A história da humanidade é marcada por uma série de transformações e rupturas que mudaram a relação das pessoas com o trabalho. Domesticamos o fogo, desenvolvemos a agricultura, inventamos as máquinas a vapor e, agora, estamos adentrando uma nova era tecnológica.
Mas como essas novas tecnologias vão moldar o trabalho no futuro? Para explorar essa questão, reunimos as visões de três especialistas: Thiago Cardoso, do iFood; Ramon Martins, da TOTVS; e Caio Guimarães, da BCG. Eles participaram do evento Conexão Tech, da Fundação Estudar, que discutiu as possibilidades do mercado de tecnologia. Confira a seguir:
A evolução dos níveis de abstração e a eficiência no trabalho
Thiago Cardoso, do iFood, destaca que o trabalho humano tem evoluído através de sucessivos aumentos nos níveis de abstração. Ele exemplifica essa evolução com a transição dos cálculos manuais para as calculadoras, e, posteriormente, para as planilhas de Excel. Cada avanço tecnológico simplificou e agilizou tarefas antes complexas, permitindo que as pessoas se concentrem em atividades mais estratégicas e de maior valor agregado.
Cardoso argumenta que essa tendência continua com as tecnologias atuais, que aumentam a eficiência no trabalho. No entanto, ele salienta que algumas habilidades permanecem fundamentais. “Saber conectar problemas do mundo real às soluções é uma habilidade que fica. Saber resolver problemas vai ser importantíssimo nesse novo mundo em que o nível de produtividade aumenta com tecnologias mais avançadas”, explica. Em outras palavras, enquanto as ferramentas evoluem, a capacidade de pensar criticamente e resolver problemas de forma criativa continua a ser indispensável.
A mudança de eras e a automação total
Ramon Martins, da TOTVS, oferece uma perspectiva mais filosófica, inspirada no livro “Vai lá e faz”, de Thiago Matos. Ele questiona se estamos vivendo uma era de mudanças ou uma mudança de eras, sugerindo que estamos num ponto de inflexão histórica. Segundo Martins, estamos abandonando uma era que começou com a Revolução Industrial, caracterizada pela reprodução e cópia rápida de processos eficientes, para entrar em uma nova era focada na avaliação de hipóteses e na produção personalizada.
Martins aponta que a automação total e a democratização da inteligência artificial (IA) estão transformando radicalmente a dinâmica de trabalho. “Vivemos agora uma automação total e isso vai mexer na dinâmica de trabalho e pessoal, e isso vai nos permitir mais personalização. Com a democratização da IA, produzir vai mudar completamente”, afirma. Essa nova era requer uma abordagem multifacetada para resolver problemas, onde a personalização e a inovação são chave para o sucesso.
A interação com a IA e a valorização de novas competências
Caio Guimarães, da BCG, sublinha a rapidez das mudanças tecnológicas e o impacto da inteligência artificial generativa. Ele observa que, se este debate tivesse ocorrido dois anos atrás, as visões seriam diferentes devido ao ritmo acelerado das inovações. Guimarães destaca que a IA generativa, agora amplamente acessível, altera significativamente a maneira como interagimos com as máquinas.
Ele enfatiza que a automação moderna não é mais apenas determinística e fria, mas sim interativa e intuitiva. “A forma como a gente interage com a máquina muda a forma do que é automatizável. Agora, interagimos com a máquina e temos o insight dela, a avaliação dela, tudo na ponta dos dedos”, explica. Neste novo cenário, não basta apenas conhecer as ferramentas; é essencial saber como interagir inteligentemente com as máquinas para extrair o máximo de suas capacidades.
Assista à integra do debate:
Conclusão
A convergência das visões de Thiago Cardoso, Ramon Martins e Caio Guimarães oferece um panorama abrangente sobre como as novas tecnologias estão moldando o futuro do trabalho. À medida que avançamos para níveis mais altos de abstração e eficiência, a habilidade de resolver problemas complexos e a capacidade de interagir inteligentemente com a IA tornam-se cada vez mais cruciais. Estamos não apenas testemunhando uma era de mudanças, mas uma verdadeira mudança de eras, onde a personalização e a inovação lideram o caminho para um futuro produtivo e dinâmico.
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