Nascida em Lavras, no interior de Minas Gerais, Emanuelle Spaggiari jamais imaginou que sua carreira a levaria a trabalhar com sorvetes, quanto mais em uma das maiores empresas do país. Graduada em Turismo, com formigas nos pés e sem medo de se arriscar em novas experiências, sua trajetória envolveu diversas mudanças de cidade e atuação em diferentes setores.
Seu primeiro emprego foi em uma empresa paulista de eventos que possuía sede em Lavras. Responsável por toda a operação de um evento específico da área de tecnologia, tinha contato próximo com os patrocinadores, que eram, entre outros, Microsoft e IBM e outra empresa de menor porte com sede em Brasília – que será importante para o desenrolar da história.
Um ano depois de formada, mudou-se para Angra dos Reis, onde foi trabalhar em um resort, também no setor de eventos. Logo promovida a coordenadora comercial na unidade, organizava a recepção de grupos empresariais, negociava pacotes e gerenciava toda a operação do espaço – de alocação de quartos a logística de palestras e conferências.
Carreira Itinerante
Mais uma mudança de cidade a levou a mais um shift na carreira: em Santo André, assumiu o cargo de coordenadora de eventos sociais em um espaço de festas. “Na época, eu sentia que estava dando passos para trás pois não era essa a área em que queria atuar, mas hoje eu vejo que foi uma experiência importante para mim”, ela reflete. Seis meses depois, não hesitou em mudar-se novamente, desta vez para Brasília.
Chegando ao planalto central, lembrou-se da empresa que atendera enquanto ainda trabalhava em Minas. “Depois de seis anos eu mandei um email para o meu contato lá e ele se lembrou de mim”, ela comenta. Foi convidada a trabalhar nesta empresa mas acabou aceitando outra posição em uma operadora de viagens, como responsável por um projeto específico de atendimento ao Banco do Brasil. “Foi uma correria muito grande, tive que organizar a logística de transporte e acomodação para mais de mil pessoas, do presidente aos funcionários que seriam premiados no evento. Mas isso me deu habilidades que seriam muito importantes depois”, analisa.
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Finalizado o projeto, mais uma mudança de emprego: a empresa de TI novamente entrou em contato e a convidou para uma vaga de Coordenadora de Marketing. Ela aceitou, mesmo sem muita experiência anterior na função. “Isso só foi possível porque se tratava de uma empresa de porte médio – eu coordenava um time e precisei mais de habilidades de liderança que de conhecimento técnico”. Depois de dois anos nesta função, a formiga voltou a mexer no seu pé, e ela quis retornar para o sudeste. Não precisou, porém, mudar de emprego – o escritório de São Paulo estava com vagas abertas, e ela assumiu a Coordenação de Canais e Parcerias, sendo responsável, majoritariamente, pelo relacionamento com os revendedores do software produzido pela empresa.
Um não na primeira entrevista levou a um sim na segunda
Já em São Paulo, realizou um MBA em Gestão Estratégica de Negócios na USP – segundo ela, fundamental para o seu crescimento profissional em uma área que não era a sua de formação. Foi durante o Carreira, programa de decisão de carreira da Fundação Estudar, que ela conheceu seu atual líder na Unilever. Ao saber de uma vaga aberta na equipe da Kibon, escreveu-lhe solicitando o contato da consultoria de RH; ele, atraído pelo seu currículo, no mínimo, diverso, convidou-a para uma entrevista. “Conversamos por duas horas e meia, e eu não passei”, ela ri.
Sua impressão, porém, ficou guardada: nove meses depois, surgiu a oportunidade de expandir a marca Ben&Jerrys no Brasil, e ela foi convidada para uma nova entrevista – desta vez, com resultados positivos. Hoje, Emanuelle é responsável por aplicar, na ponta, a estratégia vinda do marketing – faz treinamentos com vendedores e ajuda em toda a estrutura de vendas. “É uma marca totalmente conceitual e com propósitos novos para a equipe toda de icecream. Por isso, eu tenho autonomia em influenciar a mudança de vários processos existentes em diversas áreas e caminhar com facilidade entre estas áreas”, explica ela. De turismo, eventos, tecnologia para, por fim, chegar em sorvetes, parece que a formiga do pé de Emanuelle finalmente encontrou seu lugar.