Muito se fala sobre a importância de boas lideranças para o sucesso de um negócio e o desenvolvimento de boas equipes. Mas afinal, o quê é preciso para ser líder? Esse é um questionamento de muitos executivos e pesquisadores. O diretor da multinacional de gestão Accenture Robert Thomas e o professor de gerenciamento da Universidade do Sul da Califórnia Warren Bennis são exemplos de pessoas que buscam entender a questão.
Em artigo da Harvard Business Review, a dupla questiona o por quê de algumas pessoas parecerem naturalmente confiantes, leais e trabalhadoras, enquanto outras se atrapalham, mesmo tendo visão e inteligência. De acordo com suas pesquisas, a maneira como cada um lida com adversidades está diretamente ligada com suas habilidades de liderança.
Indicadores de liderança
Segundo os pesquisadores, um dos determinantes mais confiáveis sobre o que é preciso para ser líder verdadeiramente é a capacidade de um indivíduo encontrar significado em eventos negativos e aprender mesmo nas circunstâncias mais difíceis. Em outras palavras, os líderes extraordinários são aqueles com as habilidades necessárias para vencer as adversidades e emergir mais fortes e comprometidos.
Depois de entrevistar intensamente mais de 40 dos principais líderes empresariais, Thomas e Bennis descobriram que todos, independente da idade, passaram por experiências intensas, muitas vezes traumáticas e sempre não planejadas, que os transformaram e inspiraram suas habilidades de liderança distintas, moldando também suas percepção sobre o que é preciso para ser líder.
A dupla nomeou essas experiências que moldam os líderes de “cadinhos”, em homenagem aos recipientes usados por alquimistas medievais para transformar metais comuns em ouro. Para os entrevistados, as experiências com “cadinhos” foram um teste, um ponto de profunda auto-reflexão que os forçou a questionar quem eles eram e o que importava para eles, segundo a percepção dos pesquisadores. Esses momentos exigiram que eles examinassem seus valores, questionassem suas suposições, aprimorassem seu julgamento. Consequentemente, eles saíram dessas experiências mais fortes e mais seguros de si e de seus propósitos.
Os “cadinhos” e o que é preciso para ser líder
Thomas e Bennis definem os cadinhos como experiências transformadoras nas quais um indivíduo chega a um novo ou diferente sentido de identidade. A partir disso, eles começam a delimitar melhor o que é preciso para ser líder e apontam que um dos tipos mais comuns de cadinhos documentados envolve a experiência do preconceito.
“Ser vítima de preconceito é particularmente traumático, porque força um indivíduo a enfrentar uma imagem distorcida de si mesmo, e muitas vezes gera sentimentos profundos de raiva, perplexidade e até retração. Apesar de todo o trauma, a experiência do preconceito é, para alguns, um evento esclarecedor. Por meio dele, eles obtêm uma visão mais clara de quem são, do papel que desempenham e de seu lugar no mundo”, escrevem.
Outros cadinhos frequentes envolvem episódios de doenças ou violência. Mas eles ressaltam que nem todas as experiências de cadinhos são traumáticas. Eles exemplificam casos com chefes e mentores exigentes, o que oferece uma experiência desafiadora mas positiva. A partir dos dados levantados, os pesquisadores afirmam que quatro habilidades essenciais que respondem o que é preciso para ser líder:
#1 Capacidade de engajar outros rumo a objetivo em comum
#2 Voz distinta e convincente
#3 Senso de integridade (incluindo um forte conjunto de valores).
#4 Capacidade adaptativa
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A última habilidade é apontada como a mais relevante e é uma forma de criatividade aplicada para superar adversidades e tudo que as acompanham. Essa capacidade se desdobra em duas competências: capacidade de entender o contexto e resistência. Thomas e Bennis finalizam apontando que esses atributos permitem que as pessoas cresçam de seus cadinhos, em vez de serem destruídas por eles, tomando para si as competências necessárias e desenvolvendo o que é preciso para ser líder.