Região mais vasta do Brasil em termos geográficos, o Norte abriga 7% dos brasileiros. São cerca de 15 milhões, segundo o Censo 2010. É o potencial humano dessa imensidão que interessa Juliana Teles, jornalista por formação e sócia do Impact Hub Manaus, que integra a rede global de espaços colaborativos Impact Hub. Com inauguração marcada para agosto, o segundo coworking da cidade servirá de ponto de encontro para empreendedores.
Natural da cidade, Juliana ficou raízes de volta quase sem querer. Após experiências em São Paulo, onde integrou a equipe nacional da AIESEC, um intercâmbio em Uganda e trabalhos em projetos sociais Amazônia adentro, viu-se atraída pela ideia de ajudar outros a desenvolverem seus projetos. “Tem muita gente boa que sai de Manaus para fazer as coisas ou fica aqui e continua na inércia”, explica. “Elas não encontram as pessoas ou as ferramentas certas e a ideia morre.”
A vontade de empreender na área começou a germinar quando ela participou do Liderança Na Prática 32h em 2013. “Foi a primeira vez que encontrei pessoas fora da AIESEC que também queriam transformar Manaus”, lembra ela, que também foi presidente da organização universitária na cidade. “Eram quarenta pessoas que falavam da sua vontade de fazer a diferença no mundo.”
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Empolgada, tornou-se multiplicadora do programa em Porto Velho, em Rondônia, e em Belém, no Pará. “O Liderança Na Prática acontece de fim de semana, quando todo mundo se junta e se adora e tem encontros incríveis, mas onde nos encontramos depois?”, questiona. “Com o Impact Hub, queremos ser o lugar da segunda, da terça, da quarta…”
Por etapas A decisão de criar o espaço foi calcada no pragmatismo. Entre os dois sócios, Juliana e Marcus Bessa sabiam que tinham energia e conhecimento limitados. Ao oferecerem um local para trocas e convivência, pensaram, o potencial de impacto seria muito maior.
“Um de nossos propósitos é dar mais opções de escolha para os outros”, diz ela. “É a questão do autoempoderamento. Queremos que as pessoas pensem: ‘Eu posso fazer isso, então quais são os caminhos?'”
Em 2014, quando Juliana já integrava Global Shapers Manaus – movimento que une jovens que pensam ações de impacto locais, ligado ao Fórum Econômico Mundial –, ambos passaram uma semana no Impact Hub paulista para tirar dúvidas. No ano seguinte, ela pediu demissão do emprego e passou a focar nas fases iniciais de desenvolvimento, como captação de investimento.
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Depois, enfrentaram todas as etapas do processo seletivo do Impact Hub, que exige plano de negócios, planejamento financeiro de cinco anos, análise de mercado e uma série de entrevistas, entre outros requisitos. Fundada na Áustria, a rede conta com 81 espaços espalhados pelo mundos, cinco deles no Brasil.
Comunidade O crivo se estende aos membros da comunidade fundadora, que estão sendo escolhidos cuidadosamente pelos dois. A ideia é misturar, nas palavras de Juliana, jovens e adultos, empreendedores e cientistas. Uma vez abertas as portas, todo mundo será bem vindo. “Queremos que a comunidade seja a mais diversa possível”, diz ela.
Enquanto o Impact Hub Manaus não tem sua inauguração oficial, a dupla organiza eventos pontuais, como palestras e workshops.
Depois de passar por diversos empregos, Juliana supervisiona as obras entusiasmada. Aos 25 anos, ela não tem pressa. “Enquanto jovens, é importante termos paciência e calma porque já queremos ter um império construído ao sair da faculdade”, diz. “Mas toda trajetória é válida, desde que a pessoa saiba que está aprendendo e tenha alguma ideia de onde quer chegar.”