Cenário de ‘Meu ano em Oxford’, Universidade cresceu ao abrigar estudantes expulsos

Visão panorâmica de um dos prédios da Universidade de Oxford, na Inglaterra
Crédito: Universidade de Oxford

Por trás da narrativa romântica do filme Meu Ano em Oxford, disponível na Netflix, a universidade tem uma história muito mais longa e cheia de detalhes fascinantes. No filme, Anna, uma estudante americana, finalmente realiza seu sonho de estudar na aclamada universidade, e se apaixona por Jamie, um professor local.

Oxford, localizada na Inglaterra, é uma das instituições de ensino superior mais antigas e respeitadas do mundo, com mais de 900 anos de existência. A seguir, listo cinco curiosidades interessantes sobre a universidade, baseadas em fatos históricos e acadêmicos.

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1. Origem e Fundação: sem uma data exata

Ao contrário do que muitos pensam, a Universidade de Oxford não tem uma data oficial de fundação. Sua origem é difusa, pois foi se formando gradualmente a partir de um conjunto de escolas e centros de estudo que começaram a funcionar no século 12. Registros indicam que já em 1096 existia ensino formal na cidade, mas não há uma ata ou documento que determine o momento exato da fundação.

O que se sabe é que a universidade começou a ganhar importância no século 12, principalmente depois que estudantes e professores ingleses foram proibidos pelo então rei Henrique II de frequentar a Universidade de Paris, então o principal centro acadêmico da época, após uma disputa com o arcebispo Thomas Becket por causa do poder da Igreja Católica no país à época.

Já outra rivalidade marca até hoje a Universidade de Oxford: com a Universidade de Cambridge, também na Inglaterra. Essa disputa surgiu no final do século XII, quando um grupo de estudiosos de Oxford fugiu para Cambridge após um conflito violento com os moradores locais de Oxford. Foi essa disputa também que deu origem às primeiras residências universitárias, que serviam justamente para proteger estudantes e professores e sempre tinham um “mestre” designado.

A origem desse conflito estaria ligada a um incidente em que dois estudiosos de Oxford foram enforcados pelos habitantes da cidade sem julgamento prévio, depois da morte misteriosa de uma moradora. Temendo pela própria segurança, alguns acadêmicos buscaram abrigo em Cambridge.

2. Sistema de faculdades: autonomia e tradição

Uma característica marcante de Oxford é seu sistema colegial. A universidade é composta por 39 faculdades e 6 permanent private halls, que funcionam quase como pequenas universidades dentro da universidade. Cada faculdade tem autonomia administrativa, financeira e acadêmica, podendo administrar seus próprios cursos, alojamentos e atividades sociais.

Essa estrutura diferenciada é uma das razões para o modelo de ensino tutorial, em que os alunos têm encontros individuais ou em grupos muito pequenos com professores, promovendo um aprendizado muito focado. Esse sistema tem raízes medievais e é considerado um dos maiores diferenciais da universidade.

As faculdades de Oxford estão espalhadas por toda a cidade. Por conta do tamanho da cidade e do porte da instituição, a cidade de Oxford reúne a população mais jovem de toda a Inglaterra: um quarto dos moradores da cidade são alunos universitários.

3. Biblioteca Bodleiana: um dos maiores acervos da Europa

A Biblioteca Bodleiana é a principal biblioteca da Universidade de Oxford e uma das mais antigas da Europa. Fundada em 1602 graças à doação do colecionador Thomas Bodley, a biblioteca abriga mais de 13 milhões de volumes hoje, incluindo manuscritos raros, mapas, jornais e documentos históricos.

O acervo é um dos maiores do mundo, com obras em vários idiomas e de várias áreas do conhecimento. Para entrar na Bodleiana, os estudantes precisam fazer uma espécie de juramento, comprometendo-se a cuidar dos livros e não removê-los indevidamente. É um local de grande importância para pesquisas acadêmicas em todo o planeta.

Entre os livros que a biblioteca guarda estão um exemplar da primeira edição de “Dom Quixote”, publicada no século 17, uma das cópias completas da Bíblia impressa por Gutenberg (considerado o criador da imprensa),  partituras assinadas por Beethoven e Mozart e alguns manuscritos de autores e pensadores celebrados na cultura ocidental, como Franz Kafka, Homero, Platão, Sófocles, Jane Austen e J. R. R. Tolkien – que foi também aluno de Oxford.

4. Contribuições científicas e acadêmicas notáveis

Oxford é reconhecida mundialmente pelas suas contribuições em diversas áreas do conhecimento, como medicina, física, literatura e política. Alguns exemplos:

  • Penicilina: em 1941, a Universidade de Oxford teve papel fundamental na produção em larga escala da penicilina, o primeiro antibiótico eficaz, o que revolucionou a medicina e salvou milhões de vidas.

  • DNA: Francis Crick, que ajudou a descobrir a estrutura do DNA, trabalhou em Oxford em algumas fases da sua carreira.

  • Física: Stephen Hawking estudou em Oxford, onde começou sua formação, antes de se transferir para Cambridge.

  • Prêmios Nobel: até hoje, mais de 70 pessoas ligadas a Oxford receberam o Prêmio Nobel em áreas como química, física, literatura e economia.

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Essas contribuições mostram o papel da universidade não apenas como centro de ensino, mas também como polo de pesquisa científica e inovação.

5. Tradicionalismo e modernidade convivem

Ao longo de sua história, a Universidade de Oxford formou personalidades que deixaram marcas profundas na literatura, na política e até na realeza.

No universo literário, alguns dos mais reconhecidos escritores estudaram em Oxford. Entre eles estão J. R. R. Tolkien, autor de O Senhor dos Anéis; Lewis Carroll, criador de Alice no País das Maravilhas; e Oscar Wilde, autor de O Retrato de Dorian Gray.

No campo político, a universidade formou diversos líderes mundiais. Entre os britânicos, destacam-se primeiros-ministros como Margaret Thatcher, Tony Blair e Boris Johnson.

Fora do Reino Unido, passaram por Oxford figuras como Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos, e Indira Gandhi, primeira-ministra da Índia. Até mesmo monarcas, como o Rei Haroldo V da Noruega, estiveram entre seus alunos. O mundo das artes e do entretenimento também tem seus representantes oxfordianos, como os atores Hugh Grant, Rosamund Pike e Emma Watson, que estudou literatura inglesa na instituição.

5. Maioria de alunos internacionais

Aliás, outro fato curioso é que estudantes do Reino Unido estão longe de ser maioria em Oxford atualmente. Com quase 27 mil alunos no final de 2024, a maior nacionalidade em número de alunos era justamente a estado-unidense, assim como a da protagonista de “Meu ano em Oxford”. Assim como a China, que ocupa o segundo lugar geral, Os Estados Unidos eram o país natal de mais de 2 mil estudantes de Oxford. Bem atrás, em terceiro lugar, vinha a Alemanha, com 630 estudantes.

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