Em 2019, o Brasil fechou o ano com cinco novas startups unicórnios (empresas avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais). A conquista rendeu ao país o título de 3º maior criador de novas startups unicórnio, empatado com a Alemanha, de acordo com dados da plataforma Crunchbase. As primeiras posições ficaram com os Estados Unidos e a China, respectivamente.
Loggi, Gympass, Quinto Andar, Ebanx e Wildlife foram as empresas que se consolidaram como as novas startups unicórnio. E 2020 já começou também com um novo unicórnio, a Loft. A competitividade brasileira no setor tem atraído investimentos e aportes do exterior. No ano passado, foram captados cerca US$ 2,7 bilhões entre as startups brasileiras, de acordo com estudo da Distrito.
O surgimento das novas startups unicórnio
Business Partner da empresa de processamento de pagamentos EBANX, uma das novas startups unicórnicos de 2019, Beryk Salab analisa que o Brasil e América Latina têm se tornado o foco do circuito de investimentos. “O mercado está reduzindo um pouco o olhar para os Estados Unidos e a Europa, por causa das mudanças e instabilidades, e se voltando para nós. Como somos o maior país da região temos atraído muitos investidores externos, o que foi bastante positivo para a expansão dos unicórnios”, percebe.
A evolução para unicórnio contribuiu para que aumentasse a visibilidade da empresa e a possibilidade de atrair talentos. “Receber investimentos e se tornar uma das novas startups unicórnio, como aconteceu com a gente, é bom para se posicionar no mercado como uma empresa de confiança, alto potencial e com a capacidade de mudar todo o nosso ecossistema. Mas exige também muita flexibilidade, resiliência e paciência porque todo o dia você precisa se transformar e fazer diferente para se manter competitivo”, observa.
Beryk prevê que o setor ainda vai receber muitos investimentos e haverá um grande crescimento das startups brasileiras, mas que ainda é uma dificuldade encontrar mão-de-obra qualificada, principalmente no setor de tecnologia, e profissionais mais seniores.
Outros unicórnios brasileiros
Davi Miyake, diretor de operações e produto do aplicativo de transporte 99, a primeira startup unicórnio brasileira, aponta que alguns fatores contribuíram para o desenvolvimento dos unicórnios no país. “Um deles é o grande espaço para discussão sobre soluções e inovação. Além disso, vivemos um período fértil de investimento em aceleradoras e maior apoio financeiro. Depois que nos tornamos unicórnio, nosso crescimento foi notável”, credita.
Ele ainda analisa o ecossistema de startups no Brasil (e o reconhecimento das novas startups unicórnio) tem se mostrado cada vez mais sustentável e sólido e isso se deve principalmente ao amadurecimento do empreendedor e do mercado das startups. O mercado de inovação do Brasil está crescendo e tem se mostrado cada vez mais promissor”, analisa.
Presidente da Stone Pagamentos, unicórnio brasileiro avaliado em US$ 11 bilhões, Augusto Lins percebe que o Brasil tem passado por um momento de transformação. “Temos a chegada de uma nova geração de consumidores e de profissionais. Tivemos também evoluções importantes na tecnologia, o que barateou muitos processos e facilitou a abertura de empresas. Além disso, temos a questão da educação que tem melhorado e atingindo os padrões internacionais, gerando mão-de-obra qualificada”, observa.
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Para Augusto estas questões contribuíram para o crescimento e surgimento das novas startups unicórnio. “Quem vai mudar o Brasil é o empreendedor brasileiro. É ele que inova, gera emprego, faz o país crescer e produzir mais. Esse conjunto de variáveis faz com que o Brasil tenha a capacidade de construir empresas de excelência. E se tornar um nova startup unicórnio acaba sendo uma consequência, não o objetivo. Todos os empreendimentos que tiverem uma boa execução do negócio, resolvam problemas, com culturas fortes, valores claros e foco no cliente são candidatas a se tornarem os novos unicórnios”, pontua.
Diretor de estratégia e desenvolvimento corporativo do Grupo Movile, outro unicórnio já consolidado, Fabio Massuda, credita a crescência das novas startups unicórnio à grande disponibilidade de capital para investimento em empresas. “Isso gerou uma grande onda de aportes e, assim, novos unicórnios. Além disso, o empreendedorismo brasileiro está aquecido e dando sinais de maturidade, que faz com que algumas empresas atinjam esse patamar”, afirma.
O executivo percebe que um grande desafio para essas empresas é a adoção de estratégias sustentáveis a longo prazo. “Como a oportunidade no Brasil é imensa, o crescimento do setor deve perdurar por muitos e muitos anos, assim como surgimento de novas startups unicórnio. A melhoria geral da economia brasileira traz ainda mais combustível e solidez para esse crescimento. Os empreendedores devem sempre estar atentos a como equilibrar os esforços para crescer agressivamente e a atenção em desenvolver um negócio que se prove sustentável a longo prazo”, finaliza.