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Saúde mental no ambiente de trabalho: o papel das empresas no bem-estar dos colaboradores

dois homens conversam em ambiente iluminado

Se é um fato que passamos, no ambiente profissional, boa parte do nosso dia, não podemos ignorar que a rotina profissional tem um impacto significativo em nossas vidas. Muito se fala em como manter a produtividade no trabalho, mas nem sempre se questiona o quanto o bem estar emocional pode ser aliado do rendimento. 

O contrário também é verdadeiro: a pressão por um bom desempenho, somada a uma relação desgastante com gestores e pares, pode colocar tudo a perder. Nesse sentido, falar de saúde emocional – tema que, durante a pandemia de Covid-19, ficou ainda mais em evidência – significa pensar em como equilibrar esses fatores, sem deixar de lado a importância dos momentos de pausa.

Entenda como as empresas podem contribuir para promover o bem estar de seus profissionais.

Hábitos ligados à saúde mental: a importância de construir um ambiente profissional de confiança

Na busca por crescer na carreira, muita gente acaba suprimindo o autocuidado, os momentos de lazer e, em muitos casos, até mesmo as relações pessoais.  No entanto, abreviar tudo aquilo que não está ligado a trabalho – mas que é igualmente importante – pode nos desestabilizar, já que, como destaca Vinicius de Holanda e Silva, Gerente de Desenvolvimento Humano e Organizacional (DHO) da Votorantim, “todas as pessoas funcionam de forma sistêmica, de maneira que o bem estar não está associado a um único fator, mas a uma congruência e uma série de itens que fazem parte da nossa vida e da nossa rotina”.

Segundo ele, em termos pessoais, cabe a cada um compreender o que compõe essa rotina (e até onde é possível encaixar hábitos como meditação, atividade física e momentos de descanso, por exemplo), mas, por parte das empresas, uma das responsabilidades que podem ser assumidas para contribuir com a saúde mental da equipe é manter um ambiente de confiança, no qual os colaboradores “encontram espaço para poder dialogar, combinando e recombinando entregas, prazos e podendo, assim, gerenciar o próprio tempo”.

Leia também: 47% das empresas não investiram na saúde mental dos funcionários na pandemia, diz estudo

Na visão de Silva, não basta oferecer benefícios como programas de convênio com academias e plano de saúde. “Esses benefícios são um excelente apoio, mas precisam que antes venha uma cultura de acolhimento, de compreensão acerca dos cenários possíveis e de como lidar com cada um deles”, afirma. Para tanto, é a cultura da empresa que precisa estar voltada para os fins de cuidado, atuando na prevenção, na raiz do problema e enxergando a individualidade de seus profissionais, com suas conquistas e angústias próprias. 

Principais inimigos da saúde mental no trabalho

A gestão do tempo e uma espécie de “cultura voltada ao esforço” são, pela experiência do gerente de DHO da Votorantim, os principais inimigos da saúde mental no ambiente profissional. Um exemplo é quando uma pessoa se programa para buscar o filho na escola no final do expediente, ou mesmo para fazer atividade física nesse momento, mas se vê rodeada de problemas que fazem os planos caírem por terra. 

Em meio a um cenário como esse, há quase uma obrigação de que todo o tempo tenha de ser destinado, com esforço, a resolver pendências profissionais o quanto antes: tudo é para já, mas nem sempre essa pressa faz sentido. “Nos deparamos com aquele relatório urgente que foi entregue, mas que foi usado apenas uma ou duas semanas depois. Cabe, aqui, a provocação sobre o uso do tempo e, principalmente, a criação de prioridades: é claro que a produtividade é importante, mas virar noites em claro não significa estar sendo produtivo”, pontua.

“Uma pessoa com a saúde mental em dia, que se sente bem em conseguir conciliar suas atividades laborais com a sua vida pessoal, pode perfeitamente estar em dia com suas entregas. É preciso, para isto, entender o que é prioridade e o que é possível ser feito mais adiante. Essa ideia não deve ser confundida com procrastinação, mas é importante perceber que o tempo é limitado e que precisamos fazer escolhas.”

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O que a pandemia ensinou às empresas sobre saúde emocional

Segundo a pesquisa One Year of Covid, do Insituto Ipsos – encomendada pelo Fórum Econômico Mundial -, mais da metade dos brasileiros entrevistados para o levantamento (53%) declararam que sua saúde mental piorou desde o início da pandemia de Covid-19. O índice é maior que a média dos 30 países e territórios pesquisados em geral, mas as taxas são ainda mais expressivas na Turquia (61%), na Hungria (56%) e no Chile (56%).

A crise sanitária, de acordo com Vinicius de Holanda e Silva, tem ensinado às empresas sobre a urgência do tema, principalmente para se pensar em como evitar que as doenças de cunho emocional cheguem. “Com as pessoas ficando isoladas muito tempo dentro de casa, ficaram latentes as necessidades de se olhar para prevenção em saúde física e em saúde mental. Percebemos a necessidade, ainda, de maior conexão para as pessoas, criando ambientes em que elas se sentissem à vontade para falar o que estão sentindo, para trazer para fora suas angústias, de forma a sabermos como apoiar em cada caso”, diz ele. 

 

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