Manter um negócio on-line requer conhecimentos específicos de acordo com cada área, objetivo e mesmo valores. Apesar disso, é possível obter boas orientações de quem já passou – ou ainda passa – por isso. Afinal, ainda que cada empreendimento tenha as suas particularidades, há muito a se aprender com a experiência de outros empreendedores.
Foi pensando nesse assunto que a Indie Hackers perguntou a fundadores e cofundadores de empresas e startups o que eles consideraram mais cruciais para administrar negócios lucrativos na Internet. Confira, abaixo, a tradução livre do Na Prática. O original, em inglês, você pode conferir aqui.
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8 habilidades para administrar um negócio online
#1 Mentalidade de “desfazer” para ver o erro como reversível
Bruno Bornsztein, fundador do InfluenceKit
“Ser empresário não é algo que você simplesmente aprende e depois faz. Na verdade, é algo que você faz e depois aprende. Portanto, em minha jornada como empreendedor, a habilidade crucial que desenvolvi é tão poderosa quanto simples. É chamado de “command + z”.
Isso mesmo: o botão desfazer. Parece chato, eu admito, mas essa habilidade é única na era digital em que vivemos, e é um superpoder secreto, porque permite que você aprenda novas habilidades que nunca poderia tentar de outra forma.
Quando eu estava no 5º ano, acabei com uma cópia do Photoshop no meu Macintosh Performa 550. Não tinha ideia de como usá-lo e não havia internet para acessar os tutoriais. Porém, visto que eu podia desfazer cada passo que tentava, nunca me senti intimidado ou com medo de explorar. Eu sabia que sempre poderia apertar “command + z”.
Imagine se, em vez disso, eu tivesse recebido uma pilha de telas em branco e uma caixa de tintas. Cada pincelada errada é um desperdício de tinta, que poderá ser difícil ou impossível de recuperar. Nesse caso, a minha curva de aprendizado teria sido muito mais lenta.
Mas a habilidade de desfazer é realmente mais do que isso: trata-se de toda uma mentalidade. Ela me ajudou a desenvolver a atitude certa para aprender coisas novas. Quando você enfrenta um desafio que nunca encontrou (o que acontece todos os dias como um empreendedor), você não pode ser prejudicado pelo medo do fracasso. Você precisa estar disposto a entrar lá, abrir as coisas, mexer em tudo e saber que sempre pode voltar ao ponto de partida e tentar novamente.”
#2 Comunicação eficiente
Jay Clouse, fundador da Upside.fm
“A comunicação é a verdadeira chave para criar expectativas conjuntas e fluxos de trabalho eficientes, bem como maximizar seu tempo. Muitas vezes, entro em reuniões e conversas com o objetivo de concluir essa conversa o mais rápido possível.
Para mim, economia de linguagem é uma coisa muito bonita. Com que rapidez podemos criar expectativas partilhadas e seguir em frente? Um ótimo exemplo de fazer isso bem é coordenar um horário para se encontrar com alguém: sugerir datas e locais ao simultaneamente já elimina o tempo de um possível vai e volta de perguntas e respostas.
Boa comunicação se resume a fazer boas perguntas. E fazer boas perguntas é algo que aprendi estudando jornalismo e entrevistando jogadores e funcionários do time de futebol Ohio State Buckeyes.”
#3 Comprometimento com o desenvolvimento de produtos orientados por princípios
Jonas Downey, fundador da Hello Weather
“Duas coisas que andam de mãos dadas: desenvolver um ponto de vista baseado em princípios e ignorar o que todo mundo está fazendo.
Descobrindo seus próprios princípios e opiniões com antecedência torna muito mais fácil decidir tudo depois disso. Você terá uma noção mais clara do que construir, quando construir e como falar sobre isso. Além disso, também terá uma base sólida para medir as decisões – o que é crucial, pois como um pequeno time que está começando, você terá um milhão de decisões a tomar!
Depois disso, você pode seguir seu próprio caminho, sem se preocupar com o que os concorrentes estão fazendo. Claro, é sempre bom saber o que está acontecendo lá fora, mas essa informação não deve ter muito efeito sobre o que você está fazendo.
Aprendemos isso quando descobrimos nossas ideias para o Hello Weather. Estávamos entrando em um mercado com mais de dez mil aplicativos existentes, alguns dos quais pertencentes e apoiados por enormes corporações meteorológicas profissionais. Como novatos no mercado, não havia chance de igualarmos isso. Focamos no nosso ponto de vista único: construir algo extremamente útil, legível, textual, sem confusão e truques.
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E então, tudo o que fizemos depois disso seguiu o exemplo. Selecionamos cuidadosamente nossa user interface (IU), para que fosse imediatamente compreensível, mas rica em informações. Não incluímos anúncios, pois eles não eram compatíveis com nossos valores essenciais – o que significava que tínhamos que encontrar outra maneira de ganhar dinheiro e sustentar o negócio. E assim por diante.
Isso funcionou muito bem para nós. Não somos o maior aplicativo e não queremos ser. Estamos fazendo exatamente o que queremos, em nosso próprio cronograma, e é por isso que ainda gostamos de fazer isso.”
#4 Olhar atento para relações de negócios promissoras
Rosie Sherry, fundadora do Ministry of Testing (MoT)
“Quando o seu negócio é pequeno, é difícil imaginar um futuro em que outras pessoas o ajudem a crescer. Pode parecer um sonho impossível. No entanto, as relações de trabalho são muito importantes para o seu crescimento pessoal e corporativo.
Quando eu estava desenvolvendo o Ministry of Testing (MoT), estava sempre em busca de pessoas que pudessem me ajudar a crescer como pessoa; que tivessem uma crença real em meu trabalho, juntamente com o potencial de trabalhar comigo com comprometimento.
Não significa que acabei trabalhando com todas essas pessoas, mas o simples ato de pesquisar me levou a relacionamentos mais fortes e novas oportunidades – que tornaram muito mais fácil, por exemplo, contratar pessoas quando eu estava pronto para isso.”
#5 Disposição para contratar rápido e demitir ainda mais rápido
Josue Gio, fundador do GuruHotel
“Se seus recursos são limitados – e sempre são –, você precisa contratar rapidamente. Porém, se esses funcionários não cumprirem com o esperado, você precisará despedi-los ainda mais rapidamente do que contratou. O recurso escasso em uma startup é dinheiro, e dinheiro, tempo. Portanto, se você está perdendo tempo com uma má contratação, está desperdiçando dinheiro.
Como fundador, é sempre difícil demitir pessoas. Acho que é uma das coisas mais difíceis de fazer em uma empresa. Mas você precisa fazer isso se quiser prevalecer e, em última instância, salvar mais empregos.”
#6 Capacidade de se “reformar” constantemente
Channing Allen, cofundador da Indie Hackers
“A maioria das pessoas empreendedoras tem um olho aguçado para os problemas “lá fora”, mas estou convencido de que não aplicamos essa lente corretiva a nós mesmos em uma taxa maior do que o normal. A continuidade comportamental parece ser a regra e não a exceção: todos nós internalizamos uma narrativa de quem somos e como fazemos as coisas, e temos dificuldade em revisar a narrativa em tempo real.
Porém, isso não combina com a administração de uma pequena empresa. Você simplesmente tem que usar muitos chapéus e, inevitavelmente, alguns cabem melhor na sua cabeça do que outros. Minha identidade narrativa pessoal nos primeiros dias de Indie Hackers era bastante limitada. Eu era um escritor de palavras e códigos, um desenvolvedor web aceitável e um bom ‘criador de coisas’. Mas eu também precisava ser um estrategista, recrutador, gerente e muito mais.
A mudança era inevitável. ‘Pessoas empreendedoras’ podem se safar simplesmente contando o que há de errado no mundo, contudo os fundadores precisam ser capazes de dizer o que está errado em si próprios. Para mim, isso significou desmontar tudo em componentes e reconstruir a partir daí. ‘Narrativar’ passivamente a mim mesmo foi o principal mau hábito a quebrar. Deixei de ser ‘um escritor que sabe codificar’ ou ‘um programador que sabe gerenciar’ e me transformei em ‘uma cabeça que pode se encaixar em qualquer chapéu’.
Na prática, isso significa que ao invés de me perguntar ‘como faço isso que não gosto de fazer?’, eu reformulo para ‘como posso me tornar o tipo de pessoa que gosta de fazer isso?’.”
#7 Negociação e Teoria dos Jogos
Miguel Fuentes Buchholtz, fundador do Variacode
“Enquanto estava desenvolvendo e expandindo meus negócios, tive que fazer acordos com investidores, cofundadores, contratados, funcionários, clientes, entre outros. E há muitas variáveis a levar em consideração durante uma negociação – além da posição de sua contraparte e seu estado mental: você também deve levar em conta sentimentos pessoais e as consequências ao longo prazo.
Ao fechar um negócio, por exemplo, caso seu cliente for afetado negativamente por um defeito no produto, você será o responsável. Você também terá problemas se não negociar um resultado justo para ambas as partes (se for muito agressivo, eles ficarão ressentidos com você e, se for muito flexível, podem se aproveitar).
Saber como negociar corretamente me trouxe vários novos fluxos de receita e aumentou os existentes. Eu diria que a melhor maneira de evoluir é praticando, mas ajuda muito ter um mentor ou uma rede de amigos empreendedores para avaliar as situações juntos e ter conselhos específicos.”
#8 Escrever
Sabba Keynejad, cofundador do Veed.io
“Aprendi muitas habilidades novas nos últimos dois anos, desde que comecei a Veed, mas escrever é a que mais me orgulho.
Escrever é uma segunda natureza para muitas pessoas, porém, para mim, é extremamente difícil de aprender. Sou disléxico, então nunca fui bom em escrever ou ler. Não passei no exame de inglês do ensino médio até entrar na faculdade – e, mesmo assim, só depois de três tentativas dolorosas.
Contudo, nos últimos dois anos, tenho lido e escrito muito mais por necessidade. E agora, os artigos que escrevi foram lidos por dezenas de milhares de pessoas, com muitos leitores dizendo o quanto gostaram deles. É muito gratificante.”