Participar do programa de trainees de gestão pública da Vetor Brasil significa ser trainee em dose dupla: além de aprender como funcionam diversos níveis de governo de dentro, é possível adquirir competências e habilidades que podem ser transferidas para praticamente qualquer outro setor.
Antes de começarem suas experiências como funcionários públicos – que duram entre um e dois anos –, os participantes passam por treinamentos contínuos e traçam um plano de desenvolvimento individual (PDI).
Ao longo de todo o programa, que está com inscrições abertas até 9/4, são acompanhados por coaches e mentores de carreira.
“O Vetor oferece diversos treinamentos ligados à gestão pública e a áreas específicas, como a Educação, que são muito úteis para discutirmos novas ideias e descobrirmos novas fontes de material, além de dar acesso a uma rede de contatos ampla”, explica Mariana Suplicy, atualmente na Secretária de Educação do Estado do Pará.
A rede, que inclui ex-participantes e gestores sêniores, é feita para atender diversos tipos de dúvidas, estejam elas relacionadas a setores como direito administrativo ou habilidades como dúvidas sobre Excel. O Vetor também acompanha o desenvolvimento dos jovens de perto. Quando acha necessário, conta Mariana, pode intervir na secretaria em seu favor para tentar solucionar problemas.
“Surpreendi-me muito positivamente com a qualidade do trabalho e esforço de vários funcionários”, diz ela, que é formada em economia pela FGV e trabalhou antes no Centro de Política e Economia do Setor Público (CEPESP-FGV) da instituição, pesquisando sobre corrupção e má gestão em municípios brasileiros.
Foi quando viu que os problemas de gestão eram maiores do que imaginava, mas que a falta de informação também atuava para criá-los – não era só corrupção, no fim das contas. “Temos uma visão muito pessimista do setor público, mas há muitos servidores e comissionados que desenvolvem um trabalho sério e se dedicam muito”, finaliza.
Impacto Para João Moraes Abreu, economista hoje alocado na SP Negócios, que integra a Administração Indireta da Prefeitura de São Paulo, não tinha outro caminho. Trabalhar com as grandes questões do desenvolvimento socioeconômico brasileiro passa, necessariamente, pelo Estado. “No Vetor, enxerguei a possibilidade de conhecer mais de perto o setor público para além do conhecimento teórico que já vinha adquirindo ao longo da faculdade e de debates com amigos e colegas”, explica ele, que foi presidente do Centro Acadêmico da FEA-USP.
Entre seus projetos atuais estão coisas que impactam diretamente a vida dos paulistanos, como a regulamentação do uso intensivo do viário que envolve o app Uber, ainda polêmico no país. “Aprendi muito sobre as dificuldades do setor público e da Prefeitura em particular, em especial em relação aos obstáculos impostos pela legislação que determina o funcionamento da gestão pública no país”, conta. “Porém, também aprendi como é possível fazer uma grande quantidade de projetos de alta relevância com uma equipe pequena, desde que seja qualificada e tenha apoio político para isso.”
O trabalho na São Paulo Negócios, empresa pública voltada para desenvolvimento econômico
Seu trabalho ainda passa pela peculiaridade das eleições municipais, que acontecem em outubro. O impacto, no entanto, é menor do que se imagina. “Existem coisas que se relacionam com o período eleitoral, como a necessidade de avançar ao máximo nos projetos em andamento, uma vez que existe a possibilidade de troca de gestão e neste cenário é indesejável deixar projetos inacabados, ou a troca de alguns secretários que disputarão vagas de vereador”, fala. “Mas, fora estes pontos, não há até o momento forte influência nas nossas atividades diárias.”
Relevância Graduado em Engenharia Mecânico-Aeronáutica no ITA, Marcus Ganter aplicou ao trabalho no setor público todo o poder de pensamento analítico e estruturado que aprendeu nos estudos. Empregado na Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral do Estado do Paraná, onde atua na análise de projetos de concessões de duas rodovias estaduais e na redação de documentos que compõe licitações públicas, entre outras responsabilidades, ele empolga ao descrever as razões que o levaram a escolher o programa.
“O poder de conexão das redes entre gente boa é fantástico”, resume. A rede em questão envolve também a Fundação Estudar. Quando participou do Imersão Gestão Pública, do Na Prática, Marcus fez amigos que mais tarde integraram a turma de trainees do Vetor, em 2015. Já instalados na Secretaria de Educação do Pará, pediram sua ajuda em um projeto sobre concessões e parcerias público-privadas, as chamadas PPP – o engenheiro já tinha experiência na área – e aproveitaram para recomendar-lhe o programa.
Com plano bem delineado, Marcus quer se estabelecer como gestor público e agente de transformação e já engatou um mestrado em Políticas Públicas na UFPR. “Meu objetivo de vida a longo prazo é participar do processo político, ser relevante para o país e causar impacto positivo”, fala. O mestrado e os treinamentos do Vetor, conta, são a forma de ganhar mais conhecimentos teóricos para ajudar nessa trajetória.
“O setor público tem uma dinâmica por vezes mais lenta que o setor privado, porém é muito semelhante em termos de pessoas”, lembra. “Há muita carência de bons profissionais, mas em todo lugar se encontra gente boa, capacitada, com vontade de fazer bem feito.”