Num primeiro momento, pode parecer difícil entender como um banco pode reduzir sua pegada de carbono. Afinal, bancos não são indústrias; eles não produzem bens tangíveis que resultem diretamente na emissão de poluentes.
Dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep), porém, mostram que pelo menos 94% das instituições financeiras reconhecem a sustentabilidade como prioridade estratégica.
Apesar disso, as soluções ainda parecem pouco avançadas – pelo menos segundo relatório da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Segundo o órgão, “faltam políticas e procedimento claros” para lidar com a questão da sustentabilidade.
Nesse cenário, uma pergunta vem à tona: como um banco de verdade entende e tenta resolver a questão das mudanças climáticas?
Para ajudar nessa questão, o Na Prática ouviu Fábio Guido, gerente de Sustentabilidade e ESG do Itaú, durante sua participação na Conferência Gestão e Inovação, da Fundação Estudar. Guido explicou a evolução da sustentabilidade nas empresas e as estratégias do banco para reduzir a pegada de carbono.
O que é sustentabilidade para o Itaú?
Segundo Guido, a evolução da sustentabilidade dentro das empresas pode ser dividida em três marcos principais: contabilidade dos impactos, integração das ações ao negócio e mensuração.
“As empresas começaram a incluir na contabilidade o impacto social e ambiental que elas causavam,” explicou Guido. “Inicialmente, essas ações eram muitas vezes desconectadas do core business da empresa.”
Com o tempo, as empresas perceberam a necessidade de trazer essas ações para dentro de seu funcionamento.
“Pensar em como as ações contribuem para o funcionamento da organização e vice-versa se tornou essencial,” disse Guido.
Hoje, segundo ele, é fundamental medir os impactos ambientais e seguir as agendas de ESG (Environmental, Social, and Governance). Guido destacou a importância dessa mensuração para a tomada de decisões estratégicas.
Redução da pegada de carbono no Itaú
Guido também abordou como o Itaú pensa a redução de sua pegada de carbono, destacando os principais produtores de gases de efeito estufa dentro do banco e suas estratégias para mitigá-los.
Uma das maiores fontes de emissões de gases de efeito estufa em um banco vem do impacto financiável.
“Ao emitir crédito, o cliente pode usar esse crédito para criar uma atividade que polui o meio ambiente,” explicou Guido. “Portanto, o Itaú faz um esforço significativo para investir em negócios mais verdes, que tenham um menor impacto ambiental.”
Dentro do banco, segundo o gestor, faz-se um esforço para investir em negócios mais verdes, de menor impacto. Isso inclui, entre outras coisas, financiamentos que promovam práticas sustentáveis e a adoção de tecnologias limpas.
Hoje, há um plano de destinar 266 bilhões de reais a negócios a economia sustentável, verde e inclusiva. No relatório de 2023, o mais recente, é possível ver para quais categorias de negócios os destinos estão sendo alocados. Em um ano, 3,4 bilhões de reais foram para iniciativas verdes e inclusivas.
Ao adotar essas práticas, o Itaú busca não apenas reduzir sua própria pegada de carbono, mas também influenciar positivamente o mercado e promover um futuro mais sustentável.