Se você está no seu emprego há algum tempo, provavelmente já pensou que está na hora de ter um aumento de salário. Mas, afinal, como definir se é o momento — e como se preparar para fazer esse pedido?
Época NEGÓCIOS conversou com dois consultores de carreira para entender o que considerar, o que fazer e o que evitar nessa hora de abordar a chefia sobre o tema. Mais do que a sensação de merecimento, a conversa deve envolver elementos concretos que ajudem a justificar e nortear o pedido.
Antes de partir para o pedido
#1 Separe um tempo para a autocrítica
Seus resultados têm sido acima do esperado? Você tem exercido mais funções e responsabilidades do que antes ou do que outros membros da equipe? Contribuiu para outras áreas além da sua própria? Se as respostas para perguntas como essas forem sim, vale a pena ter essa conversa. “Coerência, autoconhecimento e uma dose de humildade são importantes para fazer uma autocrítica real e concreta”, destaca Ricardo Haag, diretor da PageGroup Brasil.
Se a resposta for não, o pedido será difícil de ser sustentado e poderá gerar constrangimento. “Pedir um aumento sem ter resultados compatíveis pode gerar no gestor a sensação de que a pessoa não tem noção do que precisa fazer”, diz Haag. Segundo ele, esse cenário muitas vezes reflete uma falha da gestão ao não deixar claro o que espera do empregado.
#2 Avalie o mercado
Estudar o mercado e conhecer as faixas salariais para o seu cargo é outro bom termômetro. “Quando você fica muito tempo dentro de uma empresa, seu salário tem a tendência de estagnar e se desvincular do mercado”, explica Miriam Grobman, consultora de estratégia e desenvolvimento de liderança. “Se você descobrir que está sendo pago muito abaixo do mercado, terá argumentos e números para pedir um aumento.”
Segundo ela, também pode ser útil ter uma conversa com o RH e a chefia para entender em que patamar você se encontra em sua faixa salarial — e, portanto, se terá mais ou menos impulso para pedir um ajuste. Grobman também recomenda participar de processos seletivos para entender como o mercado está valorizando o seu perfil.
#3 Olhe para dentro da empresa
Na hora da abordagem
#4 Prepare seus argumentos
Reúna dados e informações que evidenciem os seus resultados. Se você trabalha em uma área em que eles não são numéricos e não tem tanta visibilidade, a dica é reforçá-los quando tiver oportunidades. “O marketing pessoal é positivo desde que seja feito com dados e fatos e que o desempenho seja mesmo diferenciado”, diz Haag. Segundo ele, o que não vale (e pega mal) é tentar “vender” desempenhos medianos como se fossem acima da média.
Para os dois consultores, justificar um pedido de aumento com necessidade financeira não é um bom caminho. “Se você tiver um relacionamento pessoal com sua chefe, isso pode te ajudar. Mas você o estará colocando em uma posição desconfortável e pode não parecer profissional”, explica Miriam Grobman.
#5 Escolha um bom momento
As pessoas são emocionais. Se seu chefe está estressado, ocupado ou de mau-humor, convém esperar por um momento em que ele esteja mais disposto a falar. “Pode ser um momento aleatório ou depois que ele te elogiar por algum trabalho feito, por exemplo”, indica a consultora.
Segundo ela, ao contrário do que muitos pensam, o fim do ano não costuma ser um bom momento para essa conversa. A essa altura, a maioria do orçamento do próximo ano já foi definido e a flexibilidade é menor.
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#6 Cuidado com o tom
A conversa com a chefia deve ser ponderada, educada e transparente — e jamais ter um tom de pressão ou ameaça. Segundo Haag, ameaçar procurar um salário melhor no mercado caso não receba um aumento é um caminho perigoso.
“Por mais que haja uma conquista no curto prazo, o gestor passará a saber que você é uma pessoa que valoriza mais o dinheiro do que a carreira”, diz o diretor do PageGroup Brasil. “Ele pode já começar a pensar em um plano B e, na próxima vez, agradecer pelo seu serviço e contratar outra pessoa.”
#7 Saiba lidar com um não — e use-o a seu favor
Se a resposta for não, é importante exercer maturidade. Evite birras e pergunte os porquês por trás da negativa. “Nem sempre sua autopercepção é alinhada à percepção dos outros. É aí que entra um aspecto de humildade”, diz Haag.
Se for uma questão de desempenho, busque entender o que precisa fazer para conseguir o sim e trace um plano de ação para os próximos meses. Segundo Grobman, vale a pena deixar esses pontos registrados, como em um e-mail enviado para a chefe. “Se depois desse tempo você fez tudo o que precisava fazer e a pessoa ainda diz que você não merece esse aumento, é preciso pensar se vale a pena ficar nesse time”, diz.
Esta matéria foi originalmente publicada em Época Negócios, portal parceiro do Na Prática.