Há mais de 30 anos, um estudo da professora de psicologia Carol Dweck trouxe à tona os conceitos de mentalidade de crescimento e mentalidade fixa – ou growth mindset e fixed mindset. Com objetivo de entender as diferentes tendências que os estudantes têm ao lidar com a falha, eles observaram a existência de dois “grupos”, de quem se recuperava facilmente e, outro, formado por quem ficava devastados pelos menores contratempos.
E o que eles descobriram é que há a diferença entre essas pessoas é que algumas, como do primeiro grupo, acreditam que suas qualidades podem mudar (com trabalho duro, boas estratégias e feedback, por exemplo) e outras acreditam que suas habilidades são dons natos, daí a frustração.
Segundo a especialista, os primeiros, que têm mais predominância da mentalidade de crescimento, costumam alcançar mais coisas. Isso porque, ao acreditarem que podem se desenvolver naquilo que se propõem, conseguem colocar mais energia no processo de aprendizado, tendo, assim, melhores resultados.
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Mas é tudo uma questão de quanto cada um tem das duas tendências, já que não existe um mindset puramente fixo ou de crescimento. E a combinação continua a evoluir ao longo da vida, algo que “temos que reconhecer para obter os benefícios”, escreve Dweck na Harvard Business Review.
No entanto, obter uma mentalidade dominada pelas tendências de “crescimento” não é algo fácil. “Quando enfrentamos desafios, recebemos críticas ou ‘vamos mal’ em comparação com os outros, podemos facilmente cair na insegurança ou na defensiva, uma resposta que inibe o crescimento”, explica a professora.
Fatos sobre a mentalidade de crescimento
“Mente aberta” é outra coisa
Ter a “mente aberta”, ser flexível ou ter uma visão positiva sobre a vida não é o mesmo que ter growth mindset, embora haja confusão frequente sobre os termos, de acordo com Dweck.
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Organizações podem se beneficiar
“Quando empresas inteiras adotam uma mentalidade de crescimento, seus funcionários relatam sentir-se muito mais empoderados e comprometidos; eles também recebem um apoio organizacional muito maior para colaboração e inovação”, conta a professora.
Em contraste, onde predomina a mentalidade fixa, Dweck relata que costuma existir mais fraude e trapaça entre os colaboradores. Nesses lugares, existe uma espécie de “corrida de talentos” e isso pode ser o motivo: quem acha que não tem chances porque não nasceu com tal nível de competência, se volta para outras práticas, definitivamente menos colaborativas.
Para as organizações que se autodenominam lugares que promovem growth mindset, a especialista alerta para a necessidade de criar, efetivamente, iniciativas ligadas a isso.
“Organizações que incorporam uma mentalidade de crescimento incentivam a tomada de riscos apropriados, mesmo sabendo que alguns não darão certo. Elas recompensam os funcionários por lições importantes e úteis aprendidas, mesmo que um projeto não atinja os objetivos originais. Elas apoiam a colaboração entre as fronteiras organizacionais e não a competição entre funcionários ou unidades. Elas estão comprometidos com o crescimento de todos os membros, não apenas com palavras, mas com ações, como com oportunidades de desenvolvimento e promoção amplamente disponíveis.”
Não é só sobre esforço
Ainda que muitos considerem que fomentar a mentalidade de crescimento, inclusive nas organizações, se limite a recompensar o esforço, a especialista alerta sobre isso.
“Esforço improdutivo nunca é uma coisa boa. É fundamental recompensar não apenas o esforço, mas o aprendizado e o progresso, e enfatizar os processos que geram essas coisas, como buscar ajuda de outras pessoas, tentar novas estratégias e capitalizar os contratempos para avançar efetivamente.”