O desenvolvimento da liderança é essencial para a competitividade global e a sustentabilidade empresarial. Não à toa, multiplicam-se as teorias, cursos, receitas para se tornar um bom gestor. Em geral, todas essas ferramentas se baseiam em aprimorar basicamente duas frentes: as competências do executivo (ou habilidades comportamentais que ele tem) e suas áreas de conhecimento, fundamentais para que toque bem o negócio. Do ponto de vista comportamental, concentrar-se apenas nas competências faz com que se despreze o papel fundamental que os recursos psicológicos de cada um desempenham na hora de exercer a liderança – especialmente no ambiente de negócios atual, que tem um ritmo acelerado e é cheio de incertezas.
O Center for Creative Leadership (Centro de Liderança Criativa), CLL, uma consultoria internacional especializada no desenvolvimento de executivos, tem se dedicado ao estudo do tal capital psicológico. Atualmente, a empresa investiga as melhores formas de enfrentar os desafios no ambiente de trabalho, a partir do desenvolvimento de recursos psicológicos como resiliência e otimismo. Esse trabalho agora é parte integrante do tradicional treinamento de lideranças desenvolvido pela consultoria.
No mês passado, o CLL lançou um levantamento que relaciona o resultado de pesquisas científicas sobre liderança ao desenvolvimento dos aspectos psicológicos do profissional. No estudo, é ressaltado que o capital psicológico não é o mesmo que os traços psicológicos, como extroversão ou capacidade cognitiva, comumente pesquisados em testes de perfis comportamentais, conduzidos por psicólogos. O capital psicológico é mais que uma característica natural. Trata-se de um conjunto de habilidades que, com treinamento e atenção, podem se desenvolver e ampliar a capacidade de avaliação e de ação dos gestores. Sua importância e eficácia, diz a pesquisa, fica clara em momentos em que o profissional precisa lidar com situações difíceis.
Leia também: Cargo a cargo, quais as habilidades necessárias para crescer na carreira?
De acordo com o estudo, o desenvolvimento do capital psicológico está associado a um menor absenteísmo no ambiente de trabalho, a um comportamento menos cínico dos funcionários em relação à empresa, a intenções de parar de fumar, a uma maior satisfação profissional e ao comprometimento com o que produz.Funcionários com o capital psicológico mais desenvolvido tendem, segundo o levantamento, a se tornar mais fortes emocionalmente do que aqueles com menos desenvolvimento. Também foi constatada uma relação entre o treinamento do capital psicológico, a ocupação de cargos melhores nas companhias e a iniciativa de apoiar colegas e subordinados, o que, consequentemente, significa melhorar a capacidade de se relacionar – algo tão valorizado atualmente pela diversidade de culturas, gerações, gêneros, entre outras, que convivem no ambiente profissional.
Embora cada empresa tenha suas peculiaridades, o estudo chama a atenção para quatro elementos universais, presentes em qualquer contexto de liderança. “Sempre haverá bloqueios, interrupções e desvios”, diz o artigo. “Os recursos psicológicos fornecem a energia interna necessária para atender às demandas de um ambiente em mudança.
A seguir, os quatro elementos do capital psicológico que, segundo o CLL, podem ajudar os gestores em qualquer contexto profissional. É um bom começo para desenvolver seu capital psicológico.
1. Eficácia: Trata-se da confiança para assumir tarefas desafiadoras e da disposição de aplicar o esforço necessário para concluí-las com sucesso.
2. Resiliência: A capacidade de se recuperar de problemas ou adversidades, em alguns casos com potencial traumático, e ainda usar a oportunidade para amadurecer e melhorar seu desempenho.
3. Esperança: É a habilidade de perseverar e redefinir caminhos em direção a seus objetivos, mesmo quando os fatores externos não são animadores. Com esperança, um profissional enxerga o sucesso como uma soma de força de vontade e energia para agir.
4. Otimismo: Fazer avaliações positivas sobre o futuro tende a fortalecer um gestor – claro, se ele não tirar o pé da realidade em sua visão e assumir a responsabilidade da parte que lhe cabe para concretizar a previsão.
Este artigo foi originalmente publicado em Época Negócios