O desafio de inovar junto ao governo

geradores de energia eólica

Formado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Alessandro Gardemann teve uma passagem intensa pelo mercado financeiro antes de se tornar sócio-fundador da Geo Energética. Aqui, ele conta como uma parceria de inovação com o governo pode ser complicada, porém compensadora:

Foram vários obstáculos até que a GEO Energética desenvolvesse uma tecnologia única e inovadora para geração de biogás energético renovável em larga escala. Não tínhamos conhecimento de linhas de financiamento disponíveis e as pesquisas na área eram muito iniciantes. Foram mais de dez anos investindo em pesquisas e produção de biogás – tudo com recursos próprios. Uma aposta arriscada, em um sonho que, na época, ainda era embrionário.

O primeiro financiamento em linhas de inovação para a primeira planta de demonstração veio anos depois, por intermédio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Mais tarde, em 2013, já estruturados e com o trabalho reconhecido, fomos procurados pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) para alçar voos mais altos. O biogás produzido pela GEO Energética é resultado da reciclagem de resíduos orgânicos do setor sucroenergético, maior setor em movimento financeiro e econômico do agronegócio brasileiro. A ideia era ampliar as pesquisas contribuindo com tecnologia nacional para que o biogás tivesse uma participação efetiva e significativa na matriz energética brasileira.

Definir os focos de atuação das pesquisas de todo esse potencial, no entanto, não foi fácil. Isso porque era necessário antecipar a viabilidade de implantação e antever soluções para os próximos três ou quatro anos. Apesar de flexível, a linha de financiamento obtida pela GEO é parte de um processo sistemático e lento, que demandou (e ainda demanda) empenho no cumprimento das numerosas regras e garantias exigidas. A fiança bancária, por exemplo, dificulta a obtenção do financiamento na medida em que restringe as chances de empresas que muitas vezes não têm acesso a linhas de crédito – uma das garantias requeridas. Para incentivar o empreendedorismo, a Finep poderia adequar essas obrigações à realidade atual, diminuindo essas exigências.

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Pelo período de quatro anos estipulado pela Finep, demos início às novas pesquisas em sete diferentes eixos. A execução do plano de trabalho nos traz grandes aprendizados diariamente, tanto pelas dificuldades em evoluir as pesquisas quanto pela necessidade de apresentar os diversos relatórios técnicos exigidos com consistência e qualidade. Durante a elaboração do extenso planejamento e também em seu desenvolvimento, percebemos vários outros obstáculos. Mesmo assim, isso nos permitiu criar uma relação de confiança mútua e alcançar transparência nessa trajetória.

Nosso propósito, ao final desse processo, é consolidar essa tecnologia como 100% nacional, desenvolvida por pesquisadores e cientistas brasileiros, que vai possibilitar a criação de sistemas de produção de energia com base em biogás totalmente adaptado às necessidades e à realidade do Brasil.

Este artigo foi originalmente publicado em Endeavor

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