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As universidades brasileiras apoiam o empreendedorismo? Veja o que alunos e professores pensam

Empreendedorismo nas universidades brasileiras

Em 2008, Filipe Salvini, estudante de sistemas de informação da PUC-Rio, estava se preparando para apresentar seu trabalho de conclusão de curso. Depois de muita ansiedade, o projeto foi aprovado, mas a história da sua ideia não parou por aí.

No ano seguinte, ao perceber uma oportunidade de mercado e o potencial do seu projeto de TCC, Filipe ingressou no Instituto Gênesis, programa de incubadoras da universidade PUC-Rio. Nessa mesma época, Luis Vabo atuava como consultor da incubadora, que fez com que a trajetória dos dois se conectassem.

Apresentados por um professor, Filipe e Vabo se entenderam logo de cara. Viram que seus perfis eram complementares e que o projeto tinha um grande potencial. Em 2009, dentro de uma universidade, iniciava-se a Sieve, fundada oficialmente em 2010.

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No mesmo ano, a empresa alcançou a 2ª colocação no prêmio Tire do Papel e recebeu seu primeiro investimento-anjo. Em 2012, a empresa conseguiu o maior faturamento da história da Incubadora Gênesis, além de  muitos prêmios. De acordo com os empreendedores, são mais de 8.000 lojas monitoradas, mais de quatro milhões de produtos catalogados e  uma receita de R$ 35,8 bilhões, registradas no ano de 2014.

A Sieve é apenas um dos exemplos que evidenciam o papel das universidades na hora de potencializar e inspirar o empreendedorismo, o sonho grande e a inovação no aluno. Para que mais histórias como essa se repitam, as instituições de ensino superior precisam estabelecer estratégias para multiplicar o número de universitários que criam empresas inovadoras e transformam os setores em que atuam, gerando milhares de empregos no caminho. Para ajudar nessa missão, a Endeavor e o SEBRAE realizaram a quarta edição da pesquisa Empreendedorismo nas Universidades Brasileiras.

O estudo entrevistou 2.230 alunos e 680 professores pertencentes a mais de 70 instituições de ensino superior de todas as regiões do país. Seu principal objetivo é conscientizar as Instituições de Ensino Superior sobre seu poder em contribuir com o desenvolvimento econômico e social do Brasil, atuando como um agente-chave do desenvolvimento do ecossistema empreendedor local. Além disso, o estudo mapeou boas práticas que vão direcionar as estratégias das universidades e das lideranças que trabalham com o tema no Brasil.

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Universidades e seus alunos: o potencial da mudança

Há uma clara discrepância entre a percepção dos alunos e professores sobre o papel das universidades. Por mais que cerca de 65% dos professores estejam satisfeitos com iniciativas de empreendedorismo dentro da universidade, a média entre os alunos é de apenas 36%. Um dos motivos é o fato das faculdades não terem um programa que apoia toda a jornada do aluno que quer empreender, algo que vá além da motivação e dos primeiros passos. As universidades têm em sua grade matérias sobre empreendedorismo, mas a maioria (54%) visa apenas inspirar o aluno a empreender. Assuntos mais práticos, como o de franquias (3%) e gestão de pequenos negócios (7%) acabam não recebendo a atenção que merecem pelas instituições de ensino superior.

Além disso, programas de acesso a investidores, mediado pela universidade, foram vistos como essenciais para 52,2% dos empreendedores universitários, mas apenas 22,6% das universidades têm essa iniciativa. E esses números não são por falta de procura: 56% dos alunos empreendedores acreditam que iniciativas de empreendedorismo, como disciplinas, incubadoras e eventos, são essenciais ao prepará-los para empreender. E não para por aí: 46% dos alunos empreendedores já cursaram as disciplinas. os potenciais empreendedores, os alunos que pretendem empreender em até três  anos, 69% já cursaram disciplinas de empreendedorismo.

A pesquisa também detectou que essas disciplinas não estão presentes, igualmente, em todos as universidades. Em cerca de 50% dos cursos de engenharias e ciências sociais aplicadas há disciplinas de empreendedorismo, sendo que essa média, em outras áreas de conhecimento, cai para apenas 30%. Tudo isso colabora para que o relacionamento entre universidades e empreendedorismo seja cada vez mais pontual, fazendo com que as instituições não sejam vistas como um ponto de apoio para aqueles que querem empreender.

Apena 33% dos entrevistados afirmaram que têm conversas com seus professores que os ajudam nos seus negócios (52% sequer conversam). O cenário se repete com outros profissionais de instituições, em que apenas 36% dos docentes são acessados em caso de dúvidas. Os pais (76,5%) e amigos de fora da faculdade (48,2%) acabam sendo os grupos mais próximos desses empreendedores universitários.

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Universidades e mercado: aproximar para ensinar

Outro grande desafio enfrentado pelas universidades é a falta de conexão entre seus professores e o mercado. Por mais que metade dos professores apoiem e/ou estejam relacionados ao movimento de educação empreendedora, 48% deles relataram nunca terem tido uma experiência empreendedora, sendo que 38% não têm vontade e/ou tempo para abrir seu próprio negócio. Dos poucos que se aventuraram nesse ambiente, 54% são donos de consultorias e só 10% deles afirmaram que seu negócio era inovador no cenário nacional.

Os professores também não se mantêm atualizados sobre o mercado como seus alunos. Quase 50% dos alunos empreendedores conversam com executivos e empreendedores e acreditam que essa é uma boa tática para se conectar com o mercado e suas oportunidades, ao passo que apenas 6,3% dos professores fazem o mesmo. Esse cenário deixa a desejar, uma vez que 70% dos alunos começaram a empreender nos últimos 5 anos e 48% abriram seu empreendimento durante a universidade.

Ao redor do mundo, centenas de universidades já reconheceram o papel e o poder da educação empreendedora sobre a inovação e o desenvolvimento econômico dos países. Pensando nisso, a Endeavor e o Sebrae criaram o Movimento de Educação Empreendedora, uma comunidade que reúne professores e agentes universitários para se conectarem e melhorarem suas iniciativas. O conhecimento já está disponível. Agora é preciso mudar a prática.

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Este artigo foi originalmente publicado em Endeavor

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