O que faz um bom CEO? A resposta, assim como o conceito de liderança em si, está em constante transformação. Afinal, o que era necessário para liderar um negócio há cem ou mesmo cinquenta anos, quando o ambiente de trabalho e o mercado eram outros, hoje seria ultrapassado.
Descobrir os traços essenciais de um CEO bem sucedido no século 21 foi justamente o tema da pesquisa de uma década da ghSMART, uma consultoria especializada que chamou a empreitada de The CEO Genome Project, ou projeto do genoma do CEO.
“Você pode achar que ninguém apostaria em você como CEO em 10 ou 20 anos. Mas o que descobrimos é encorajador: pessoas que vêm de caminhos normais podem chegar ao topo”, disse Elena Lytkina Botelho, fundadora do projeto, ao site BBC.
Em um outro texto, dessa vez para a Harvard Business Review, Botelho escreve que há uma desconexão grande entre o que um conselho e investidores buscam em um CEO e qual é o perfil de líderes bem sucedidos e de alta performance.
“Essa desconexão começa com um estereótipo pouco realista mas frequente, moldado em sua maior parte pela biografia dos líderes de empresas da Fortune 500”, escreve.
“Ele diz que o CEO de sucesso é um homem alto, branco e carismático, que tem um diploma de uma universidade de ponta, é um visionário estratégico com uma carreira que parece ter ido direto ao topo e a capacidade de tomar decisões perfeitas sob pressão.”
E se não é isso, o que faz um CEO de sucesso?
Os traços de um CEO de sucesso
Entre os achados mais surpreendentes da pesquisa, que inclui entrevistas com mais de 2 mil CEOs, Botelho e seus parceiros destacam que:
- Todos os entrevistados já cometeram erros grandes e quase metade tinham cometidos erros seríssimos
- Alta confiança não se traduz necessariamente em alta performance
- Não é preciso ter trabalhado no setor antes para ser um bom CEO
- Introvertidos têm maiores chances de superar expectativas do conselho e investidores
- Apenas 7% dos CEOs entrevistados estudaram em uma Ivy League (e 8% não se formaram em faculdade nenhuma)
- Um bom CEO é como o “condutor de uma orquestra”, que engaja os stakeholders sem extremismos para que todos se beneficiem
- Integridade e ética de trabalho são cruciais
- CEOs de primeira viagem devem priorizar montar a equipe certa
Leia também: Como funciona e qual é a importância da autoliderança para a carreira?
4 comportamentos-chave de um CEO de sucesso
Segundo os pesquisadores, quatro comportamentos-chave se destacaram ao longo do trabalho: decidir assertivamente, engajar stakeholders, adaptar-se rapidamente e ser consistente na entrega de resultados.
Naturalmente, não há receita mágica e, dependendo do setor, um comportamento pode ser mais exigido que o outro.
Se estes comportamentos forem bem desenvolvidos, no entanto, os autores afirmam que candidatos aumentam suas chances de conseguir – e manter – o cargo mais alto da empresa.
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Decidir assertivamente
Os CEOs de alta performance não tomam as decisões 100% certas 100% das vezes – isso é um mito. O que fazem é decidir mais cedo, mais rápido e com mais convicção, mesmo que a decisão eventualmente se prove errada.
Decidir mais tarde é decidir tarde demais, concluem os autores, porque demonstra falta de direção e torna tudo mais lento.
E enquanto decisões podem ser desfeitas ou corrigidas, a falta de confiança é mais difícil de resolver – e o tempo não volta para evitar as consequências da lentidão.
“Descobrimos que, entre os CEOs que foram demitidos por assuntos relacionados à tomada de decisões, apenas um terço perdeu o emprego porque tomou decisões ruins. O resto saiu por ser indeciso demais.”
Engajar para impactar
Pode parecer óbvio, mas engajar todos os stakeholders – funcionários, clientes e investidores, por exemplo, não só um ou outro – é fundamental, assim como equilibrar suas prioridades e a busca por resultados.
O que CEOs de sucesso fazem é entender muito bem quais são as motivações e necessidades dos stakeholders. Com essa informação em mãos, eles engajam as pessoas envolvidas e alinham as expectativas e objetivos.
“CEOs que engajam stakeholders não investem sua energia sendo simpáticos ou protegendo suas equipes de decisões dolorosas”, afirmam os autores.
Ao invés disso, “ganham o apoio dos colegas ao incutir confiança de que levarão à equipe ao sucesso, mesmo que isso signifique tomar decisões desconfortáveis ou impopulares.”
Leia também: O que é liderança e por que ela é tão importante para uma carreira de sucesso?
Adaptar-se rapidamente
O mundo está sempre mudando e CEOs que são excelentes na adaptação tem quase 7 vezes mais chances de ter sucesso. É uma habilidade fundamental.
Segundo Dominic Barton, managing partner global da consultoria McKinsey & Company, isso significa saber como lidar com situações totalmente imprevistas. “Como CEO, você é constantemente confrontado com situações onde o livro de regras não existe. É bom que esteja pronto para se adaptar.”
Um jeito de se preparar é passar bastante tempo pensando no longo prazo, o que traz mais insumos sobre acontecimentos, tendências e outros fatores e permitem que o CEO capte sinais mais cedo – e se mexa mais rápido quando chegar a hora.
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Entregar resultados consistentemente
Entregar muito de uma vez vale menos que entregar um pouco sempre, descobriram os autores. É assim que conselhos, geralmente os responsáveis pela escolha e manutenção de um CEO, costumam ver as coisas.
Funcionários também preferem um líder consistente e confiam mais em alguém previsível, o que deixa tudo mais fácil – assim como ter uma boa equipe, que deve ser a maior prioridade de um CEO no começo do trabalho.
Para entregar resultados consistentemente, os autores sugerem passar as primeiras semanas realmente entendendo a situação (em termos de orçamento, de expectativas de stakeholders, tudo) para então criar planos realistas.
Não é à toa que três quartos dos CEOs de alta performance entrevistados se destacam em termos de organização e planejamento: é preciso saber o que está acontecendo para poder implementar (e utilizar) métricas, grupos, canais e o que mais for preciso para ter sucesso no trabalho.
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Abaixo, o empresário Marcel Telles fala sobre a importância de atrelar metas aos sonhos: