Desenvolver o protótipo de uma asa de avião mais aerodinâmica, criar inovação em produtos na Finlândia e trabalhar no Centro Aeroespacial da Alemanha são algumas das conquistas do estudante de engenharia mecânica Paulo Fisch. Ele é membro do Líderes Estudar, rede de alto impacto da Fundação Estudar. Inclusive, o programa Líderes Estudar está com as inscrições abertas para sua edição de 2020! Além de acesso à rede, oferece bolsas de estudo, mentoria e outras oportunidades de desenvolvimento.
Ao longo de fevereiro, o Na Prática trará uma série de trajetórias-inspiração de talentos de tecnologia para ficar de olho. Cursando o último ano de engenharia mecânica na Universidade de São Paulo, ele já desenvolveu projetos de alto impacto pelo mundo e se destaca pela sua dedicação à área. Conheça sua trajetória!
Desenvolvendo-se como talento de tecnologia
O estudante de engenharia mecânica conta que desde pequeno sempre teve muito interesse em descobrir as coisas. Com um pai engenheiro e uma mãe arquiteta, não faltaram inspirações e estímulo para seguir o caminho da tecnologia. “Quando eu era criança, gostava muito de criar e fazer engenhocas. Eu lembro de fazer paraquedas para bonecos de soldado e ficava jogando os brinquedos de um mezanino para ver qual era o melhor paraquedas. Gostava também muito de máquinas, de tudo que se mexia, e isso foi crescendo em mim”, recorda.
O interesse do jovem pela tecnologia foi crescendo e ele começou a se dedicar mais a projetos na área. “Quando eu estava no ensino médio, divulgaram no meu colégio que estavam buscando projetos para a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace). Na época, eu tinha uma fascinação por aviões e jogava golfe. Meu pai me deu um livro sobre projetos de aeronaves. Tudo isso me inspirou a comparar a aerodinâmica da bola de golfe com o que acontece na asa de um avião”, explica.
A ideia rendeu a Paulo Fisch o primeiro lugar na categoria de engenharia.”Nessa época, eu já tinha decidido que queria ser engenheiro. Me interessei principalmente pela área de aeronáutica e aerodinâmica. Comecei a cursar engenharia mecânica na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Lá, eu fiz dois projetos de iniciação científica, um deles foi fazendo a análise computacional da aerodinâmica de pontes e o outro vendo a aerodinâmica de um caminhonete”, compartilha.
Ainda no primeiro ano da graduação, ele foi selecionado para fazer parte da rede de Líderes Estudar. “Isso foi de extrema importância para o meu desenvolvimento. Eu tive muita sorte de entrar no começo da faculdade. Ter acesso à essa rede, às mentorias e conhecer pessoas que já haviam passado pelo o que eu estava tentando fazer ou que estavam dispostas a me dar oportunidades, facilitando meus projetos, teve um papel muito grande da minha vida”, revela.
De São Paulo para o mundo
No segundo ano da faculdade, Paulo entrou em um projeto focado em inovação e design thinking em parceira com uma universidade da Finlândia. “Eu fui para lá duas vezes e a gente desenvolveu uma lareira de pedra sabão que era controlada por celular e você podia colocar na parede. Comecei a ter mais contato também com a questão do empreendedorismo. Depois, eu passei um ano na Alemanha estudando engenharia aeroespacial na Rwth Aachen, que é a maior universidade tecnológica da Alemanha. Trabalhei no Centro Aeroespacial Alemão e foi uma época de muito aprendizado”, garante.
O projeto desenvolvido na Alemanha, que consiste em analisar o fluxo térmico de um avião hipersônico, virou também parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Paulo. A iniciativa foi aceita para ser apresentada na Conferência da Agência Aeroespacial Europeia, que será realizada em abril deste ano. Atualmente, o estudante de engenharia mecânica está no Brasil terminando seus estudos. “Eu estou bastante animado com tudo que está acontecendo. Quero seguir carreira com foco em engenharia aeroespacial, pretendo fazer uma pós-graduação na área e, posteriormente, abrir a minha própria empresa”, relata.
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Para Paulo, a maior diferença entre a produção tecnológica que existe no Brasil e no exterior é o incentivo das organizações e a visão sobre a tecnologia. “Os brasileiros realmente são bem capacitados, mas a maneira que as instituições funcionam faz com que elas não fomentem muito bem esse potencial. Isso acaba criando um êxodo de cérebros, o que dificulta a contratação de bons profissionais no Brasil. Na Alemanha, por exemplo, era muito mais fácil ter acesso à infraestrutura necessária para desenvolver os projetos. Mas o pessoal daqui muitas vezes possui qualificações extras que não aparecem lá fora”, avalia.
O estudante de engenharia mecânica também percebe que os estrangeiros olham para a tecnologia com o potencial de transformação social, enquanto os brasileiros acreditam que seja pesquisa por pesquisa. “O que também é algo muito nobre, mas ter essa visão do potencial de transformação tanto para a sociedade como economicamente é um grande diferencial. É uma questão muito cultural. Falta estrutura para fomentar mais casos de sucesso em relação a trabalhos com tecnologia”, aponta.
O que é preciso para ser bem-sucedido na área de tecnologia?
Para Paulo, a primeira coisa que quem quer trabalhar na área de tecnologia precisa ter é curiosidade. “Precisa ser uma pessoa extremamente curiosa porque as descobertas das tecnologias vem de pessoas que se perguntam: o que acontece se eu fizer X? Ou se eu misturar V e Y, o que dá?. As competências de matemática e de conhecimento você adquire. Mas a essência mais importante de quem mexe com tecnologia é ser curioso, não ter medo de experimentar e ser determinado”, define.
Uma habilidade essencial para quem quer trabalhar na área é falar um segundo idioma. “Principalmente o inglês porque quase toda a literatura científica hoje exige que você saiba inglês. No meu caso, o alemão também foi importante mas, quanto mais línguas você falar, mais portas você irá abrir no seu caminho. O que percebi muito nas minhas experiências é que as empresas não se importam muito com de onde você vem, mas com o que você sabe fazer. Se você tiver uma capacidade ou uma qualidade que interessa, que vai agregar valor, eles não vão pensar duas vezes em te contratar, contanto que você se destaque no que faça”, observa.
Ele também aponta que existe um leque muito grande de áreas que podem ser trabalhadas, cada uma com suas especificidades. Tratando-se de carreira em tecnologia, o estudante analisa que desenvolver projetos é uma estratégia essencial para que portas sejam abertas. “O protótipo que eu fiz no ensino médio me deu muitas outras oportunidades e foi o que começou a solidificar a paixão que eu tinha por máquinas e me fez perceber que eu poderia ser um agente transformador”, finaliza.