No início da vida profissional, a principal preocupação costuma ser a colocação no mercado – como fazer um bom currículo e se sair bem em entrevistas? Por isso, outros aspectos são deixados de lado, inclusive quando se consegue a vaga. Assim como tratamos em outra matéria, é importante fazer uma avaliação do fit entre a cultura do lugar e seu perfil profissional, por exemplo.
Outro fator que pode ser negligenciado é o salário. Você sabe quais cobranças recaem sobre ele? Ou avaliar se uma proposta é justa? O Na Prática conversou com Jailon Giacomelli, planejador financeiro e diretor de operações da Par Mais, empresa de investimentos, sobre o que deve ser ponderado sobre a remuneração. Confira suas três dicas sobre salário e planejamento.
De olho nas despesas implícitas
Se o contrato é CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) – com carteira assinada -, existem alguns descontos que são responsabilidade do empregado. O especialista cita o imposto de renda retido na fonte (IRRF) e 11% do INSS. Eles são cobrados em cima do salário “bruto”, que é o valor cheio recebido.
“Além disso, em alguns casos pode haver desconto de parte do vale transporte, de um plano de previdência patrocinado pela empresa. Por isso, é importante saber qual o valor líquido [após os descontos] do seu salário e adequar seu padrão de vida para caber neste valor”, diz Jailon.
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Ainda de acordo com o planejador financeiro, um dos erros comuns é se organizar considerando como entrada fixa o valor bruto e não o líquido. Para Jailon:
“É importante ter certeza de que o salário líquido inicial cobrirá suas contas mensais, assim não será necessário preocupar-se com aumentos no curto prazo e será possível focar em fazer um ótimo trabalho para ser reconhecido posteriormente.”
Também vale a pena entender desde o princípio se a organização oferece oportunidade de crescimento, aconselha o planejador.
Quando se trata de um contrato Pessoa Jurídica (PJ), os cálculos são diferentes porque não há desconto sobre o salário. Esse regime apenas estipula o pagamento de uma taxa mensal que varia para comércio e indústria ou serviços.
Os benefícios compensam?
O contrato CLT garante o pagamento de benefícios – como vale transporte e alimentação – por parte do contratante. Segundo Jailon, na maior parte das vezes esses benefícios compensam um salário mais baixo, pois são isentos de imposto de renda e INSS. Ou seja: são remunerações em que não se incide desconto.
Para comparar propostas de trabalho que tenham ganhos com valores diferentes – o especialista indica “calcular o salário líquido em ambos os casos e somar o valor benefícios”.
Planejamento: o quanto antes, melhor
Um exercício que ajuda a equilibrar as finanças é montar um orçamento de despesas mensais e acompanhar o valor das rendas e despesas, explica o planejador financeiro. “Fazer isso desde o primeiro salário é bastante saudável, pois você criará o hábito de controlar suas finanças”, completa.
Outro ponto que Jailon recomenda que os jovens se atentem é em ter uma reserva para utilizar em situações inesperadas. Nunca é cedo para começar a guardar e a prática garantirá tranquilidade em momentos delicados da carreira.