Primeiro diretor nacional do metabuscador de voos e hotéis Viajala, Eduardo Martins enxerga trabalhar em startup internacional como catalisador de uma busca constante por conhecimento. O aprendizado contínuo não é só um desafio relacionado à sua função, especificamente, mas sim à própria estrutura de empresas inovadoras, que demandam um alto grau de autonomia. E também de ambição, que “vale 10 vezes mais do que para uma empresa consolidada”, explica.
O site brasileiro do Viajala foi lançado em outubro de 2016, e o executivo havia começado a trabalhar lá um mês antes. A primeira etapa da sua trajetória na empresa teve reflexos efetivos no processo de estruturação da companhia. “Todo o progresso foi fruto de ações de empreendedorismo, buscar novas parcerias e alternativas que talvez funcionem só aqui”, conta. Com menos de um ano e meio de funcionamento no país, o Viajala, que está presente em outros oito países, já tem no Brasil seu segundo maior mercado.
A chance de exercitar o empreendedorismo também é uma oportunidade que Eduardo atribui, em específico, a trabalhar em uma startup. Apesar de muitas instituições consolidadas incentivarem ações inovadoras, elas geralmente têm menor escala e dependem da função e da cultura da instituição. “Em uma startup, você tem que pensar como se fosse dono de um pedaço da empresa”, diz. Isso significa idealizar processos, gerenciá-los e obter resultados próprios.
Startup x Grandes Empresas
Quando se fala em estrutura organizacional, geralmente as startups são “horizontais”, com pouca ou nenhuma hierarquia. Muitas vezes, os funcionários têm acesso direto aos mais altos executivos e bastante autonomia para tomar decisões. Já em uma organização com a estrutura mais complexa, há maior possibilidade de ampliar habilidades pessoais relacionadas a lidar com a hierarquia e necessidade de respeitar processos. Na opinião de Eduardo, todos que desejam trabalhar no ambiente corporativo deveriam passar pelos dois mundos. “Com as duas experiências, o profissional consegue desenvolver um espectro completo de competências pessoais e técnicas”, explica.
Ele, que atuou em empresas grandes como IBM e Oracle, também vê diferença nas formas de aprendizado: enquanto empresas grandes possuem métodos mais rígidos, contando com centros de treinamento e parcerias com instituições de excelência, em uma startup internacional a formação é bem menos convencional – ele passou a buscar conhecimento em outras fontes, como no seu networking e com seus colegas.
A oportunidade em uma startup pode encurtar o tempo de amadurecimento profissional. Por isso, Eduardo considera que, para um jovem, a experiência é especialmente interessante. “Ele vai ter que desenvolver rápido um alto nível de disciplina, de autogestão, iniciativa, autocontrole e trabalho em equipe”, relata o diretor.
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Desafios de trabalhar em startup internacional
Responsável por buscar parcerias para o site, Eduardo mantém relacionamentos com empresas da Europa e também Canadá e Estados Unidos. Além dos parceiros, comunica-se frequentemente com colombianos, argentinos e franceses que administram o Viajala regionalmente. “Isso me traz aprendizado não só do idioma, como de boas práticas de mercado”, conta.
Outro de seus desafios como diretor nacional da startup global é “garantir que a empresa funcione bem para os brasileiros”. O obstáculo, nesse quesito, é que ele deve convencer a gestão do Viajala, que é formada por estrangeiros, do que é melhor para o mercado interno. Ao mesmo tempo que nas empresas nacionais, a atuação limitada ao país possibilita mais facilidade no conhecimento do mercado e adaptação rápida.