Aos 33 anos, Amanda Nunes Campos dos Santos já percorreu uma trajetória marcada por curiosidade, inquietação e múltiplas experiências.
Nascida, criada em São Paulo e formada em Engenharia Ambiental na Universidade Federal de Itajubá, ela se define como alguém que “gosta de fazer muitas coisas” — característica que a acompanhou desde a universidade, quando se envolveu em centro acadêmico, bateria da Atlética, pesquisa e outras atividades que a fizeram transitar por diferentes áreas. Essa pluralidade, longe de ser um obstáculo, se transformou em combustível para sua carreira.
Hoje, Amanda atua no escritório de projetos corporativos de um grande hospital em São Paulo e soma ao seu currículo experiências em logística, programas de trainee e projetos estratégicos no setor do agronegócio.
Mas foi em 2019 que ela iniciou um papel que considera transformador: o de facilitadora do Na Prática, onde já ministrou cursos sobre comunicação assertiva, gestão de tempo, processos seletivos e liderança.
Na série Na Prática, quem ensina?, ela conta como se tornou facilitadora da organização e revela os bastidores desse trabalho. Para Amanda, estar diante de turmas de jovens profissionais não é apenas compartilhar conhecimento: é uma troca genuína, capaz de renovar olhares sobre o mercado, sobre as relações e até sobre si mesma.
Conheça Amanda Campos
Na prática, como é facilitar cursos para essa geração de jovens?
É uma troca maravilhosa. O jovem atual está numa posição em que há muita informação disponível, muito conteúdo à disposição, mas é difícil selecionar o que faz sentido pra ele.
Os conteúdos do Na Prática têm justamente esse propósito: de ser um atalho e uma curadoria no meio de tanta coisa por aí.
Leia mais: O que é (e como age) um “líder facilitador”?
O que te motiva a facilitar?
Eu já fui a jovem que estava saindo da faculdade cheia de expectativas. Encontrei um mercado em que eu achava não me encaixar e foram justamente as pessoas do Na Prática que me mostraram que há espaço para todo mundo, eu só precisava de alguém que me mostrasse como as coisas funcionavam. E que me desse ferramentas para entender onde eu poderia e gostaria de me encaixar.
É por isso que eu facilito: já senti na pele o que é o choque entre expectativa do recém-formado e a realidade (e o balde de água fria) que pode ser o mundo corporativo.
Conta sobre sua trajetória profissional?
Eu sempre gostei de fazer muitas coisas, como por exemplo, ter muitos hobbies. Na universidade foi assim, eu era do centro acadêmico, da bateria e fazia pesquisa.
Por gostar de muitas coisas, quando formei não sabia qual direção seguir; eu comecei minha vida profissional dando aulas de inglês, fiz estágio em logística, fui trainee de uma grande empresa de saúde.
Eu fiz MBA em gestão de projetos, já trabalhei com projetos estratégicos no agro e atualmente atuo no escritório de projetos corporativos de um grande hospital aqui em São Paulo.
Essas experiências me fizeram entender que eu gosto de resolver problemas, de conectar pessoas e fazer as coisas acontecerem e foi assim que eu segui buscando conhecimento e experiência em projetos. Entendi que eu sou boa em documentar, comunicar e criar sinergia para atingir objetivos e sanar dores comuns entre áreas.
Quais foram os 3 principais aprendizados profissionais que você repassaria adiante?
Acho que o primeiro é: saiba ouvir, mas ouvir genuinamente e com interesse. O segundo seria: registre, tome nota – mesmo que não seja sua obrigação. Sua memória pode falhar quando você mais precisar.
O terceiro: tenha aliados, faça parceiros. Procure pessoas com quem você possa contar no ambiente profissional. Aquela pessoa que vai falar seu nome numa sala cheia de oportunidades, sabe ?
Como começou sua relação com o Na Prática?
Uma jovem recém-formada, que não sabia onde se encaixar no mundo profissional.
Acabei compartilhando essa angústia com alguns amigos que comentaram muito bem dos cursos do Na Prática e eu resolvi fazer um desses cursos; sem muita expectativa.
Saí fascinada com o tanto de coisas que aprendi e mais fascinada ainda com a organização (e veio também a vontade de fazer parte). No semestre seguinte eu me candidatei para ser voluntária, fiz as formações para facilitar e estou aqui, há 6 anos.
O que você já aprendeu em contato com essas turmas de jovens?
Já aprendi a assoviar, a enrolar cabo, a usar o Chatgpt… temos um momento em um dos cursos que somos desafiados a ensinar algo que sabemos, cada um de nós compartilhando algo que se sente a vontade para compartilhar e daí sai de tudo um pouco.
Mas a cada contato com esses jovens eu mudo minha visão sobre o mundo, eu reaprendo a ouvir, eu aprendo a acolher e ser acolhida, aprendo a ser vulnerável e a respeitar a vulnerabilidade do outro. As trocas com eles são muito genuínas e nesses momentos aprendemos também sobre sermos vulneráveis.
O que você aplica no seu dia a dia como profissional a partir do conteúdo das formações que facilita?
O que eu mais aplico é sobre olhar para o outro, ouvir e entender o lado do outro pra então dar a minha contribuição.
Qual é sua grande ambição como profissional?
Essa é uma pergunta difícil porque eu acho que as ambições mudam conforme a gente vai amadurecendo e vivendo experiências pessoais e profissionais.
Mas eu busco ser uma profissional que promova um ambiente de trabalho leve, que apoie os colegas de trabalho a serem melhores profissionais, que esteja num time em que as pessoas sintam orgulho em estar lá. E quero também ser a pessoa que seja o apoio, a referência em entregar, resolver problemas e apoiar em tarefas difíceis.
Saiba também: Como transformar ambição em ações concretas e ser reconhecido por isso no início da carreira
Qual é, na sua visão, o papel das formações que você facilita na vida dos jovens?
Para mim, as formações são principalmente momentos de troca e conexão; por muitas vezes o jovem tem angústias que ele acredita que são só dele e nas formações ele acaba percebendo que nenhuma experiência é exclusiva e solitária.
Eu gosto de ver as formações como uma caixa de ferramentas, nós apresentamos as ferramentas e damos sugestões de uso, quem está por lá vê o que serve e o que não serve e se vai utilizar ou não – eu posso te afirmar que pelo menos uma ferramenta vai chamar a atenção do jovem que está por lá.
De 2019 pra cá, houve mudanças na forma de aprendizado e atenção do jovem. Como você tem enxergado e acompanhado essa mudança como facilitadora?
Eu acho que de 2019 pra cá, o conhecimento ficou mais acessível com os conteúdos online mais disseminados. Então a galera tem a possibilidade de estar mais informada e preparada para os desafios do mercado de trabalho.
Outro ponto é a relação entre trabalho e vida pessoal. Os jovens têm dado cada vez mais importância a ele, certo?
Como facilitadora minha maior fonte de informação vem dos jovens que consomem nossos conteúdos: eles são o termômetro do que está acontecendo. Mas eu também entendo que, como facilitadora, meu papel é ouvi-los para entender o que está em alta e também me informar, para conseguir me preparar para possíveis pautas que podem surgir a partir desses assuntos.
Apesar de muita informação disponível, o nível de informações falsas ou incompletas é grande, e meu papel é justamente ir atrás e buscar fontes confiáveis e informações relevantes.