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Paula Bellizia, CEO da Microsoft: Se você não está pensando na disrupção do seu negócio, alguém está

Paula Bellizia

No futuro, não existirão mais empresas que apenas usam a tecnologia – toda empresa será, em essência, de tecnologia. Digitais. Quer elas saibam disso ou não. Esse é, pelo menos, o diagnóstico compartilhado pela CEO da Microsoft no Brasil, Paula Bellizia, e a empresa que lidera.

“Existe uma coisa especial na quarta revolução industrial, porque é a primeira vez que essa transformação que acontece na vida humana não tem nenhuma fronteira entre uma ou outra área da ciência. Ela vai mudar várias disciplinas ao mesmo tempo, da biologia à física. Tudo está acontecendo ao mesmo tempo, agora”, explica a executiva durante o HSM Expo, evento para executivos em São Paulo.

O que isso significa para o mercado de trabalho e a forma como levamos nossas carreiras? Com todos os negócios se tornando essencialmente digitais, o ritmo de disrupção se torna muito mais acelerado e é preciso ter consciência disso para não se tornar obsoleto.

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“Se você não está pensando em fazer a ruptura do seu próprio negócio, nesse exato momento alguém está. Uma startup, um jovem, ou mesmo uma empresa”, resume a executiva. Para ela, adaptar-se a essa nova realidade requer que as empresas se transformem em quatro grandes pontos:

1. Melhorar o relacionamento com o seu cliente

Qual a primeira coisa que vocês fazem quando acordam e a última coisa que fazem quando dormem? “Estão na nuvem. No mundo atual, os clientes estão conectados na nuvem e de forma móvel todos os dias”, constata. Para ela, isso representa uma possibilidade gigantesca de estreitar a relação com o seu cliente, tanto pelo canal de comunicação quanto pela abundância de dados disponíveis.

Como exemplo, ela cita o caso do Palmeiras, que usou a tecnologia para unificar bases até então isoladas e reunir mais de 500 mil torcedores em seu programa de fidelização.

2. Empoderar funcionários

Para Bellizia, a geração millenial só irá trabalhar naquelas empresas em que se sentirem empoderados. “Só vou conseguir conquistar novos talentos se realmente empoderá-los”, conta. Em sua opinião, isso também é um desafio para adequação e adaptação de leis em diversos países. “Hoje na empresa que eu represento a gente é totalmente flexível em relação a horário e local de trabalho, mas ainda estamos presos em limitações da legislação”.

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3. Otimizar operações

Ainda mais relevante em situações de mercado desfavorável, a otimização de operações já é realidade em diversas empresas estabelecidas. “Nós revisamos todas as operações por uma questão de eficiência, custo, otimização dos recursos internos, e a tecnologia pode ajudar nisso, pode ajudar a escalar o mercado e diminuir o custo”.

Isso vale para qualquer instituição ou indústria. Para ilustrar esse alcance, ela cita o aplicativo Tambero, que ajuda a gerenciar a criação de gado mundo a fora e, em regiões remotas, acaba contribuindo para amenizar os efeitos da fome. “A gente tem uma capacidade de recursos hoje que nunca antes foi possível. O celular de vocês tem uma capacidade de processamento maior que a do computador que levou o homem à Lua”.

4. Transformar produtos e serviços

Uma grande vertente dessa transformação está na inteligência artificial, e qualquer profissional que deseje manter-se relevante no futuro deve atentar-se a essa nova tecnologia. “Não é simplesmente TI, é tecnologia aplicada aos negócios e vai mudar a forma que a gente vive”, explica.

Hoje, a Microsoft tem como missão democratizar o acesso à inteligência artificial, ambição compartilhada também pela IBM, com a liberação do Watson para empreendedores. Mas, afinal, o que é inteligência artificial (IA)? “É a capacidade de raciocinar sobre grandes massas de dados e convertê-los em inteligência”, resume a executiva. É sexy, ela admite, e hoje já é realidade em quatro grandes áreas.

A primeira área trata dos agentes. Pense na Siri, do Iphone, ou Morgana, desenvolvida pela Microsoft. São agentes, uma forma de mediar a interação entre homem e máquina. “Não é só a gente que vai aprender a lidar com tecnologia, mas a tecnologia vai aprender com a gente, com o uso do ser humano. Ela começa a entender como você usa seus dispositivos e faz sugestões personalizadas para você.

A segunda área trata dos aplicativos, que começaram a incorporar a IA (o corretor do celular, por exemplo, deixa de ser irritante e começa a entender como você escreve), e a terceira trata dos serviços. “Nesse caso, são serviços inteligentes que mudam a forma como as indústrias funcionavam”. Ela cita a Volvo, hoje, que por meio de câmeras nos carros consegue entender se o motorista está com sono.

Por último, também surgirão – como já vem surgindo – muitas transformações na área da saúde. A própria Microsoft traçou um plano para resolver o problema do câncer em até dez anos, através da “reprogramação” de células cancerígenas.

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