Em algum momento da vida, as pessoas costumam tomar atitudes que vão na direção contrária aos seus interesses. Seja por meio de palavras, omissão ou procrastinação, todo mundo é suscetível, e eventualmente pratica, a autossabotagem. O psicólogo organizacional Igor Barros afirma que a autossabotagem é um hábito do ser humano.
“Muitas vezes, as pessoas inconscientemente começam a pensar que não são capazes e desenvolver comportamentos que deixam seus planos apenas no mundo das ideias. A autossabotagem acontece no momento que elas começam a se burlar para que que não aconteça algo para elas”, explica.
Especialista em desenvolvimento humano, Israel Augusto complementa que a autossabotagem pode acontecer de forma consciente ou inconsciente. “Na maioria das vezes, ela é inconsciente porque grande parte das nossas ações diárias também são. Existem pesquisas que mostram que o nosso cérebro age em modo automático entre 90% e 95% do tempo. A nossa forma de agir e de pensar está automatizada e o nosso cérebro acaba criando esses padrões de pensamento e de comportamentos para diversas situações e estímulos”, esclarece.
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A dupla garante que todos os indivíduos, eventualmente, se autossabotam, em maior ou menor grau e dependendo da situação. Exemplificando formas de autossabotagem no trabalho, Igor Barros indica que o processo está ligado ao medo e à autocobrança. “O profissional começa a se cobrar, mas ao mesmo tempo não sabe como chegar onde quer. Então, ele entra em um ciclo doentio de não conseguir ser igual ao que desejava ser. Algumas pessoas apresentam burnout, que é o estresse elevado. Outro caso muito comum são as crises de ansiedade, relacionadas a pessoas com bloqueio de evolução”, aponta.
O psicólogo ressalta que as pessoas costumam ligar à autossabotagem no trabalho a alguma forma de bloqueio, mas nem sempre é isso que ocorre.
“Uma das formas mais comuns de autossabotagem, que as pessoas não percebem, é ter uma cobrança de resultados muito elevados, se forçar a entregar algo, ser diferente ou fazer mais. A autossabotagem começa silenciosamente, mas pode apresentar sintomas físicos como palpitações, sudorese, dificuldades de dormir e até sensações de pânico”, destaca.
O processo de autossabotagem geralmente é fundamentado em uma crença, conforme explica Israel. “Vem de algo que eu acredito que é verdade. São pensamentos recorrentes e padrões de pensamentos instalados em mim, que geralmente são fortes. Nosso crítico interior tem muito impacto nisso. Todos nós temos medo de alguma coisa e é essa emoção que nos faz adquirir comportamentos sabotadores”, revela.
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As relações interpessoais dentro do trabalho sofrem grandes impactos por conta da autossabotagem. “Muitas pessoas são demitidas ou não apresentam alta performance por questões de inteligência emocional e comportamental. Elas podem enxergar colegas como impedimentos na carreira ou competidores mais qualificados e agir na base do medo. Isso inclusive pode levar alguém a tentar prejudicar o outro, não por má índole, mas por esse receio”, aponta Israel. A autossabotagem no trabalho também atrapalha a felicidade do indivíduo, que leva a prejuízos na carreira e no desenvolvimento pessoal.
Formas de driblar a autossabotagem
#1 Mantenha relacionamentos assertivos com os colegas:
Se você é capaz de conversar com os pares, entender a realidades de situações e fatos relacionados a elas provavelmente não irá recorrer a comportamentos precipitados que podem ser sabotadores. Os especialistas afirmam que, além da realidade, existe a interpretação individual de cada um, por isso é essencial manter relações francas e baseadas em fatos.
#2 Pratique o autoconhecimento:
Para sair do ciclo de autossabotagem, o primeiro passo é tomar consciência dessa ação ou omissão. Se conhecer melhor é uma ação que depende de você e potencializa o processo de mudança. Com o autoconhecimento, é possível desligar o piloto automático e questionar padrões, habilidades, crenças e valores.
#3 Peça feedback:
Pessoas do seu convívio pessoal podem ter uma percepção melhor da sabotagem de colegas e isso pode ser transmitido com feedbacks efetivos.
#4 Transforme os hábitos sabotadores:
Se você já identificou situações em que costuma se sabotar, pode traçar um plano ou fazer um planejamento para aprender a construir um novo hábito que seja mais positivo e alinhado com seus objetivos.
Os especialistas apontam que os líderes tem um papel fundamental em impedir que seus colaboradores perpetuem atitudes autossabotadoras. Isso pode ser feito por meio do feedback, da valorização de competências socioemocionais (como a inteligência emocional), ajudar a inserir palavras e hábitos positivos, da motivação e acompanhamento das equipes
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