Títulos não faltam. Fundadora e CEO da Thrive Global, que foca em saúde e bem estar, fundadora do The Huffington Post, uma plataforma de notícias que vendeu por mais de US$ 300 milhões, e pessoa-chave no conselho da Uber, startup avaliada em mais de US$ 60 bilhões… Arianna Huffington está, há anos, no rol dos executivos mais influentes do mundo.
Há quase uma década, ela se exauriu de tal maneira fazendo tantas coisas que desmaiou e bateu a cabeça. Seu corpo estava simplesmente cansado demais.
Desde então, vem trazendo à tona a importância de aspectos que parecem básicos, mas que são constantemente ignorados no mundo moderno. Escreveu A Terceira Medida do Sucesso, em que fala sobre uma terceira via para se sentir bem sucedido, além do poder e do dinheiro, e A Revolução do Sono, em que combate a ideia de que a privação de sono não tem consequências.
Huffington é a primeira a destacar que, mesmo para ela, as coisas não acontecem sempre da maneira que queria. Imprevistos, desastres e tragédias acontecem em sua vida do mesmo jeito que acontecem em outras.
É aí que entra a importância de desenvolver e fortalecer a resiliência, que ela explicou em um artigo publicado no LinkedIn e traduzido abaixo pelo Na Prática.
Sua inspiração para o texto partiu de um livro de outra grande executiva, Sheryl Sandberg, COO do Facebook. Trata-se de Plano B, que ela escreveu com Adam Grant e onde compartilha tanto suas percepções pessoais sobre adversidade – seu marido morreu repentinamente – quanto pesquisas sobre superação de obstáculos.
Resiliência: o plano A para quando a vida joga o plano B em sua direção
Nós vivemos, como muito se diz, uma era de transição. Ao redor do mundo, enormes mudanças estão chacoalhando milhões de vidas e absolutamente todas as indústrias. Não surpreende que essas mudanças causem dor e ansiedade.
Mas as respostas que vemos serem oferecidas em nossa conversa global frequentemente não levam em conta o fato que pessoas respondem de maneiras muito diferentes à adversidade. Algumas são soterradas por ela, outras conseguem crescer através dela.
Então o que todos nós precisamos num tempo de mudanças aceleradas não é apenas um conjunto de novas habilidades profissionais, mas habilidades de vida mais profundas – a habilidade de navegar em meio a dificuldades repentinas que mudam nossas vidas e também pelo constante fluxo de mudanças em si.
Ninguém é imune à certeza da mudança. “Não conheço ninguém que só ganhou rosas”, Sheryl Sandberg [COO do Facebook] e Adam Grant escrevem em Plano B. “Todos nós encontramos dificuldades.” Como eles também escrevem, a questão é: “Quando essas coisas acontecem, o que fazer em seguida?”
Como você responde depende de sua resiliência, que Sheryl e Dam definem de maneira apta em seu livro como “a força e a velocidade de sua resposta perante a adversidade”. E, como eles também apontam, a ciência provou que resiliência não é fixa: ela pode ser incentivada e crescer. “Não se trata de ter caráter”, escrevem. “Trata-se de fortalecer os músculos que erguem nossa coluna.”
E uma das coisas que fortalecem os músculos que erguem nossa coluna é regularmente recarregar nossas energias. Para mim, isso se tornou abundante claro quando eu estava tão completamente exausta que, na manhã de 6 de abril de 2007, eu desmaiei, bati a cabeça na mesa e despertei em uma poça de sangue.
O plano B, como ele sempre faz, tomou seu lugar. Fiquei com uma maçã do rosto quebrada e vários pontos sobre meu olho. Mas também aprendi uma lição que mudou minha vida.
Os três Ps da resiliência
Olhando em retrospecto, consegui ver claramente quantas vezes eu tinha reagido de maneira emocional aos desafios, reagido exageradamente frente às inevitáveis dificuldades da vida e vivido tempo demais num estudo de ficar-ou-fugir.
Então aprendi do jeito difícil – por que continuamos aprendendo as coisas do jeito difícil?! – que, quando recarrego minhas energias, consigo superar esses obstáculos muito mais rápido.
E todos nós podemos fazer isso, conforme escrevem Sheryl e Adam, e evitar o que o psicólogo Martin Seligman chama de “três Ps”: personalização – pensar que a culpa é nossa –, penetração – pensar que um evento afeta tudo em nossas vidas – e permanência – pensar que as dificuldades temporárias vão durar para sempre.
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Quer dizer, se sempre estivermos conectados aos nossos recursos internos de força e resiliência, podemos nos movimentar muito mais rapidamente rumo ao espaço além de nos culparmos, assumirmos que sempre nos sentiremos mal ou permitirmos que a adversidade, seja ela o que for permeia nossas vidas inteiras.
Mas as lições de resiliência não tratam apenas dos desafios grandes e dolorosos da vida, mas também dos imprevistos cotidianos que nos tiram do curso de maneira desproporcional à sua importância.
As pessoas surtam porque seus voos atrasaram ou porque alguém os cortou no trânsito. Como nos relacionamos com esses desafios pequenos diários e quão rapidamente conseguimos abraçar o plano B transformam a qualidade de nossas vidas de maneira dramática.
Como fazer a resiliência prosperar
Todos os dias temos milhares de oportunidades de nos estressar e perder a calma. Mas se tivermos tomado o cuidado de recarregar nossas reservas de resiliência – sono, respiração, colocar as coisas em perspectiva –, não perdemos.
E isso é bom, porque há tempos de crises reais: divórcios, doenças, perder um emprego ou, como é o tema do livro de Sheryl, perder um esposo. E é aí que realmente precisamos de nossa resiliência.
“A tragédia não precisa ser pessoal, penetrante ou permanente, mas a resiliência pode ser”, escrevem Sheryl e Adam. “Podemos construí-la e carregá-la conosco ao longo de nossas vidas.”
E conforme o ritmo da mudança se acelerar nos próximos anos, construir e carregar essa resiliência vai ser mais importante que nunca. E quanto mais praticarmos construir esse ‘músculo’ da resiliência em nossas vidas diárias – estarmos conscientes quando lidamos com pequenos obstáculos –, melhor posicionados estaremos para lidar com os problemas grandes.
Conforme Sheryl e Adam dizem, eles certamente virão. “A vida nunca é perfeita”, escrevem. “Todos vivemos alguma forma de plano B.”
Então assegure-se que você está escolhendo o plano A para lidar com o plano B. Priorize seu bem estar, mesmo quando acha que não precisa.
Cuide de si mesmo porque, em algum momento, todos nós inevitavelmente teremos que cuidar.
Artigo originalmente publicado no LinkedIn.
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