Com 25 anos, João Victor Freitas não é um típico recém-formado. Formado em Direito, não só é mestrando na USP e atuou em casos de importância nacional, como acaba de iniciar seu programa de LL.M. em Harvard.
Criado pela mãe e pela avó no Maranhão, onde concluiu a graduação, fez um esforço para ter experiências nos grandes centros do país. Seu objetivo era se aproximar das oportunidades na área de advocacia empresarial, com a qual procurou atuar.
“Sempre fiquei nisso de buscar eventos e oportunidades fora do Maranhão, no sentido de conseguir desenvolver uma carreira de alcance nacional”, conta. Uma das iniciativas das quais participou, um concurso de monografia do escritório Levy & Salomão Advogados, lhe rendeu posição em uma equipe que inclui Ana Paula Martinez, eleita por duas vezes “melhor advogada do mundo”.
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Para o jovem negro, a inclusão da diversidade não deixou de ser um desafio no país. Ainda mais, nas carreiras tradicionais, que incluem o Direito – principalmente, a advocacia corporativa.
Essa é uma necessidade que, segundo ele, não é motivada apenas pelo “caráter afirmativo de corrigir a injustiça social do passado, mas também de inclusão e de diversidade como forma de melhorar a gestão”.
Embora exista uma certa “sensibilização”, atualmente, acerca do tema no setor público e privado “ainda temos uma longa jornada”, afirma o advogado. “É possível, sendo alguém pertencente a uma minoria, trilhar um caminho na advocacia e isso tem um efeito, de certa forma, dominó”, diz.
“Ter pessoas se destacando em posições de comando, tendo trajetórias de excelência dentro das organizações ajuda a naturalizar a presença dessas minorias nesses ambientes, mas isso precisa ser aliado com um pouco de política e vontade institucional de fazer a diversidade acontecer. É um desafio gigantesco; para todos nós.”
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Do concurso à atuação em casos de projeção nacional
Em 2013, ainda cursando Direito na Universidade Federal do Maranhão, pesquisando sobre o Marco Civil da Internet, João Victor se deparou com o anúncio do concurso de Monografia do Levy & Salomão. Ganhando, teria chande de fazer um estágio de férias em São Paulo. A oportunidade se alinhava bastante com o que ele buscava para sua carreira: era no setor da advocacia empresarial e no centro econômico do país.
“No dia final do protocolo do concurso de monografia, era aniversário da minha mãe, eu tinha um seminário na faculdade, faltou energia na minha casa. Tudo conspirando para eu não mandar o artigo”, brinca o advogado. “Se eu não mandasse, não ia acontecer nada na minha vida. Se eu mandasse, talvez acontecesse alguma coisa”, completa ele, que conseguiu enviar o trabalho e acabou sendo um dos finalistas.
Para João Victor, a resolução em buscar iniciativas externas foi determinante em seu sucesso mesmo jovem, e a qual ele atribui a duas características fortes em si mesmo, que servem bem também para o dia a dia da profissão. Primeiro, ter vontade de se arriscar e experimentar. Segundo, ser curioso: “eu só descobri o concurso de monografia porque estava fuçando na internet.”
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“Essa disponibilidade em se colocar no lugar de quem não sabe, ir atrás da informação, ajuda a conhecer muita coisa nova e a se desenvolver porque você aprende muito buscando”, reflete ele.
Dentro do escritório, foi convidado a estender seu estágio e, depois, a tornar-se parte do time oficial. Em partes, pela performance de destaque do jovem e também pelo perfil, próximo ao que buscavam e de acordo com a cultura do Levy & Salomão.
Na equipe de Direito Concorrencial, da qual Ana Paula Martinez também faz parte, João Victor atuou em diversos casos de projeção nacional, como na formulação de acordos de leniência e no desenvolvimento de programas de compliance pós Operação Lava Jato. “Desenvolvemos o primeiro programa de leniência interna de uma empresa brasileira, que inclusive ganhou um prêmio, do Global Investigation Review”, relata ele.
Esforço contínuo para o desenvolvimento
Do lado do advogado, ele conta sentir uma identificação com a cultura do escritório em que trabalha, principalmente pelo suporte dado à vida acadêmica dos profissionais, algo valorizado pelo próprio jovem em sua trajetória.
Além de mestrando na USP, hoje ele se dedica ao LL.M., o mestrado internacional em Direito, que cursa em Harvard com bolsa total da Fundação Lemann – e que lhe fez tirar uma “pausa” de um ano para estudar.
“Ter um lugar em que você consegue exercer uma advocacia de qualidade com a possibilidade de desenvolver uma carreira acadêmica que alimenta a sua profissional, acho que isso me fez me sentir em casa.”
De fato, em casa teve bons exemplos de esforço, dedicação, e estudo. A mãe, professora de Química de escolas públicas e particulares em São Luís, no Maranhão, e a avó, ex-servidora do Hospital Universitário do Maranhão, o criaram com uma lógica de valorização da experiência de aprendizado. E “com nenhum medo de trabalhar bastante”, acrescenta ele.
“O professor no Brasil tem que combinar uma série de fontes de renda para se manter e, especialmente, para criar uma família. [Com] minha mãe não foi diferente, e acho que essa disponibilidade de sair de casa cedo e voltar tarde para ir atrás das coisas que se quer foi algo determinante na minha formação para continuar sempre tentando; para quando tudo parece muito difícil, inalcançável, entender que é uma questão de segurar firme e seguir adiante.”
Inscrições abertas: 15º Concurso de Monografia do Levy & Salomão Advogados
Estudantes de Direito podem se inscrever para a edição recente do concurso que levou João Victor ao estágio no escritório. Para isso, é preciso escrever uma monografia sobre um dos três temas:
- Controle Judicial de fake news
- Tabelamento oficial de preços e negócios jurídicos privados
- Efetividade no Brasil de leis estrangeiras com efeitos extraterritoriais
Os trabalhos, que devem ter entre 10 e 15 laudas, precisam ser enviados até o dia 31 de outubro de 2018, por e-mail: ([email protected]