Para a carreira, é bastante importante manter um currículo atualizado com todos suas experiências relevantes e bem-sucedidas, certo? As vivências “mal-sucedidas”, no entanto, não costumam receber a mesma atenção. Segundo o New York Times, no entanto, o ideal é também se esforçar para descrever as frustrações na vida profissional e acadêmica no mesmo formato, o que eles chamam de currículo de fracassos.
A prática não é novidade para alguns especialistas – principalmente acadêmicos e cientistas, alguns entrevistados pelo jornal – e confere benefícios valiosos para o desenvolvimento. A ideia é que acompanhar suas falhas, conscientemente prestar atenção a elas e refletir sobre cada uma de maneira construtiva faz com que se aprenda muito mais facilmente. Consequentemente, mais evolução e maior seu potencial – tanto de crescimento e de não cometer os mesmos erros, quanto de ter mais resiliência em relação a próximos.
Por que descrever as suas maiores falhas (literalmente) é benéfico?
É fato que os aprendizados que vêm de das falhas é enorme, algo que se potencializa quando refletimos sobre as experiências (e eventuais erros).
Por isso, as vantagens do currículo de fracassos se estendem desde o processo de produzi-lo, o que, por si só, promove certa dose de reflexão.
Além disso, fazer e e conferir esse documento de outros evidencia algo que frequente é esquecido durante a rotina e a busca por alcançar objetivos: o caminho para o sucesso não é único e não é uma linha reta.
O New York Times relata a opinião da escritora Oset Babur, que aderiu à prática de retratar suas principais “derrotas” (inclusive, publicamente):
“Para transformar até mesmo nossos fracassos mais públicos em vantagens, precisamos ser críticos, conscientes, honestos e, o mais importante, gentis sobre o que deu errado.”
O maior impacto que ela viu em publicar e encarar de frente esses fatos foi a trazer à tona o que, normalmente, seria um “monólogo interno muito duro” com alto potencial de impedir o progresso.
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Como fazer seu currículo de fracassos
Você pode fazer o seu currículo de fracassos no computador, publicá-lo na internet, ou se ater aos meios mais tradicionais, como um diário.
Não importa o formato de sua escolha, a receita é simples. Faça uma lista dos seus fracassos – seja cursos e empregos que lhe rejeitaram, projetos que fracassaram ou metas que não conseguiu atingir.
É importante não se debruçar sobre cada um dos erros por horas, de acordo com Melanie Stefan, professora da Edinburgh Medical School que inspirou vários acadêmicos a criar seus próprios currículos de falhas alguns anos atrás, como reporta o jornal americano.
No seu próprio documento, ela destaca os programas de pós-graduação em que entrou, o feedback duro de um antigo chefe e até mesmo as rejeições que recebeu, entre outras vivências.
Ela escreve: “Meu Chefe anterior me disse que este seria o fim da minha carreira acadêmica” e “O único programa de doutorado em que eu fui admitida”, por exemplo. “Eu tento ser mais compassiva, usar uma linguagem que não seja tão áspera”, disse Babur.
Alguns exemplos para ler e se inspirar
Inspire-se em pessoas que fizeram um currículo de fracassos – e deixaram-no aberto ao público, de forma que o enfrentamento das falhas passadas se dá de um jeito ainda mais radical e os fatos, em si, mais passíveis de escrutínio por parte de terceiros. Coragem que pode ser valiosa.
#1 De Melanie Stefan, professora da Edinburgh Medical School:
http://melaniestefan.net/Mela_24Nov2017.pdf
#2 De Johannes Haushofer, professor da Universidade de Princeton:
http://www.princeton.edu/haushofer/Johannes_Haushofer_CV_of_Failures.pdf
#3 De Sara Rywe, consultora de gestão:
http://docs.wixstatic.com/ugd/c7aa4c_3a2e4c59b5614a5188e19e858475dcab.pdf
#4 Este não foi exatamente Elon Musk que fez, mas o blog Kickresume lançou uma coletânea dos insucessos do empreendedor:
https://blog.kickresume.com/2017/04/18/elon-musks-resume-of-failures/