
Redação Na Prática
Publicado em 26 de novembro de 2025 às 10:00h.
Em um mercado cada vez mais competitivo, em que as exigências por resultados crescem ao mesmo tempo em que a saúde mental dos profissionais é colocada à prova, a busca pela alta performance tornou-se um diferencial indispensável. Mais do que talento ou oportunidade, ela exige disciplina, clareza de propósito e uma capacidade constante de aprender e se adaptar. Profissionais de sucesso compartilham trajetórias raramente lineares, mas sempre sustentadas por pilares como ambição, protagonismo e ação prática.
Na masterclass Execução de Alta Performance, Lorena Stephanie, coordenadora de educação no Na Prática, conversou com duas líderes inspiradoras: a empreendedora Júlia Evangelista (fundadora da Oficina de Inverno) e a intraempreendedora Greicy Lucena (coordenadora de sustentabilidade na Natura). Ambas compartilharam as estratégias que as levaram ao sucesso — e que podem ser aplicadas por qualquer pessoa que deseje impulsionar a própria carreira e atingir resultados extraordinários.
A seguir, cinco chaves para a alta performance, inspiradas em suas experiências:
Profissionais de sucesso não esperam as condições perfeitas para agir. Eles utilizam a lógica efectual — um método de resolução de problemas que parte do que você já tem, do que já sabe e de quem você conhece.
A empreendedora Júlia Evangelista exemplifica bem essa mentalidade. Ela fundou uma marca de roupas de frio no Piauí, estado de clima quente. A escolha parecia “doida demais” em comparação com outras ideias, como abrir uma hamburgueria, mas foi justamente essa opção a mais viável, por ter mais “pássaros na mão”.
“A Oficina de Inverno era o que a gente tinha mais pássaro na mão, porque a minha mãe sempre trabalhou com moda”, explica.
Essa conexão familiar facilitou o acesso a fornecedores e o entendimento do varejo, tornando o primeiro passo, paradoxalmente, mais simples.
A busca pela perfeição muitas vezes paralisa a execução. Um dos segredos da alta performance é testar, ajustar e avançar, sempre com passos pequenos e confortáveis em relação ao risco.
A Oficina de Inverno aplicou a lógica da prototipagem desde o início. O primeiro teste foi um pequeno espaço dentro da loja da mãe de Júlia, sem divulgação formal, apenas para avaliar o real interesse do mercado.
“Eu e minha sócia, em todo novo passo da Oficina, sempre perguntamos: até quanto a gente está confortável em perder?”, conta Júlia.
Mesmo ao abrir a primeira loja física — seu grande sonho —, ela esperou mais de dois anos para reunir recursos e iniciou com uma pop-up store (loja temporária), com contrato de apenas três meses. Assim, caso algo desse errado, a perda seria limitada e gerenciável.
Tanto para empreender quanto para crescer dentro de grandes corporações, a rede de contatos é um catalisador de sucesso. Em empresas complexas, transformar ideias em ação exige a mobilização de pessoas e recursos internos.
Atuando na Natura, Greicy Lucena destaca que nada se faz sozinha. No intraempreendedorismo, é essencial estar em uma organização cuja agenda principal — como a sustentabilidade, no caso dela — esteja no coração do negócio, com uma liderança já comprometida com a transformação.
“A forma de colocar as coisas para acontecer é se conectando com as pessoas, convencendo-as de que o que você quer fazer é grande, e que você precisa de ajuda para tornar isso real”, explica.
Além disso, as redes também são essenciais para o crescimento profissional. Muitos recrutadores confiam em indicações de pessoas com quem já trabalharam, uma prática que se fortaleceu após períodos de crise no mercado.
Profissionais de alta performance encontram equilíbrio entre vida e trabalho, mas, acima de tudo, acreditam profundamente no que fazem. A trajetória não precisa ser linear, mas deve ser intencional.
Formada em Direito e Administração, Júlia chegou a considerar concursos e programas de trainee, mas percebeu que não conseguiria “brilhar” nesses caminhos.
“Para mim é isso: será que eu vou brilhar nesse lugar? Porque dentro de mim eu consigo me ver dando tudo o que eu posso”, relata Júlia, sobre o momento em que decidiu abraçar o empreendedorismo.
Greicy complementa que é fundamental entender o que te move e o que te incomoda, olhando para a carreira como um todo, e não apenas para o cargo atual.
Destaque em qualquer ambiente exige mais do que talento: exige garra e intenção. É preciso ter uma estratégia por trás de cada ação e uma inquietude constante para fazer melhor.
Greicy destaca a intencionalidade, a inquietude positiva e a determinação como pilares centrais de seu sucesso.
“Eu também sou uma pessoa muito determinada e teimosa. Então eu não vou só fazer, eu vou fazer dar certo”, afirma.
Essa determinação é o que a pesquisadora Angela Duckworth define como grit: a capacidade de manter o foco e o esforço em direção a um objetivo, mesmo diante das dificuldades.
Por fim, a inteligência emocional é indispensável. Segundo Júlia, os imprevistos sempre vão acontecer, e o profissional precisa desenvolver uma “boa mente” para lidar com eles — evitando o sofrimento que bloqueia a busca por soluções.
A remuneração é importante, mas o desenvolvimento contínuo, por meio de oficinas, mentorias e treinamentos, é o que mantém equipes engajadas e reduz a rotatividade.