“A escuta ativa é 90% do caminho para liderança”: as lições da líder de Gente da Stone

´Foto de rosto de Monica Santos, líder de Gente da Stone, uma mulher branca, loira de cabelos compridos, que sorri no retrato.
Monica Santos, líder de Gente da Stone,

Chorar junto com um funcionário durante um processo demissão pode ser encarado como sinal de fraqueza por muita gente, mas revela, acima de tudo, humanidade. Esse é um dos momentos que Monica Santos, hoje líder de Gente na Stone, compartilhou ao relembrar sua trajetória em grandes empresas, como Nokia, Google e própria Stone. Na visão de Monica, escuta ativa e as relações genuínas são os verdadeiros diferenciais de quem quer liderar — e ela aprendeu que grandes líderes não nascem prontos, mas se formam através das escolhas, quedas e, sobretudo, da coragem de seguir aprendendo

Em edição do Carreira de Excelência Na Prática, Monica Santos compartilhou aprendizados de sua trajetória profissional e refletiu sobre os pilares de uma liderança humanizada. Com uma carreira construída sobre decisões ousadas e um olhar atento às pessoas, ela destaca que tão importante quanto o conhecimento técnico é o desenvolvimento de habilidades comportamentais e a construção de uma rede de relações genuínas. Conheça os principais momentos e aprendizados da sua jornada:

Dos tropeços ao propósito

Filha de engenheiros, Monica contou que começou a faculdade de Engenharia Química sem muita convicção. Já no primeiro dia de aula, percebeu que aquele não era seu caminho. Depois de convencer a família, migrou para a psicologia, área com a qual já se identificava, e logo descobriu sua vocação para o RH.

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Seu primeiro estágio foi no Banco Pactual, onde ficou por três anos. Logo depois, embarcou no universo das startups, onde, sem estrutura ou manual, aprendeu na prática. “Você faz tudo. Não tem com quem aprender, mas aprende fazendo.” Ela enfrentou, inclusive, a dolorosa tarefa de preparar cartas de demissão para toda a equipe por duas vezes, antes que a redução de pessoal se concretizasse. Monica destacou a importância do profissionalismo ao participar da comunicação de desligamentos, mesmo sabendo que seria uma das pessoas a sair: “Eu, claro, estou fazendo o meu trabalho”.

Experiência internacional e reviravoltas

Na Nokia, Monica passou quase oito anos, entre São Paulo, Rio de Janeiro, e depois no México, onde atravessou a fusão da empresa com a Siemens. A oportunidade de uma transferência para Munique, na Alemanha, parecia a concretização de um sonho, mas foi interrompida por um congelamento global de contratações. “Foi frustrante, mas entendi que não era sobre mim”, afirmou.

No México, decidiu enviar currículos para empresas dos sonhos, como Google, Apple e Pixar. O Google foi o único com vagas na América Latina. Paralelamente, recebeu uma proposta da própria Nokia para trabalhar na Turquia. Teve que escolher entre Istambul e uma proposta do Google em Belo Horizonte, e acabou optando pelo Brasil. “Foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado, com um ‘Q’ de sorte.”

No Google, atuou por mais de 11 anos como HR Business Partner e depois diretora, atendendo times de engenharia em toda a América Latina. Apesar da admiração pela empresa, sentia falta de autonomia. “Muitas decisões eram centralizadas na Califórnia”, disse. O desejo de causar mais impacto a levou a sair em busca de novos desafios.

A coragem da mudança e a humanização nos layoffs

Monica entrou na Loggi, empresa de logística, em janeiro de 2020. Pouco tempo depois, veio a pandemia. “Se a proposta tivesse chegado durante a pandemia, eu não teria ido. Ia querer segurança”, confessou.

Na Loggi, teve que liderar demissões, experiência que enfrentou com empatia. “Se aquilo precisa acontecer, você pode fazer de qualquer jeito: botar todo mundo numa sala, mandar um e-mail. Ou pode fazer com cuidado, com humanidade.” O mesmo cuidado teve no Google, quando chegou a chorar junto com uma pessoa que estava desligando. “Não é porque você está fazendo aquilo que precisa ser frio e desumano.”

O presente na Stone e as lições para quem quer liderar

Depois de cinco anos na Loggi, Monica aceitou o convite para liderar o RH da Stone, atraída pelo desafio de atuar em uma empresa brasileira com mais de 15 mil funcionários. Lá, continua promovendo uma cultura humanizada — com gestos simples, como enviar bolos personalizados de aniversário para os colaboradores.

Ao falar sobre liderança, Monica compartilha conselhos práticos:

  • Escuta ativa: “É uma habilidade que sigo desenvolvendo. A tendência humana é pensar na resposta enquanto o outro fala. Às vezes, basta escutar. A empatia passa por aí.”

  • Protagonismo: “Não seja passivo. Quando vir um problema, não aponte, tente resolver. O papel do líder é remover barreiras.”

  • Aprendizado contínuo: “É talvez a habilidade mais importante. O conhecimento se torna obsoleto rápido. Não tenha medo de perguntar, de errar, de dizer que não sabe.”

  • Relações genuínas: “Trate bem as pessoas. Com carinho, respeito, verdade. Isso constrói vínculos e faz as pessoas quererem estar por perto.”

  • Dedicação no início da carreira: “No começo, enfie a cabeça, aprenda. Quem troca de emprego a cada seis meses tem pouca chance de causar impacto.”

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Monica fez MBAs, cursos internacionais e continua estudando. “Estudar sempre vale a pena. Seja um curso formal ou um bom livro, é isso que abre a cabeça.”

Para ela, a liderança não é dom, é prática: “Você vai aperfeiçoando, aprendendo, exercitando.” E conclui: “A gente é humano, e está tudo bem. A questão é: o que você faz com isso. Como lida com o erro”.

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