As chances são que você já tenha ouvido falar em fit cultural. Isso porque o termo se torna cada vez mais presente – e seu significado, mais valorizado – nos processos de recrutamento. “Fit cultural é a adaptação da pessoa em relação à empresa; ou seja, se os comportamentos e ações dela são próximos ao esperado pela empresa”, resume Lívia Kuga, líder de talent acquisition na Stone, companhia do setor de pagamentos.
Muitas companhias colocam o fit como um dos principais critérios para contratação, acima das competências técnicas, sob a perspectiva de que quase tudo pode ser aprendido e desenvolvido – mas ter um perfil adequado com a cultura facilitaria qualquer adequação necessária.
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É o caso da própria Stone, em que a cultura é tida como o mais valioso e importante valor da organização. “É o nosso grande diferencial competitivo”, explica Lívia. “E nada mais é do que a soma do comportamento das pessoas.” Por isso, selecionar profissionais com base no fit cultural facilita a seleção de pessoas alinhadas desde o início. “É assim que crescemos e é assim que garantiremos a perenidade da empresa”, completa ela.
A busca por profissionais que se identifiquem – e se engagem – com os parâmetros (inteligência, energia e integridade) acompanha a história da Stone, desde que era uma startup. “Acreditamos completamente que gente boa faz coisas grandiosas e escalabilizam o negócio”, afirma a líder de talent acquisition. Em 2015, com 80 pessoas e atendendo 100 clientes e, atualmente, com mais de 3500 profissionais que cuidam de uma base de mais de 100 mil clientes. “Só conquistamos o que conquistamos por termos pessoas alinhadas aos nossos valores e com estes parâmetros”, diz Lívia.
Como o fit cultural é avaliado
Na hora de avaliar, os recrutadores prestam atenção nos indícios de que o candidato compartilha os principais valores que orientam a cultura da empresa. Principalmente, nas entrevistas, com perguntas específicas ou não, até mesmo quando você conta das suas experiências e feitos passados.
Para a Stone, por exemplo, o foco é “Inteligência, Energia e Integridade” – “elementos indissociáveis e inegociáveis para qualquer um que quiser trabalhar” lá. “Inteligência para saber alocar forças, reconhecendo que esforço sem resultado não é nada. Energia para querer chegar lá. Não basta apenas saber o caminho, ninguém pode chegar lá por você. E não existe evolução sem Integridade. E integridade não é o que você fala, é o que você faz”, detalha Lívia.
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Ela recomenda que o profissional conheça as características da cultura e avalie se se identifica. Para analisar com precisão, no entanto, é preciso ter um nível desenvolvido de autoconhecimento. Só ele faz com que a pessoa tenha total ciência sobre seu perfil, competências, pontos fortes e fracos, seja em traços de personalidade ou capacidades.
E, quem está dentro, consegue se adequar? Para a líder de talent acquisition, sim. Basta ter disposição e vontade. Ela dá um exemplo: na Stone, os profissionais são bastante voltados a resultados. Mesmo que não é assim, vendo que há um esforço e atenção, os membros do time podem buscar desenvolver esse valor. Em vez de se incomodar quando alguém pergunta sobre resultado. “Acho que tem muito mais a ver com a vontade da pessoa em se abrir para novos jeitos do que qualquer outra coisa”, resume ela.