Em 2017, o mundo acompanhou surpreso a ascensão meteórica de uma jovem neozelandesa ao poder. Aos 37 anos, Jacinda Ardern se tornou a mais jovem primeira-ministra da Nova Zelândia em mais de 150 anos, e uma das mais jovens líderes globais da era contemporânea. Em um cenário político frequentemente dominado por figuras assertivas e retóricas agressivas, Ardern conquistou atenção internacional por adotar um estilo diferente: uma liderança guiada pela empatia, colaboração e firmeza sem autoritarismo.
Agora, dois anos após sua saída voluntária do cargo e em meio a reflexões sobre o esgotamento de lideranças políticas, Ardern lança A Different Kind of Power (Um Tipo Diferente de Poder), um livro que se propõe a mostrar como é possível liderar de maneira humana e eficaz, mesmo em contextos desafiadores. Com relatos pessoais, bastidores de momentos críticos e lições que transcendem a política, a obra vem sendo elogiada por oferecer um novo modelo de liderança para tempos incertos.
Reunimos os principais aprendizados de Jacinda Ardern descritos no livro. Veja o que a ex-primeira-ministra descobriu ao longo da sua trajetória sobre o poder, o serviço público e a força de liderar sendo fiel a si mesma.
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1. Dizer “sim” mesmo sem se sentir pronta
Ardern relata que, ao longo da carreira, hesitou em aceitar cargos por insegurança. Mas foi ao “dizer sim” mesmo sem plena confiança que encontrou crescimento. A decisão de concorrer à liderança do Partido Trabalhista às vésperas de uma eleição, por exemplo, veio só depois de muita insistência de colegas.
2. A empatia como força política
Enquanto era aconselhada a endurecer sua postura, Ardern escolheu manter a empatia como marca registrada. Essa abordagem se provou essencial em momentos de crise, como o atentado em Christchurch, um ataque terrorista a duas mesquitas que deixou 51 mortos. Nessa ocasião, ela liderou com sensibilidade e ação rápida, banindo armas semiautomáticas em menos de um mês.
3. Liderar é servir
No livro, ela reitera que o poder deve ser um meio, não um fim. Sua visão de liderança está profundamente ligada à ideia de serviço às pessoas, rejeitando o culto à autoridade. Para ela, ser líder não é estar acima, mas ao lado.
4. Maternidade e política: um novo retrato
Durante a formação de governo, Ardern descobriu que estava grávida. Mesmo enfrentando enjoos e o cansaço extremo da gravidez, participou de reuniões cruciais. Depois, se tornou uma das poucas líderes mundiais a dar à luz no exercício do cargo. Para ela, essa jornada mostrou como é possível equilibrar papéis com autenticidade, sem negar a complexidade de ser mulher na política.
5. Reconhecer o esgotamento e renunciar com dignidade
“Fiquei sem combustível”, disse Ardern ao anunciar sua saída, em 2023. No livro, ela narra como essa decisão foi motivada por uma profunda reflexão sobre limites pessoais e saúde mental, reforçando que reconhecer a hora de parar também é um ato de liderança.
6. Combater a síndrome do impostor com preparação
A autora fala abertamente sobre suas inseguranças e crises de ansiedade. Em vez de negá-las, ela usou esses sentimentos como impulso para estudar, ouvir mais e se preparar melhor. “Não é preciso ser a mais confiante da sala, basta estar aberta ao aprendizado”, escreve.
7. Guiar decisões por valores
Mesmo com raízes mórmons, Ardern defendeu causas progressistas como o casamento igualitário e a legalização do aborto. Ela compartilha os dilemas internos que enfrentou e reafirma no livro que liderar com valores claros é mais importante do que agradar a todos.
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8. Escutar é mais poderoso que gritar
Ardern nunca foi a mais barulhenta no Parlamento. Em vez disso, investiu em escuta ativa, especialmente com cidadãos comuns. A escolha de ouvir antes de responder construiu pontes e garantiu apoio mesmo em contextos adversos.
9. Crises exigem decisões rápidas e humanas
Durante a pandemia, a Nova Zelândia foi um dos primeiros países a fechar fronteiras. Ao mesmo tempo, Ardern promovia transmissões ao vivo de pijama, respondendo dúvidas da população com empatia. A combinação de clareza técnica e afeto comunicativo tornou-se sua marca.