Muitas vezes, um hobby pode ajudar a decidir a carreira a seguir. Se é algo que se faz com prazer por lazer, pode ser uma boa pedida orientar também esforços profissionais nessa direção. De um outro ponto de vista, manter sua dedicação a essa atividade paralela oferece benefícios além da distração e do relaxamento.
“Quando estou pedalando é um momento onde consigo me concentrar e refletir sobre a vida, sobre problemas diários, sobre oportunidades e principalmente em como ser melhor”, afirma Bruno Simão, sócio da consultoria estratégica global Boston Consulting Group. Embora não seja o óbvio, para ele, a sensação de cansaço e esforço físico contribuem para que ele filtre com eficiência seus pensamentos e consiga refletir sobre coisas importantes.
De início, Simão conta que a dinâmica competitiva, o aperfeiçoamento e a possibilidade de presenciar os resultados fomentaram sua inclinação para os esportes. Mas, tendo uma paixão pelo basquete, viu-se na posição de encontrar outra alternativa quando conciliar a agenda dos amigos provou-se cada vez mais difícil. “Busquei no ciclismo um esporte onde eu pudesse ter superação individual e me conectar com ao mesmo tempo com a natureza e com a tecnologia, mas que também tivesse um aspecto social e coletivo”, conta.
O que é preciso para tirar o máximo de um hobby
O sócio tem no esporte uma “válvula de escape”, onde esvazia a cabeça e consegue se concentrar, mas qualquer hobby pode ser benéfico. Contanto, porém, que haja comprometimento em relação a ele. “Sem dedicação é muito difícil ter esse retorno”, diz Simão.
“Se eu não tivesse uma rotina de pedalar frequentemente nunca teria o preparo físico que me permitiria aproveitar o exercício (e até poder pensar em quanto pratico) e estaria sempre lutando para conseguir respirar e vencer o cansaço.” Não que o tempo torne pedalar mais fácil, explica ele, – “no ciclismo é comum o ditado que diz ‘que nunca fica mais fácil, você passa a ir mais rápido'” – mas é a superação que traz grandes resultados.
Essa é a recompensa, a evolução gradual que se dá em vários pontos relevantes e relacionados ao hobby. Os efeitos podem influenciar em diversos pontos da vida, inclusive na carreira. Seja por aumentar a coordenação motora, a capacidade de concentração, calma em momentos de pressão, etc. Depende do hobby em questão, por isso, é interessante pesar esses pontos na hora de se decidir.
Execute com mais eficiência e tenha mais tempo livre para fazer o que gosta com o Produtividade Na Prática
Dica para a hora de escolher
O primeiro critério, segundo Simão, deve ser gostar da atividade, regra que vale também para a a hora de escolher a profissão. “Aquela visão antiga de ‘vou jogar golfe para fazer contatos’, não faz nenhum sentido se você odiar jogar golfe”, brinca ele. Se o intuito é que os benefícios extrapolem para o âmbito profissional, o que acontecerá imperativamente (a diferença é em que grau), alinhe as duas escolhas.
“Faça uma reflexão interna, sobre o que você gosta, o que te faz feliz, o que você gostaria de se desenvolver e cruze isso com atividades que você possa gostar”, afirma o sócio do BCG. Ele, por sua vez, queria uma atividade física que pudesse praticar independentemente, que lhe permitisse superação, exigisse concentração e ajudasse-o a refletir.
Com base no que buscava, uma série de alternativas poderiam se encaixar em sua rotina, como corrida e vela. A primeira tem um impacto negativo em seu joelho e a segunda é menos prática do ponto de vista logístico, por isso foram descartadas. Resultado: o ciclismo mostrou ser a melhor opção para o profissional.
Uma atividade sem erro
“Um hobby que considero vantajoso e quase que mandatório do ponto de vista de desenvolvimento é a leitura”, destaca o sócio do BCG. “Além do lazer, proporciona acesso a conhecimentos que impulsionam a sua carreira, te desenvolvem em uma série de capacitações e te atualiza sobre o mundo.”
Não é à toa que é uma das práticas adotadas por pessoas bem-sucedidas como Bill Gates e Warren Buffett. O magnata cofundador da Microsoft tem na leitura um de seus hábitos mais conhecidos pelo público e divulga regularmente em seu site livros que leu e gostou. E o terceiro homem mais rico do mundo, Buffett, que é CEO da multinacional Berkshire Hathaway, afirma gastar cerca de 80% do seu dia lendo.
Mas isso não quer dizer que a leitura é o único hobby que oferece vantagens para o desenvolvimento. Para Simão, qualquer um pode ser benéfico, desde que feito com dedicação. “O importante não é qual o hobby mas sim o que você aprende com ele”, afirma.