O Portal DRAFT continua a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete da vez é equity crowdfunding…
O que acham que é: O mesmo que o crowdfunding tradicional, no qual pessoas investem dinheiro em um negócio e ganham o produto a ser lançado ou brindes como recompensa.
O que realmente é: Também conhecido como Crowdequity, Equity Crowdfunding (ou investimento coletivo), segundo Frederico Rizzo, fundador da Broota, empresa pioneira em Equity Crowdfunding no Brasil, é o investimento coletivo em startups, uma Oferta Pública ou “mini IPO” (Inicial Public Offering), que o empreendedor disponibiliza para um grupo de investidores através da internet. É diferente do crowdfunding tradicional, em que a pessoa recebe brindes ou mesmo o produto como recompensa pelo capital aportado (o Draft fez uma análise detalhada desse mercado aqui). “No Equity Crowdfunding o investidor recebe, como contrapartida, uma participação acionária na empresa apoiada”, diz. Samy Dana, professor de finanças da Faculdade Getúlio Vargas (FGV), diz que se, por um lado, o Equity Crowdfunding é mais moderno do que o financiamento coletivo tradicional, por outro, acarreta em obrigações legais. “Por ser sócio, o investidor responde proporcionalmente ao seu percentual pela empresa. É um processo bem mais complexo de financiamento já que o investidor está entrando numa sociedade”, afirma.
No Brasil, o Equity Crowdfunding é possível desde 2010, mas só foi posto em prática em 2014, ano da fundação da Broota, que realizou uma Oferta Pública com dispensa de registro para captar os 200 mil reais necessários para testar o negócio. Desde então, já captou mais de 4,5 milhões de reais para 15 empresas. Ainda assim, o mercado brasileiro é pequeno e corresponde a menos de 0,3% do americano. Por lá, mais de meio bilhão de reais foi investido em startups pela internet em 2014, mas o mercado norte-americano ainda estava restrito aos chamados accredited investors, pessoas que têm renda ou patrimônio bastante alto a ponto de poderem assumir o risco.
No Brasil, outras plataformas de Equity Crowdfunding são Eusocio, Startmeup e Empreenda.vc.
Quem inventou: Rizzo diz que o conceito de financiamento coletivo é antigo e cita, como exemplo, a Estátua da Liberdade (inaugurada em 1886), construída graças a uma campanha em jornal que atraiu milhares de cidadãos norte-americanos que, em troca da colaboração, tiveram seus nomes publicados. Já para Equity Crowdfunding não existe exatamente um inventor.
Quando foi inventado: Se considerarmos a aplicação do conceito e não a sua invenção, a data é 2009, ano do lançamento da primeira plataforma, ainda em beta, de Equity Crowdfunding, na Inglaterra.
Para que serve: Do lado dos investidores, para diversificar o portfólio de investimento e investir em startups a partir de 1 mil reais e ter acesso a oportunidades que não são facilmente encontradas para quem não é do setor de tecnologia ou empreendedorismo. “Além disso, o Crowdequity diminui o custo de transação ao disponibilizar boa parte da diligência e processo de investimento de forma online e padronizada”, fala Rizzo. Do lado dos empreendedores, serve para aumentar a velocidade na captação e diminuir a fricção nesse complexo processo. O Equity Crowdfunding também dá mais visibilidade à empresa, auxiliando na construção da marca, e proporciona um efeito social, pois os investidores acabam se tornando evangelizadores do negócio.
Quem usa: Geralmente startups que envolvem projetos inovadores e, muitas vezes, com impacto social. Já os investidores que apoiam esses projetos são, em geral, executivos e empreendedores que já investem na bolsa e ou querem apoiar novos empreendedores. A Impact Hub, rede global de espaços de coworking, acaba de levantar mais de 600 mil reais em equity crowdfunding pela Broota.
Efeitos colaterais: Para empreendedores, pode haver dificuldade no relacionamento com investidores se não houver uma pessoa física ou jurídica organizando a multidão de investidores. Para o investidor, o risco alto. “O investidor deve fazer uma boa diligência antes de optar por investir. Por se tratarem de empresas de capital fechado e muito iniciantes, não existem auditorias que garantam o compartilhamento de todas as informações ao público, o que pode gerar uma assimetria de informação”, fala Rizzo.
Quem é contra: Samy Dana diz que não há quem seja contra e sim quem acredite ou não no projeto. “A estrutura não é o que faz o projeto ter sucesso ou não”, diz. Frederico Rizzo fala que, de forma geral, são raras as organizações e pessoas que se posicionam contra, já que o modelo tende a atrair mais recurso para todos os envolvidos, tanto empreendedores como investidores mais sofisticados. “O que se vê são criticas a determinados tipos de Equity Crowdfunding, principalmente a plataformas que não fazem boa curadoria dos negócios”, afirma.
Para saber mais:
1) Assista ao TEDx Equity crowdfunding, de Rafael Vasconcellos, sócio fundador da Eusocio.
2) Leia, na Inc. Magazine, o texto Equity Crowdfunding by the Numbers, um balanço com estatísticas e aprendizados dos dois primeiros anos do Equity Crowdfunding nos Estados Unidos e o que esperar Title III Equity Crowdfunding.
3) Assista ao vídeo What is Equity Crowdfunding e entenda do que se trata em pouco menos de quatro minutos.