De Salvador para o Brasil, Geisel Alves dos Santos, 31 anos, carrega consigo uma missão clara: transformar a vida de jovens por meio da educação e da inovação. Facilitador do Na Prática desde 2018, ele já conduziu cursos de curta duração em Liderança e Autodesenvolvimento, além de workshops focados em Pitch e preparação para processos seletivos.
O trabalho de Geisel é parte da série “Na Prática, quem ensina?”, que mostra os bastidores daqueles que conduzem, com dedicação e inspiração, encontros transformadores.
Ao longo dos anos, Geisel viu sua carreira migrar da mecatrônica e biotecnologia para a inovação educacional. Para ele, a facilitação é mais do que um método: é um espaço de troca, autoconhecimento e construção coletiva.
Hoje, além de ser coordenador de Inovação e Novos Produtos na +A Educação, ele mantém vivo o propósito de inspirar jovens a acreditarem em seus sonhos — algo que ele próprio experimentou quando, em 2015, participou como aluno de um curso de Liderança do Na Prática.
Conheça o facilitador Geisel Alves do Santos
Na prática, como é facilitar cursos para essa geração de jovens?
Eu também fui um jovem impactado pelos programas do Na Prática e devo muito do que aprendi sobre carreira e protagonismo a esses encontros.
É extremamente satisfatório poder ouvir e colaborar com o posicionamento de jovens de todo o Brasil no mercado de trabalho, oferecendo orientações e construindo, em conjunto, ferramentas que eles poderão levar para toda a vida.
Sempre faço questão de recebê-los de maneira acolhedora e de orientá-los para que se sintam capazes de aplicar, na prática de suas vidas ou em entrevistas, os conceitos de autoconhecimento e de imagem pessoal.
Ao final de cada encontro me sinto energizado pelos sonhos de cada um deles e adoro receber feedbacks tempos depois, quando eles mandam mensagem no Linkedin ou me encontram em eventos.
O que te motiva a facilitar?
Ser jovem não é uma tarefa fácil, e há aprendizados que muitas vezes não adquirimos na escola ou no convívio familiar. Para mim, facilitar é trazer consciência sobre conceitos fundamentais que também formam o ser humano, como autoconhecimento, propósito, autoliderança e legado.
Esses valores se aplicam de diferentes formas e fases da vida, e poder compartilhá-los com uma nova geração é extremamente motivador.
Consigo olhar para trás e perceber como minha vida se transformou quando descobri que poderia realizar coisas maiores do que eu mesmo, com o conhecimento certo, boas conexões e a motivação necessária. É com esse pensamento que entro em cada facilitação.
Meu desejo é continuar proporcionando que os participantes saiam com uma chama acesa e autoconfiança para enfrentar seus desafios de carreira, impactando positivamente as pessoas e os ambientes ao seu redor, sempre com ética e responsabilidade.
Leia também: Valores, paixão ou propósito – o que deve orientar sua carreira?
Conta sobre sua trajetória profissional?
Descobri cedo que a tecnologia e a inovação têm o poder de transformar profundamente nossas vidas. Minha jornada começou com curiosidade, estudando Mecatrônica e Biotecnologia para entender desde robôs até as moléculas da vida.
O ponto de virada veio em 2016, no Hackathon da Natura, quando percebi que inovação, acima de tudo, é conexão — entre conhecimentos, tendências e pessoas.
Desde então, atuei em empresas como Nubank, Fundação Estudar e UOL Edtech, aplicando métodos inovadores para resolver problemas reais. Hoje, sou Coordenador de Inovação e Novos Produtos na +A Educação, criando soluções educacionais que preparam pessoas para o futuro.
Em paralelo, tenho me especializado em inovação corporativa e gestão estratégica, buscando aplicar e difundir esses conhecimentos de forma prática para equipes e profissionais que desejam transformar a maneira como trabalham e utilizam esses recursos.
Meu propósito é ajudar indivíduos e empresas a enxergarem a inovação como uma aliada estratégica. Acredito que, ao encontrar o problema certo e conectar-se com pessoas e tendências certas, podemos construir soluções transformadoras. Minha mensagem final é simples: se algo não existe, você pode ser a pessoa a criá-lo.
Quais mudanças você observa do profissional curioso lá em 2016 que decidiu estudar robôs, para hoje, com foco na educação e inovação?
A curiosidade continua viva e as motivações também. Quando era mais novo, adorava imaginar os cenários possíveis de como seria o futuro, assistindo a documentários e filmes. Mas eu era ansioso demais para esperar o futuro chegar, então quis fazer parte dele.
Desde então, escolhi formações para minha carreira que me permitissem entender como criar tecnologia e inovação voltadas à solução de problemas.
Nesse caminho, vivenciei empreendedorismo, inovação aberta, fundamentos de discovery de produtos e design thinking. Até mesmo meu TCC foi sobre educação empreendedora no ensino superior de Biotecnologia.
Essas experiências me deram o “clique” de que o conhecimento que adquiri poderia ser aplicado em escala. Foi então que escolhi a educação como alavanca de impacto. Hoje, auxiliando na formação de profissionais e times mais inovadores, busco democratizar esse conhecimento e levá-lo a diferentes locais do nosso país.
Como começou sua relação com o Na Prática?
Participei do meu primeiro curso como bolsista entre 2015 e 2016. Na época, era um programa presencial chamado Liderança Na Prática, em que, ao longo de dois finais de semana com um intervalo de um mês, éramos convidados a refletir sobre nosso “sonho grande” e a materializá-lo por meio de um salto.
Foi uma das primeiras vezes que vivenciei a experiência de criar algo com intenção e propósito, além de me conectar com pessoas incríveis, com as quais mantenho contato até hoje.
Desde então, continuei participando de cursos, primeiro como aluno e, mais tarde, como facilitador.
Gosto de acompanhar o crescimento e a expansão do Na Prática e de contribuir para o aprimoramento das facilitações. Para mim, isso representa uma forma de devolver à sociedade algo muito precioso que eu tive a oportunidade de acessar.
Na sua trajetória, você comenta sobre a importância da busca pela inovação. Como enxerga esse tema hoje, com a inteligência artificial e os algoritmos cada vez mais avançados?
Inovação, para mim, de forma pragmática, é a capacidade de criar algo novo ou significativamente melhorado, mas que gere valor para pessoas, empresas ou para a sociedade em geral.
Em uma ótica expandida, gosto de pensar a inovação como uma habilidade de conexão: conexão entre contexto, referências e pessoas, que possibilita a criação de valor de maneira criativa e viável.
A inteligência artificial, mesmo sendo uma tecnologia estudada há décadas, tem sido incorporada mais amplamente à vida das pessoas pela diminuição das barreiras de acesso. Hoje, por meio de um celular conectado à internet, já é possível usar ferramentas como o ChatGPT ou o Lovable para criar sites inteiros em poucos cliques.
Esse é o tipo de inovação tecnológica que transforma a forma como criamos e nos relacionamos com o mundo, um passo tão significativo para a sociedade quanto foi a popularização da internet na década de 1990.
Por isso, é fundamental difundir a literacia em IA, formando profissionais não apenas capazes de usar ferramentas, mas de compreender o que está por trás delas, criar, validar resultados e refletir eticamente sobre seu uso.
Isso amplia nossa visão do que é simplesmente uma ferramenta para uma perspectiva de interação humano-máquina, permitindo compreender a IA como um agente colaborador para expandir nossa capacidade de criar e entender o mundo.
Assim, podemos utilizá-la tanto para compreender problemas e desafios humanos quanto para desenvolver soluções de valor agregado e, acima de tudo, sustentáveis.
A inovação como um processo essencialmente humano: é a criatividade, a reflexão crítica e a ética que dão sentido às ferramentas tecnológicas, como a IA. A criação e valores humanos devem agir como guias nesse processo, garantindo que a IA não substitua nossa capacidade de imaginar e conectar, mas a amplifique.
Saiba mais: O que faz a área de inovação de uma empresa (e quem trabalha lá)
Quais foram os 3 principais aprendizados profissionais que você repassaria adiante?
Todo grande passo começa com um planejamento: um exemplo que trago da minha vida é a importância do planejamento para grandes transições.
Sempre indico aos participantes dos cursos que, se desejam fazer uma mudança ou aprender algo novo, reservem um tempo para estruturar esse processo.
Isso inclui: definir o que precisam aprender com conhecimento formal (cursos, artigos, workshops), o que podem praticar de forma concreta (projetos ou MVPs que tragam confiança e repertório) e, por fim, quem poderiam ter como mentores nessa jornada (desde lideranças no trabalho até especialistas com quem é possível se conectar no LinkedIn e aprender com suas experiências).
Preparação é importante: nunca subestime o poder da preparação. Para mim, ela vem da prática, da repetição e também da obtenção de feedback de amigos, líderes e colegas de profissão.
Preparar-se é o que nos dá confiança para executar. Mesmo em temas que já dominamos, a preparação é uma oportunidade de repensar abordagens e aprimorar a forma como fazemos.
Se algo não existir, você pode criar: esse é o meu lema pessoal. Gosto de incentivar a ideia de desafiar o status quo, acreditando que o conhecimento e a prática que já temos muitas vezes são suficientes para criar algo novo ou melhorar o que já existe — seja na vida pessoal ou no trabalho.
Por isso, procuro sempre me envolver em projetos que me façam aprender, crescer e que me provoquem intelectualmente a estudar mais e desenvolver novas habilidades.
O que você já aprendeu em contato com essas turmas de jovens?
Aprendo com eles a manter sempre viva a habilidade de sonhar. É algo intangível, mas que, com a vida adulta e as responsabilidades, muitas vezes deixamos de lado, permitindo que a rotina nos consuma e nos faça esquecer que ainda podemos promover grandes mudanças em nossas vidas e carreiras.
Também aprendo com os exemplos que eles compartilham, refletindo sobre momentos semelhantes da minha própria trajetória.
Além disso, cada troca nas atividades amplia meu repertório de como lidar melhor com as pessoas ao meu redor, gerando aprendizados que levo para além da facilitação.
O que você aplica no seu dia a dia como profissional a partir do conteúdo das formações que facilita?
A cada nova facilitação, me permito revisitar meu pitch pessoal, minha trajetória e meu propósito. É algo que sempre compartilho com os participantes, e que aplico constantemente na minha própria vida.
Nos cursos de processos seletivos, em especial, a experiência de tantos anos como facilitador me trouxe uma autoconfiança sólida no tema, que também carrego em cada processo do qual participei. Essa vivência foi fundamental para que eu tivesse êxito em momentos importantes da minha carreira.
Outro aspecto que valorizo é a oportunidade de trazer exemplos reais da minha trajetória para dentro do curso. Para os participantes, isso torna o conteúdo mais concreto e aplicável; para mim, é sempre um exercício de reflexão e aprendizado a partir das experiências que vivi.
Qual é sua grande ambição como profissional?
Minha grande ambição profissional é continuar impactando a vida de mais pessoas e equipes, mostrando como processos de inovação e conceitos de criação de produtos podem ajudar nos desafios de carreira e de negócio quando aplicados de maneira organizada, por meio de frameworks e ferramentas.
Atualmente, dentro desse propósito, tenho buscado contribuir para uma educação de alta qualidade e cada vez mais intencional, alinhada aos novos recursos proporcionados pela tecnologia e pelas ferramentas de aprendizado.
Qual é, na sua visão, o papel das formações que você facilita na vida dos jovens?
No mundo de hoje, em que há excesso de informações muitas vezes superficiais ou sem orientação sobre como aplicá-las de forma personalizada, o papel do facilitador torna-se fundamental para a transformação desta geração.
Nossos encontros são totalmente “mão na massa”, com o jovem no centro da criação e das etapas da facilitação.
Para muitos participantes, é o primeiro contato com temas relacionados ao autoconhecimento — o primeiro exercício de olhar para si mesmos e compreender o que gostam ou não, quais são seus valores, sonhos e expectativas para a vida.
Juntos, construímos uma verdadeira “caixinha de ferramentas” e instruções sobre si próprios, à qual eles podem recorrer e revisitar sempre que necessário.
Da mesma forma que eu faço até hoje, depois de ter sido um jovem impactado pelos eventos do Na Prática.