O relatório State of the Global Workplace 2025, divulgado pela Gallup, consultoria global reconhecida por seus estudos sobre ambiente de trabalho, revela uma realidade preocupante: apenas 21% dos trabalhadores no mundo estão engajados em seus empregos. Essa queda de dois pontos percentuais em relação ao ano anterior representa o mesmo nível de retração observado durante o auge da pandemia de COVID-19, em 2020.
Esse dado, por si só, já seria motivo de atenção. Mas a situação é ainda mais alarmante quando consideramos que o engajamento dos gerentes caiu de 30% para 27%, enquanto o dos demais colaboradores permaneceu estagnado em 18%. E como destaca a própria Gallup, 70% do engajamento de uma equipe é diretamente influenciado pela atuação do gestor.
A importância da liderança para reverter o cenário
A crise de engajamento é, essencialmente, uma crise de liderança. O relatório aponta que os gerentes estão sobrecarregados por expectativas conflitantes: de um lado, as exigências dos executivos e da transformação digital impulsionada pela inteligência artificial; de outro, os desejos dos colaboradores por mais flexibilidade, propósito e saúde mental.
Leia também: 25 líderes mulheres falam sobre poder
A pressão tem cobrado um alto preço. Os gerentes mais jovens (menos de 35 anos) tiveram uma queda de cinco pontos percentuais no engajamento; já as mulheres na liderança sofreram uma queda ainda mais expressiva: sete pontos. Isso afeta diretamente o desempenho das equipes, a produtividade organizacional e até o crescimento econômico global — a Gallup estima uma perda de US$ 438 bilhões por conta da baixa produtividade em 2024.
Caminhos para um futuro melhor: o papel estratégico do gestor
Apesar do cenário desafiador, o relatório traz esperança. A Gallup propõe três ações concretas para líderes executivos e empresas que desejam reverter essa tendência:
-
Treinamento para todos os gerentes: menos da metade dos líderes receberam capacitação formal. Fornecer formação básica pode reduzir pela metade o número de gestores ativamente desengajados.
-
Ensinar técnicas eficazes de coaching: treinamentos com foco em desenvolvimento humano podem aumentar em até 28% a performance dos líderes e em 18% o engajamento de suas equipes.
-
Investir em bem-estar gerencial contínuo: líderes que têm acesso a treinamento e recebem apoio ativo para se desenvolverem chegam a apresentar níveis de bem-estar 32% maiores.
Leia também: Saúde mental no ambiente de trabalho: o papel das empresas no bem-estar dos colaboradores
Engajamento é produtividade — e um diferencial competitivo
Quando engajados, os colaboradores são mais produtivos, vendem mais, faltam menos e constroem relações mais sólidas com clientes. No entanto, quando a liderança falha, esses benefícios evaporam. O relatório conclui com uma advertência poderosa: investir no desenvolvimento dos gestores é investir na sustentabilidade do negócio. Ignorar essa responsabilidade, por outro lado, pode comprometer o futuro de toda a organização.