. O que elas querem é alguém que os ajude a sentir que não estão sozinhos para resolver o problema. Isso só é possível com a conexão que é trabalhada na empatia.
Desenvolvendo empatia
Ainda que a empatia e a simpatia sejam ambos sentimentos positivos, a empatia gera uma relação mais profunda com as outras pessoas e demanda mais prática. Para desenvolver essa habilidade, Brené Brown afirma que é preciso começar oferecendo e recebendo empatia. Somente assim é possível compreender os benefícios e a importância de ser ouvido e aceito, mas também entender a força e a coragem necessárias para ser vulnerável e compartilhar a necessidade de empatia em primeiro lugar.
Além disso, ela cita quatro atributos da empatia:
#1 Tomada de perspectiva: Ou seja, estar disposto a ver o mundo através dos olhos do outro, abrindo mão das próprias visões.
#2 Não julgar: Se abster de comentários que invalidam a experiência do outro ou o fazem se sentir errado, como “isso não é nada” ou “não sei por que você está tão chateado com isso”.
#3 Reconhecer emoções: Olhar dentro de si e lembrar como é ter a sensação que a outra pessoa está sentindo.
#4 Comunicação: Ao invés de tentar trazer um lado positivo da situação, mostre que entende o que o outro está passando e valide o sentimento e a experiência dele. Frases recomendadas são “sinto muito que você esteja sofrendo. Já passei por isso e é horrível” ou “parece uma situação complicada, me conte mais sobre isso”.
Colocando essas quatro ferramentas em prática, é possível criar um processo empático e formar com sucesso uma conexão emocional baseada na empatia.