Em artigo publicado na Harvard Business Review, Shane Snow, conta a história de uma palestra que fez em uma empresa recém-adquirida, que havia passado de 300 para 1.400 funcionários.
Como ele mesmo afirma, mudanças rápidas como essa são difíceis para qualquer organização…
Mas quando Snow perguntou aos líderes qual era o maior desafio, ninguém o respondeu com dificuldades como “escalar a infraestrutura de tecnologia” ou “contratar pessoas qualificadas o suficiente”.
Todos estavam preocupados com os relacionamentos e a quantidade de brigas que aconteciam dentro da organização.
Havia uma “cultura de argumentação”, que começava pelo topo e, dado o tamanho crescente do grupo e a nova propriedade, o grande questionamento era se esses padrões de comportamento eram sustentáveis e produtivos.
Foi então que Snow disse a eles que discutir poderia ser uma coisa muito boa e talvez até a chave para o sucesso. Mas só se eles pudessem treinar pessoas para fazê-lo de maneira saudável.
O debate leva a melhores resultados?
Diversas pesquisas mostram que a diversidade cognitiva torna um grupo mais inteligente.
Duas cabeças são, de fato, melhores do que uma… E muitas cabeças são ainda melhores, especialmente quando todos estão dispostos a compartilhar seus conhecimentos e opiniões.
Além disso, estudos também mostram que a maioria das fusões e aquisições não falham por causa do conflito. Elas falham devido ao “silêncio organizacional” que acontece por medo do conflito.
Este é o mesmo motivo pelo qual, se você estiver procurando por sinais de que um casal está prestes a se separar, “não falar” é um indicador melhor do que “brigar muito”.
Embora ter contato com diferentes opiniões e maneiras de pensar possa ser desconfortável e, por vezes, até cansativo, a diversidade é essencial se uma equipe quer ter progressos significativos, encontrando novas soluções e inovando.
Mas para que isso de fato aconteça, o debate precisa acontecer de maneira saudável e em prol da conquista das metas do grupo.
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Muitas vezes, ao entrar em uma reunião, só queremos vencer os argumentos dos demais membros da equipe, o que até nos faz ignorar evidências que vão contra as nossas crenças originais.
É como se não estivéssemos dispostos a ouvir e nem a aprender com posicionamentos contrários aos nossos.
A boa notícia é que adotando hábitos corretos, podemos mudar essa dinâmica, fazendo com que a troca de ideias em um debate seja cada vez mais eficaz. Saiba como:
#1 Lembre-se de que todos estão no mesmo time
Quase todos os debates no trabalho podem ser enquadrados em uma dessas três categorias de objetivo:
- Persuadir as pessoas de que você está certo;
- Fazer com que você pareça ser melhor do que o seu colega de trabalho e “oponente”;
- Realmente encontrar as melhores soluções em conjunto.
É bem óbvio que apenas o terceiro nos ajuda a tirar o máximo proveito da diversidade cognitiva de um grupo, certo?
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Para orientar as pessoas nessa direção, é preciso definir o cenário iniciando a discussão com um objetivo em comum e ressaltando que todos estão na mesma equipe. Alguns lembretes importantes são:
- “Estamos aqui juntos para encontrar as melhores soluções possíveis. Somos parceiros e não adversários.”
- “Todos os pontos de vista que contribuem para a conquista desse objetivo são bem-vindos.”
- “Não há vencedor. A equipe ganha se progredirmos.”
- “Todos são participantes iguais; não há hierarquia ou peso especial dado ao ponto de vista de uma pessoa sobre o de outra.”
#2 Mantenha o foco no assunto em questão
Uma das coisas mais difíceis e cruciais para que um debate seja produtivo, é conseguir fazer com que ele se mantenha no mesmo caminho.
Quando a conversa começa a fluir, muitas vezes é natural que comecem a surgir outras discussões paralelas, que muitas vezes só desviam o foco.
Argumentos subjetivos criados a partir de percepções pessoais também podem acabar atrapalhando a construção de soluções lógicas e embasadas.
Nessas horas, os líderes precisam fazer com que o grupo relembre qual é o objetivo principal do debate.
- “O debate não é sobre quem se importa mais, quem fala mais alto, quem é mais poderoso ou quem é mais articulado.”
- “Faça a distinção entre fatos e interpretações – as histórias que as pessoas contam sobre os fatos.”
- “Se o debate mudar para outros tópicos, reconheça e reinicie.”
#3 Não torne pessoal
Muitas vezes, levamos para o pessoal questionamentos que são apenas em relação aos pontos de vista que apresentamos.
Quando isso acontece, deixamos a emoção e o ego tomarem conta, fazendo com que a nossa capacidade de reconhecer e apreciar outros pontos de vista seja comprometida.
Isso reduz muito o potencial de inovação e resolução de problemas de um time e pode ser evitado com algumas regras:
- Sem ataques pessoais;
- Evite perguntas que julguem as pessoas ao invés de suas idéias. Por exemplo, experimente trocar questionamentos do tipo “como você pode acreditar nisso?” por “o que te levou a essa conclusão?”;
- Entenda que mudar de ideia é normal e faz parte do processo;
- Recompense as pessoas por levarem o grupo adiante, em vez de estarem “certas”.
#4 Seja intelectualmente humilde
Para que um debate seja realmente produtivo, os participantes precisam estar dispostos a respeitar todos os pontos de vista e a mudar de ideia quando necessário.
É isso que os psicólogos chamam de “humildade intelectual” – uma das habilidades mais importantes que um bom líder (e debatedor produtivo) pode desenvolver.
Para conquistá-la, você deve:
- Ouvir e respeitar cada pessoa e seu ponto de vista, mesmo se você discordar;
- Não levar as coisas para o lado pessoal.
- Admitir quando perceber que está errado;
- Ter curiosidade para sempre saber mais: mesmo as ideias ruins podem ser úteis, ajudando a encontrar novas e melhores ideias.
Ao colocar essas dicas em prática, esperamos que você tenha debates mais produtivos e focados em solução!
Uma boa maneira de ter ainda mais sucesso, é compartilhando este link com o seu time de trabalho para deixar todos na mesma página.