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Como um paranaense criou a Pipefy, startup presente em mais de 140 países

Pipefy

Planilhas esquecidas, e-mails perdidos, informações duplicadas ou desencontradas e aquele sistema de acompanhamento que você sempre esquece de preencher. Parece familiar? Foi essa sensação de frustração com o que havia no mercado para gestão de processos que fizeram Alessio Alionço desenhar a Pipefy, uma plataforma que ele mesmo gostaria de utilizar em seus negócios. 

Em idos de 2013, ele esboçou a ideia e pediu feedback direto da fonte: consultou 40 clientes em potencial, donos de negócios de pequeno e médio porte, com entre cinco e 100 funcionários.

A resposta foi entusiasmada: se aquela plataforma realmente existisse, eles pagariam. Dezessete empresas inclusive adquiriram o serviço mesmo antes de ver o protótipo funcionando. Ou seja, a ideia tinha tração.

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A evolução da Pipefy

Prestes a completa quatro anos, a Pipefy hoje oferece seu software – uma plataforma online e customizável de gestão de processos que funciona por meio de cards e checklists – para cerca de 15 mil companhias em mais de 140 países, incluindo Accenture, Telefônica, Visa, Volvo e GE.

Após ter conquistado uma vaga na aceleradora americana 500 Startups e entrado em contato com investidores estrangeiros, a startup montou um escritório no Vale do Silício, o pólo de inovação mundial.

A sede segue sendo em Curitiba, cidade em que Alessio estudou Administração na Universidade Federal do Paraná e onde pode aproveitar o fato de que batalha pelos melhores talentos – algo crucial quando o negócio está crescendo bastante – é muito menos feroz no Brasil que nos EUA.

Leia também: Entenda como o “Vale do Silício brasileiro” surgiu em Minas Gerais

Início

“Sempre quis empreender, desde criança”, começa o fundador e CEO da Pipefy.

Ao entrar na faculdade, Alessio resolveu colocar a vontade em prática através da JR Consultoria UFPR, empresa júnior na qual trabalhou por três anos.

“Pude acompanhar de perto a realidade de dezenas de empreendedores que atendíamos com as consultorias. Isso fez com que meu sonho se tornasse bem mais tangível – e descobri que não era tão difícil como eu imaginava.”

Além da convivência cotidiana com empreendedores, Alessio também encontrou apoio e inspiração para empreender no conteúdo gratuito oferecido pela Endeavor, que ele indica para qualquer um que tenha interesse no assunto.

“Passei várias noites assistindo aos vídeos disponíveis na biblioteca virtual e também li Como Fazer uma Empresa Dar Certo Num País Incerto, de Abílio Diniz”, fala.

“Esses conteúdos me influenciaram muito e me ajudaram a escolher empreender em vez de entrar em algum programa de trainee, como praticamente todos os meus colegas de faculdade fizeram.”


Capa de livro indicado pelo CEO da Pipefy
[Indicação de leitura de Alessio Alionço]

Por que a Pipefy quer ser global?

Após uma passagem por outra consultoria, onde trabalhou com fusões & aquisições e turnarounds de empresas, começou sua carreira como empreendedor durante seu último ano universitário ao criar a acessozero, sua startup de marketplace de serviços vendida para o Apontador.com quatro anos depois, em 2012.

Após a venda, Alessio começou a planejar a Pipefy sonhando grande. “Nascemos com o objetivo de ser líder mundial no nosso segmento e nos preparados para isso desde o primeiro dia”, diz.

Literalmente desde o primeiro dia, vale dizer. Em um texto publicado no Medium, Alessio explica que, mais do que vontade de crescer, a escolha se deu por um motivo estratégico: focar apenas no mercado interno poderia simplesmente condenar a empreitada.

Escritório da Pipefy[O escritório da Pipefy em Curitiba]

Uma startup bem estruturada e com dinheiro para investir pode muito bem vir do exterior para atuar no Brasil, como tantas já fizeram, e eliminar ou pelo menos dificultar muito a vida das startups locais.

Posicionar-se como um negócio pronto para fazer o mesmo – sair do Brasil para o mundo e focar em soluções globais e de qualidade –, explica Alessio, é um jeito de enfrentar esse perigo.

“De todos os seus apps instalados, quantos são nacionais? Dos top 10 aplicativos que você mais usa, quantos são nacionais? Deu pra sentir o tamanho do estrago?”, escreveu. “Quem tiver mais competência e acesso a capital para se tornar o player global será o grande vencedor.”

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O sonho de criar uma gigante brasileira

Não é segredo que o Brasil ainda tenha muitos pontos de melhoria quando se trata de incentivar e auxiliar o empreendedorismo nacional.

Isso não significa que o país, que abriga quase um quinto das aceleradoras de startups do mundo, esteja parado quando se trata de empreendedorismo.

Um levantamento recente mostra que as startups já existem aos milhares e atuam em segmentos diversos, como web apps, educação, saúde, finanças (conhecidas como fintechs), agronegócio (agritechs) e direito (legaltechs).

Seus planos de negócios também são variados e vão de business-to-business (B2B) e business-to-consumer (B2C) a assinaturas e marketplace, entre outros.

Abaixo, veja o que Pedro Passos, cofundador da Natura, considera ser o perfil de um empreendedor de sucesso:

Ciente das dificuldades que experimenta em primeira mão, Alessio acredita que é preciso internalizar a ideia de que é possível, sim, começar algo grande aqui e se tornar líder.

“Escalar e ser um negócio global é, antes de tudo, uma questão de ambição e vontade”, afirma. “Os brasileiros deveriam parar de tanto se criticar, criticar a política e tantos outros problemas e começar a foca em criar valor de classe mundial através da nossa criatividade, design e capacidade de colaboração.”

Sua vontade é que a Pipefy se torne um dos primeiros cases de uma gigante de tecnologia de origem brasileira – e não só porque foi preciso para sobreviver.

“Nosso legado será a quantidade de empregos que iremos gerar e a influência sobre outras empresas que ainda estão por nascer.”

Leia também: Um raio-x das startups brasileiras: como estão distribuídas e em que áreas atuam

Planos futuros para a Pipefy

Hoje à frente de uma companhia com cerca de 60 funcionários, o CEO da Pipefy também defende a importância da buscar apoio e mentoria.

“A mentoria atua como um atalho para chegar ao resultado que você quer ou precisa. Para quê cometer erros e tomar decisões ruins se você pode aprender com a experiência de outros?”

Além de mentorar outros empreendedores e compartilhar conhecimentos através de posts sobre o assunto (este trata da busca por investidores, por exemplo), Alessio recorre com frequência aos seus próprios mentores, como amigos que têm seus próprios negócios e investidores.

Entre os jovens que auxilia, uma das angústias mais frequentes é a crença de que empreender é muito difícil. É algo que ele quer (muito) desmistificar.

“É mais uma barreira psicológica do que de fato real”, afirma. “A melhor fase para empreender é quando você ainda é novo e não tem família para sustentar ou carreira para arriscar. Se tudo der errado, você tem uma história para contar. Não se deixe ser dominado pelo medo da incerteza.”

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Abaixo, o empresário Marcel Telles fala sobre a maior limitação de carreira que existe:

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