O dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, foi criado em 1917 como uma celebração das lutas por melhores condições das mulheres. Mais de 100 anos depois e boa parte das condições ainda não se igualam às dos homens. Um exemplo recente: em 2018, o Datafolha apurou que 42% das mulheres brasileiras com mais de 16 anos já sofreu assédio. De todas, 15% teve experiências relacionadas no trabalho. Apenas entre as que possuem curso superior, essa taxa chega a 23%.
A organização Wharton Social Impact Initiativa se debruçou sobre centenas de estudos acadêmicos sobre o tema e entendeu o que são os principais fatores para uma empresa ser um bom lugar para mulheres trabalharem. Confira suas descobertas, destrinchadas em artigo do site Fast Company
Os 4 fatores primordiais para o ambiente de trabalho
O relatório identifica quatro aspectos críticos que são importantes para as mulheres. representação, remuneração, saúde e satisfação.
Representatividade
As empresas que foram bem qualificadas em relação a esse fator têm um grande número de mulheres em todos os níveis e unidades da organização. Aqui, o benchmark utilizado foram dados do órgão americano Bureau of Labor Statistics: mulheres representam 43% da força de trabalho atual.
Salários
Em relação ao pagamento, as empresas têm que fornecer salários que não as deixassem atingir linhas de pobreza e fosse igual ao dos homens que exercem a mesma função.
O hiato de pobreza entre homens e mulheres é significativo, de acordo com o Censo dos EUA. Em 2017, 9% dos homens e 13% das mulheres caíram para baixo da linha da pobreza, mas esse número saltou para 41% das mulheres que criam crianças sozinhas versus apenas 19% dos homens que criam crianças sozinhas.
Saúde e satisfação
Para uma organização ser um bom lugar para mulheres trabalharem, saúde e satisfação precisam ser apoiados em todos os setores para ambos mulheres e homens. Saúde engloba seguro de vida, bem como benefícios como licença parental paga, proteção contra ferimentos e fatalidades, estresse e assédio.
Por que todos importam igualmente
Katherine Klein, professora de administração da Wharton School da Universidade da Pensilvânia e vice-reitora da Wharton Social Impact Initiative, destaca a importância de todos os aspectos funcionarem em conjunto:
“Na verdade, você não pode olhar para qualquer um dos quatro fatores isoladamente. Você não gostaria de trabalhar em uma empresa onde as mulheres são bem representadas em toda a empresa – um dos quatro fatores em nossa estrutura -, mas ainda são mal remuneradas, assediadas e insatisfeitas.”
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Como identificar um bom lugar para mulheres trabalharem
Não é fácil identificar se uma companhia é boa para as mulheres na hora de procurar um emprego. E, muitas vezes, a necessidade sobrepõe a importância de checar esses fatores nessa fase. Apesar disso, Klein indica se atentar: a empresa publica estatísticas sobre sua representatividade e práticas relacionadas? Existe uma diferença salarial em relação aos homens?
Quatro perguntas podem ajudar na investigação (elas podem ser feitas durante uma entrevista, por exemplo):
- Eu vejo que vocês têm vários programas para apoiar as mulheres na empresa. Quais métricas vocês acompanham para saber se eles são eficazes? E vocês compartilham esses dados?
- Quais são os principais desafios que as mulheres enfrentam neste setor? O que esta empresa está fazendo para combater isso?
- Espero juntar-me a uma empresa onde posso crescer no meu papel e dar uma contribuição real. Vi que um número crescente de empresas está optando por divulgar publicamente sua composição de gênero e diferenças salariais entre homens e mulheres. Essa informação está disponível?
- Vocês medem a satisfação no trabalho dos funcionários? Você pode compartilhar informações sobre a satisfação no trabalho nessa empresa?
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