No currículo de diversos empreendedores podemos encontrar passagens por grandes empresas, consultorias internacionais e trainees concorridíssimos. Mas um ponto em comum une muitos desses profissionais (mesmo que eles não coloquem isso nos currículos): a passagem por uma empresa júnior durante a graduação. E para quem deseja montar sua startup ou trabalhar em uma delas fica a dica: a rotina de trabalho é semelhante e quem contrata nessa área valoriza cada vez mais essa experiência profissional.
O conceito do que é uma empresa júnior pode ser extraído de um documento produzido pelas próprias empresas e chamado “Conceito Nacional de Empresa Júnior”. Segundo esse documento, “as empresas juniores são constituídas pela união de alunos matriculados em cursos de graduação em instituições de ensino superior, organizados em uma associação civil com o intuito de realizar projetos e serviços que contribuam para o desenvolvimento do país e de formar profissionais capacitados e comprometidos com esse objetivo”.
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Na prática, trata-se de uma empresa toda gerida pelos próprios estudantes, que prestam serviços a preços reduzidos para pequenas empresas preferencialmente, onde os mais experientes passam o que sabem para quem acaba de chegar. Assim, esses alunos entram em contato não apenas com a parte final do produto ou serviço oferecido, mas são obrigados a participar de processos internos inerentes a qualquer empresa.
Muito do sucesso atual da empresa RockContent, especializada em marketing de conteúdo, teve início nos corredores do curso de Comunicação Social da UFMG. Dois sócios da Rock, Diego Gomes e Vitor Peçanha, passaram pela CRIA UFMG Jr. “Foi bem interessante, tanto eu quanto o Vitor Peçanha, meu sócio, passamos pela empresa júnior da UFMG. O Vitor inclusive chegou a ser diretor da empresa júnior. Aprendemos muito de forma prática, diferente do conteúdo acadêmico que era ensinado na sala de aula. É uma experiência riquíssima que recomendo a todos”, avalia Diego Gomes.
O sócio concorda. “A minha passagem pela CRIA me ajudou na carreira atual pois foi minha primeira oportunidade de ser meu próprio chefe dentro de uma estrutura empresarial (mesmo que simplificada). Isso me deu a experiência inicial sobe o mundo do empreendedorismo, principalmente em relação a processos e relacionamentos com outros profissionais”, afirma Vitor Peçanha.
Se hoje a RockContent lida com gigantes do mercado, os primeiros clientes desses empreendedores surgiram na CRIA. “Meu primeiro contato com clientes reais foi através da empresa júnior. Gente de verdade com problemas de verdade. Participar desse tipo de iniciativa desperta muito o empreendedorismo, afinal se lida com clientes e problemas reais. Eu acredito muito que essa vivência desperta a vontade de montar um negócio em todo aluno universitário”, afirma Diego.
Segundo ele, as startups valorizam nos seus processos seletivos esses profissionais que passaram por uma empresa júnior. “Na empresa júnior, você aprende fazendo. É bem parecido com uma startup onde a experiência é pouca, mas a dedicação te leva a atingir seu objetivo. Por isso, na RockContent priorizamos contratações de pessoas com esse tipo de experiência. Passou por uma empresa júnior? Já tem vantagem no processo seletivo”, conclui.
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Habilidades desenvolvidas Trabalhar em uma empresa júnior ajuda a desenvolver ou a despertar diversas habilidades empreendedoras. Saber quais serão elas vai variar da área de atuação da empresa (relacionada ao curso dos alunos), dos cargos ocupados dentro delas, e do perfil de cada um.
João Batista é um exemplo disso. Ao entrar no curso de Engenharia Elétrica da UFMG, encontrou na empresa júnior uma oportunidade para expandir seus horizontes. “Por achar meu curso de graduação com uma formação muito técnica e específica busquei novos espaços onde eu pudesse exercitar habilidades multifuncionais e ao mesmo tempo pudesse me testar no desenvolvimento de diversas atividades, como liderar e decidir sentindo a pressão de uma empresa de verdade. Tenho certeza que sou um profissional muito mais qualificado por ter feito parte de uma empresa júnior do que se eu tivesse apenas seguido minha carreira acadêmica.”, conta.
Além da atuação na CPE Jr., Batista chegou a ser presidente da Federação Mineira de Empresas Juniores, o que lhe proporcionou contato com diversas áreas do conhecimento. “Ter trabalhado com pessoas de diversas áreas, de diversos cursos superiores e profissionais de grande qualidade abre portas, parcerias e novos negócios O aprendizado gerencial adquirido na empresa júnior, seja em finanças, contratos, projetos, qualidade, recursos humanos e marketing, configura-se como um pilar que me ajuda em todas minhas atividades profissionais. Já implantei metodologias de qualidade onde trabalhei, hoje estou abrindo uma empresa e a experiência que adquiri sendo gestor financeiro de uma empresa júnior muito tem me ajudado, além do aprendizado de como se trabalhar melhor em grupo”, ressalta João Batista.
Outro que passou por uma EJ (sim, essa é a sigla usada pelos próprios alunos) e que se deu bem ao criar sua startup é Gustavo Caetano, da SambaTech (empresa que oferece soluções de vídeos como educação à distância, comunicação corporativa, Tv na internet e transmissões ao vivo). Durante o curso de Publicidade e Propaganda na carioca ESPM, Gustavo adquiriu confiança para aventuras maiores no futuro. “Empresa júnior foi legal pois te dá uma primeira ideia do que é empreendedorismo. É um negócio que você tem de tocar. Comecei a usar a lógica de endosso e reputação para propagar nosso trabalho. Fiquei mais seguro de seguir nos meus negócios posteriores pois tinha passado pela empresa júnior”, afirma o empreendedor.