Ter habilidade de identificar e gerenciar as emoções próprias e dos outros, o que caracteriza a chamada inteligência emocional (IE), são atributos valiosos para alcançar sucesso profissional. Segundo diversos estudos científicos, pessoas com altos níveis de IE são melhores empreendedores, líderes mais eficientes e têm desempenho superior no trabalho, por exemplo.
Estes resultados positivos (e muitos outros) fazem com que os especialistas recomendem que os contratantes deem mais valor à IE de um candidato, do que ao seu QI (Quociente de Inteligência). Inclusive, o best-seller de uma das maiores autoridades no assunto, Daniel Goleman, tem como título original: “Emotional Intelligence – Why It Can Matter More Than IQ?” Traduzindo para o português, “Inteligência Emocional: Por que ela pode importar mais que o QI?”
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Ainda que a IE consista, basicamente, em uma combinação “fixa” de traços de personalidade – fruto da herança genética e de experiências passadas – ela pode ser desenvolvida. Isso significa que, para melhorar a logo prazo, será necessário ter bastante disciplina e dedicação.
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Os 12 elementos da inteligência emocional
Daniel divide a IE em 12 domínios e competências principais:
- Autoconhecimento emocional
- Autocontrole emocional
- Adaptabilidade
- Orientação para realização
- Perspectiva positiva
- Empatia
- Consciência organizacional
- Influência
- Coach e mentoria
- Administração de conflitos
- Trabalho em equipe
- Liderança inspiradora
O primeiro passo para aumentar a inteligência emocional é, segundo ele, revisar mentalmente estas habilidades e perceber em quais precisa trabalhar. Se, ainda assim, não ficar claro, Daniel recomenda buscar feedback externo.
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Práticas para aumentar a inteligência emocional
Em um artigo para o Harvard Business Review, o psicólogo Tomas Chamorro-Premuzic, professor de psicologia empresarial na University College London e na Columbia University, além de associado do Laboratório de Finanças Empresariais de Harvard, recomendou cinco passos fundamentais para aumentar a inteligência emocional. Após a revisão proposta por Daniel, estas práticas podem servir para substituir comportamentos contrários à IE e, por consequência, mudar como os outros o veem.
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#1 Transformar o autoengano em autoconsciência
A personalidade, e consequentemente a IE, se molda, principalmente, com base na identidade e na reputação, explica Tomas. Para muitas pessoas existe uma disparidade entre os dois, o que pode fazer com que eles ignorem qualquer feedback negativo.
No entanto, a verdadeira autoconsciência consiste em conseguir ter uma visão realista dos próprios pontos fortes e fracos. Isso não vai acontecer sem feedback preciso, diz o psicólogo. Investir em avaliações baseadas em dados, como testes de personalidade e pesquisas de feedback é uma boa.
#2 Transformar o foco em si próprio em foco nos outros
Segundo Tomas, para quem tem níveis mais baixos de IE, é difícil visualizar as coisas pela perspectiva dos outros. Especialmente quando não há escolha certa ou errada. Desenvolver uma abordagem centrada nos outros começa com reconhecimento das forças, fraquezas e valores de cada um.
Em um contexto de trabalho, conversas frequentes com os membros da equipe levarão a um entendimento melhor de como motivar e influenciá-los.
#3 Agir de forma que torne a convivência gratificante
A convivência com pessoas que têm mais altos níveis de IE tende a ser vista como mais recompensadora. De acordo com o psicólogo, os mais “recompensadores” tendem a ser mais cooperativos, amigáveis, confiantes e altruístas.
Tomas diz que é importante garantir, sempre, um nível apropriado de contato antes de pedir ajuda ou passar uma tarefa a alguém. Além disso, procurar compartilhar conhecimento e recursos sem expectativa de reciprocidade.
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#4 Controlar “explosões”
No mundo dos negócios, não é bom mostrar frustração sempre que surge um problema inesperado, explica o psicólogo. Então, se você é uma pessoa que tem o que ele chama de “muita transparência emocional”, é melhor se moderar.
Para fazer isso, é preciso perceber que situações tendem a desencadear sentimentos negativos. Detectando seus gatilhos, “você consegue evitar situações estressantes e inibir suas reações”, diz ele.
Procure trabalhar táticas que o ajudem a se tornar consciente sobre suas emoções, em tempo real. Não só sobre a forma que as sente, também em termos de como elas estão sendo vistas pelos outros.
#5 Mostrar humildade
Em questão de carreira, a autoconfiança, em certo grau, é vista como um traço inspiracional. Porém, o psicólogo afirma que os melhores líderes são os que parecem ser humildes. Estes transmitem segurança para a equipe.
“Encontrar um equilíbrio saudável entre assertividade e modéstia, demonstrando receptividade ao feedback e capacidade de admitir os erros, é uma das tarefas mais difíceis de dominar.”
Tomas explica que, no contexto profissional, é importante esconder a arrogância – caso ela exista – e mostrar humildade. Mesmo que ela tenha de ser fingida. Algumas atitudes a se considerar: acabar com o orgulho, escolher bem as brigas e procurar oportunidades para reconhecer os outros.