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Clara Saar: ‘Existe muita pressão para acertar ou ter um caminho linear. Perdemos tempo sofrendo por coisas que não estão nas nossas mãos’

Aos 33 anos, Clara Souza Garcia Saar transformou a inquietação que sempre teve em um motor de transformação profissional, com uma trajetória que passa pelo Direito, pelo empreendedorismo em negócios familiares e pela atuação no campo da sustentabilidade e inovação. Mas foi no papel de facilitadora que a mineira, que mora nos Estados Unidos, encontrou uma forma de unir propósito, carreira e impacto social.

Além de construir sua carreira internacional no setor de Climate Venture Capital, ela se dedica desde 2019 a facilitar a jornada de jovens cheios de sonhos, energia e vontade de fazer a diferença – como ela também já foi.

A série “Na Prática, quem ensina?” revela quem são os facilitadores que conduzem, inspiram e provocam reflexões nos cursos do Na Prática. Clara é um desses nomes de destaque. Para ela, mais do que transmitir conteúdos teóricos, a verdadeira conexão com os jovens acontece no compartilhamento de experiências de vida.

Conheça a facilitadora Clara Souza

Na prática, como é facilitar cursos para essa geração de jovens?

Historicamente, o Na Prática, sempre atraiu jovens com ambição e vontade de fazer algo especial. No entanto, percebo que essa nova geração já chega mais preparada, informada.

O acesso fácil à informação, ter nascido já em um mundo conectado mostra que “a teoria” eles já conhecem, mesmo que superficialmente.

Essa nova realidade acaba fazendo com que nós, facilitadores, sejamos percebidos pelos participantes em uma posição de “experiência”.

O compartilhamento de “casos reais” da nossa própria vida, em um lugar seguro e embasado pela metodologia Na Prática, é o que sinto que esses jovens esperam de nós, e acaba gerando uma forte conexão com as turmas.

O que te motiva a facilitar?

Eu sempre adorei me envolver em projetos voluntários, e acho fundamental buscar ações que fazem sentido com meu propósito e habilidades. Amo compartilhar coisas que aprendi, conhecer novas pessoas, me sentir útil na vida de alguém. Conseguir dividir esse momento com os jovens via facilitação, apoiando pessoas que buscam encontrar seu propósito e conquistar seus sonhos, é revigorante.

Quanto mais eu facilito, mais eu aprendo, inclusive sobre mim. Além de tudo isso, tenho o melhor bônus – os amigos que fiz durante esses 7 anos como facilitadora do Na Prática. Só gente boa!

O que você diria que aprendeu sobre você mesma ao longo dos anos como facilitadora?

Acredito que a cada facilitação percebo uma novidade sobre mim. Sempre refaço meu pitch antes das edições pensando em como a parte da minha experiência pode ser melhor aproveitada pela turma e isso acaba me fazendo refletir e ressignificar sobre a minha própria história.

Posso dizer que momentos em que eu falava de um lugar de dor, agora são vistos com um outro olhar. Facilitar é essencial na minha construção como pessoa e profissional.

Conta sobre sua trajetória profissional?

Tenho 10 anos de carreira e até hoje eu preciso respirar pra contar essa história. Sempre quis “mudar o mundo”. Antes de entrar na faculdade, meu sonho era ser diplomata. Pensando nisso, cursei Direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Durante a faculdade entendi que o Direito não era muito meu caminho, muito burocrático, formal, cheio de “deferências” e totalmente desconectado da minha essência. Enchi meu currículo para tentar entender o que eu gostava, e cheguei ao Comércio Internacional e Desenvolvimento Sustentável – cursei um semestre de intercâmbio durante a faculdade na University of Leeds, na Inglaterra.

Seis meses antes da minha formatura, recebi um e-mail do meu orientador falando que havia uma vaga de mestrado para mim numa universidade americana, outro sonho (morar fora). Nesse momento, tudo começou a desandar do plano original.

Precisei retornar ao interior de Minas para trabalhar na empresa da minha família, onde conheci uma nova paixão: o mundo dos negócios. Foi muito desafiador, mas acabei me entendendo como liderança e adquirindo habilidades como resiliência, pensamento sistêmico e planejamento estratégico. Brinco que vivi 50 anos de carreira em 5. Empreendedorismo é uma jornada solitária e o nível de responsabilidade quando você tem colaboradores é algo que só quem viveu sabe.

No entanto, trabalhar com varejo, consumo, era algo muito distante do meu foco no desenvolvimento sustentável, e quando surgiu a oportunidade, saí do negócio. Passei seis meses tentando entender por onde começar, como mulher e segunda geração em uma empresa familiar, as pessoas não acreditavam no meu currículo. Foi um longo processo até me provar para o mercado. Escutei de um chefe que “não estava apta para uma vaga porque não tinha experiência para gerenciar pessoas” — depois de ter liderado diretamente 45 pessoas.

Nessa época, já com mais clareza de querer atuar com ESG, voltei para um escritório de advocacia, onde foquei no estudo de regulações focadas em sustentabilidade e no setor de mineração, mas ao fazer um curso sobre saltos de inovação em países emergentes na Fundação Dom Cabral com a turma do MBA Executivo do Instituto Europeu de Administração de Empresas (INSEAD), a vida me lembrou que Direito realmente não é pra mim.

Nessa época, já tinha conquistado uma reputação na área, realizei um grande sonho de me tornar professora universitária e comecei a atuar em grandes projetos envolvendo descarbonização e transição energética. Agora, nos Estados Unidos, percebi que apoiar a escala de inovações sustentáveis é o que me dá brilho no olho, então estou migrando para a área de Climate Venture Capital.

Leia também: Como se preparar para programas de intercâmbio acadêmico

Você passou por tantas áreas e cursos diferentes. Ao que você atribui essa curiosidade e como você acha que essa jornada impactou quem você é hoje?

Eu acho que a palavra é curiosidade mesmo. Eu sempre li muito e quis aprender o máximo de tudo que pude, foi um pouco difícil entender o que eu realmente gostava de fazer, porque tudo parece interessante à primeira vista.

Sempre acho que me falta tempo para aprender tudo que eu gostaria, fico deprimida quando não estou em algum grupo de discussão ou estudando sobre temas do meu interesse (os mais variados possíveis).

Quais foram os 3 principais aprendizados profissionais que você repassaria adiante?

Seja autêntico: comecei facilitando o curso de autoconhecimento e brinco que é o curso mais importante do Na Prática, saber quem você é, seus limites, seus sonhos é fundamental para ter uma carreira feliz e bem-sucedida.

Seja confiável: a sua reputação está em tudo o que você faz, tenho colegas de escola e faculdade que me recomendam porque confiam no meu trabalho. Se falou que vai fazer, faça e dê o seu melhor. Se errar ou se perceber que não dá conta, seja transparente.

Seja dono da sua carreira: se torne bom o suficiente para poder escolher o que quer fazer e onde. Não é fácil, requer muita dedicação, mas é libertador.

Como começou sua relação com o Na Prática?

Seguia o portal há muito tempo em função das dicas, sempre admirei o trabalho e o conteúdo. Quando surgiu a oportunidade de me candidatar para o processo seletivo de facilitadores, não pensei duas vezes.

Fui selecionada em um período super caótico do meu negócio, viajava 900km de ônibus semanalmente para fazer pós-graduação, quase desisti do treinamento. Ainda bem que não. Antes da pandemia, o curso de formação de facilitadoras era realizado em um sítio durante um fim de semana, foi um momento de muita vulnerabilidade, olhar para dentro.

Com certeza me deu força para continuar e chegar até aqui. Desde então, já são 7 anos!

O que você já aprendeu em contato com essas turmas de jovens?

O mundo tem conserto. Tem muito jovem incrível querendo fazer a diferença, pessoas empáticas, com sonhos grandes que abarcam comunidades. Cada turma renova minha esperança na liderança do futuro.

O que você aplica no seu dia a dia como profissional a partir do conteúdo formações que facilita?

Em termos de conteúdo prático: storytelling, a metodologia STAR é excelente, sobre autoconhecimento, sempre revisito conteúdos como a Janela de Johari. Por fim, a habilidade de conectar com pessoas. Como a vulnerabilidade deve ser vista como uma força para construir relações genuínas.

Qual é sua grande ambição como profissional?

Ver projetos e pessoas com os quais me conecto promovendo avanços concretos em prol do desenvolvimento sustentável.

Saiba mais: Como esses jovens profissionais usaram cursos gratuitos para crescer

Qual é, na sua visão, o papel das formações que você facilita na vida dos jovens?

Espero que seja deixar a jornada de crescimento um pouco mais leve.

Existe muita pressão para acertar ou ter um caminho linear. Perdemos muito tempo sofrendo por coisas que não estão nas nossas mãos. Com as ferramentas certas e buscando pessoas que podem dar o apoio necessário, é possível ter uma caminhada menos dolorosa.

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