Após 37 anos como editor do jornal The New York Times, Glenn Kramon decidiu se tornar professor. Era o caminho natural, afinal, para um jornalista que liderou dezenas de equipes de repórteres na conquista de dez prêmios Pulitzer. Sua experiência, riquíssima em termos de conhecimento, teria grande valor acadêmico.
Em 2014, então, Glenn retornou a Stanford, sua alma mater, para lecionar na escola de negócios. À sua frente, um grande desafio: ajudar os profissionais do futuro a se comunicar melhor – tanto em sua forma oral quanto na forma escrita.
Nesta semana, o jornalista resumiu parte dos ensinamentos que repassa aos seus alunos em uma aula magna para brasileiros. A exposição, para uma plateia de 200 pessoas, aconteceu durante o Encontro Anual da Fundação Estudar.
“Você pode mostrar que é um líder inspirador e construtivo pela maneira como você escreve e fala”, explicou ele. “Inspirar, porém, é mais difícil em tempos de polarização, apesar de ser ainda mais necessário.”
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Os 4 passos de Glenn Kramon
Conheça sua audiência
Para Glenn, o primeiro passo para se comunicar bem é conhecer melhor os seus interlocutores. Assim, ele explica, conexões se estabelecem.
“Quando você faz isso, e consegue fazê-los sorrir, ele são mais propensos a lembrar de você”
Nesse caso, é preciso entender quais são os temas que importam às pessoas, com elas vivem, quais são suas dores e cada minúcia, enfim, de suas rotinas.
Seja um em um milhão
Um outro ponto, para o professor, é a diferenciação. Segundo ele, as pessoas costumam ter preguiça de se comunicar de maneira distinta.
O início dos e-mails é um grande exemplo.
“Caro, fulano”, o cumprimento clássico do início de mensagens, faz com os leitores colocam uma mensagem no rol das comuns, explica ele.
“Sempre digo aos estudantes que não comecem os e-mails assim. É preciso se distinguir.”
Para isso, como em qualquer tentativa de comunicar melhor, é preciso testar e aprimorar a partir dos feedbacks recebidos.
Mantenha seu texto simples
Ao conhecer sua audiência e entender caminhos para se diferenciar, o próximo passo é conseguir manter a simplicidade. É isso, na visão de Kramon, que torna os textos mais universais e fáceis de interpretar.
Como exemplo, o especialista cita a frase do escritor William Shakespeare, talvez a mais célebre da literatura mundial.
“‘Ser ou não ser?’, a pergunta de Hamlet, é uma frase cuja maior palavra tem apenas três letras”, assinalou Glenn.
Ser simples, no fim das contas, ajuda os interlocutores a compreender os assuntos com mais facilidade. O comunicador, nesse caso, é quase um tradutor de assuntos complexos.
Transmita sua humanidade
Por fim, o professor indicou algo que, para ele, é ainda mais crucial nos tempos modernos: a humanidade na comunicação.
A frase de Maya Angelou, para Kramon, resume esse ensinamento:
“As pessoas vão se esquecer do que você disse e o que você fez. Mas as pessoas nunca vão esquecer o que você as fez sentir.”
Um exercício para se aproximar desse ideal, na visão do professor, é ampliar as oportunidades de nos comunicarmos com emoção.
“Surpreenda ao menos uma pessoa diariamente com uma palavra de gratidão”, indicou ele. “Escreva para pessoas que não esperam um ‘obrigado’ de você. Isso fará com que elas se lembrem de você no futuro.”