Nascido na região metropolitana de São Paulo, Marcelo Marques Júnior se considera um sonhador-realizador. “Desde criança fui muito incentivado a ser assim”, ele conta. Primeiro, o sonho foi se formar em Engenharia, mas no fim do ensino médio decidiu mudar de rumo e, no final, acabou se encontrando no Direito.
Ano passado, ele foi um dos bachareis de Direito aprovados no concorrido exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), uma avaliação a que se submetem todos os egressos do curso para demonstrar que possuem capacitação, conhecimentos e práticas necessários ao exercício da advocacia. Resumindo, mostrou que estava pronto para ser um advogado.
No entanto, o caminho até aí não foi nada fácil — a seguir, Marcelo compartilha um pouco dos aprendizados que reuniu ao longo desse processo. Ele também é membro do Núcleo, comunidade alumni dos programas do Na Prática.
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Primeiros passos Nas decisões que pautaram sua carreira, Marcelo busca seguir um mantra: se for para fazer algo, que seja bem feito. “Não vale a pena viver ou fazer algo se não for para fazer o melhor possível. É perda de tempo”, explica, pragmático.
Ainda cedo, ele trocou o emprego como mecânico em uma pequena empresa para ir trabalhar na Unifai — faculdade em que, mais tarde, ingressaria e se formaria em Direito. Lá, a personalidade esforçada acabou proporcionando crescimento e visibilidade: “Durante minha passagem pela Unifai, trabalhei em diversos departamentos: comecei como auxiliar de áudio visual, fui para o setor de eventos, depois para a secretaria e cheguei a participar de comissões da instituição e a fazer reuniões com o Ministério da Educação”. Já no primeiro ano de trabalho, recebeu duas promoções.
Nesse período, trabalhava das 8h às 17h e dedicava o período noturno para os estudos. A rotina durou algum tempo, mas tinha prazo de validade: “Inspirado pelos meus colegas, percebi que se eu quisesse realizar o sonho de ter uma carreira de sucesso no Direito deveria abandonar a zona de conforto e procurar um estágio nessa área”. A perspectiva de continuar trabalhando na escola, no final das contas, pouco tinha a ver com a carreira jurídica que imaginava para si. “Tive medo, mas hoje eu vejo que foi uma das melhores decisões que tomei em minha vida”, conta.
Depois que abriu mão da estabilidade do emprego antigo, conseguiu sua primeira experiência como estagiário de Direito em um escritório na região central de São Paulo. “Lá aprendi as bases da advocacia e comecei a enxergar outras possibilidades, percebendo a importância de aplicar o que eu aprendia. Lembro inclusive que nessa época meu desempenho na faculdade aumentou muito”, explica Marcelo.
No mesmo ano, ficou sabendo de uma vaga de estágio em direito tributário em um grande escritório de advocacia, na região da Paulista. “Candidatei-me e, embora estivesse um pouco receoso por não estudar em uma faculdade de primeira linha e por não ter muita experiência com advocacia, após uma tarde de entrevistas fui contratado”, comemora. A escolha pela área tributária veio do gosto por lidar com direito público, e também pela possibilidade de trabalhar diretamente com empresas de todos os portes.
A animação com o novo trabalho veio junto do peso da cobrança por resultados: “Os primeiros meses foram difíceis, já que ainda não tinha visto na faculdade muitas das coisas que precisava colocar em prática e a cobrança por resultados era muito maior do que estava habituado”, revela.
No meio do último ano da faculdade, foi aprovado no concorrido exame da OAB. “Não é o monstro que dizem”, ele logo se adianta. “Não passei de primeira, eu reprovei na primeira prova que prestei, mas isso foi bom. Percebi que sessenta por cento ou mais está em nós, é preciso manter a calma. Os outros quarenta por cento são muito estudo e dedicação ao longo do curso. Acredito que o estudo não deveria ser visto como meio de se preparar para uma prova, mas uma cultura, uma necessidade humana”, opina Mateus.
Duas semanas após a aprovação na prova, seu supervisor saiu do escritório para assumir uma posição em outra empresa e deixou para ele um novo grande desafio: assumir toda a carteira de processos tributários que ele mantinha e, ainda, liderar outras duas estagiárias. “Esse não é o fim, é o começo”, diz Mateus.
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A seguir, veja como ele se preparou para o OAB e as dicas que ele compartilha com quem vai prestar o exame.
Como você se preparou para o exame?
Fiz uma revisão, utilizando método que um professor, e amigo, ensinou. Para a primeira fase, a estratégia é simples: procure a matéria que você tem mais afinidade e estude ela e as matérias mais próximas. Assim, escolhi o ramo do direito que mais gosto, direito público, e estudei. Dentro dessa área, eu gosto de Direito Tributário, então revisei Tributário, Administrativo e Constitucional.
E em todos os casos vale a pena revisar a Ética Jurídica, já que são dez questões na prova sobre esse tema, e que são relativamente simples de serem respondidas. Com essa tática de estudo, as chances de acertar o número necessário de questões são maiores, já que cada disciplina que você estudar tem entre quatro e seis questões.
Para a segunda fase é importante ler a legislação seca, sem comentários, e súmulas da matéria que escolheu para a prova. Além disso, peguei provas antigas e fiz diversas provas.
Usou algum material de apoio na preparação?
Comprei um livro de revisão e escutei algumas vídeo aulas que estão disponíveis na internet. Outra boa dica de material para preparação é ir em alguma revisão dos cursinhos.
Na hora da prova, teve alguma surpresa?
Não diria surpresa, mas ansiedade. Isso me prejudicou bastante na primeira prova que prestei.
Qual sua dica para quem está se preparando para o exame?
Faça todas as provas que conseguir fazer durante o curso. Caso não passe, servirá de aprendizado para a próxima e não pense que não irá perder alguns finais de semana e noites estudando. Isso é necessário e vale apena.